O mercado brasileiro reagiu dezenas de anos contra o câmbio automático, que ganhou fama (não sem razão) de difícil manutenção, preço elevado dos componentes (importados) e aumento de consumo.
Na década de 90, com a volta da importação, os carros automáticos mais modernos foram derrubando o tabu e o motorista começou a perceber sua vantagem, principalmente seu conforto e praticidade no trânsito urbano sempre engarrafado, que exige um constante aperta e solta o pedal da embreagem.
“Mãozinha” e “pezinho”
Mas o custo do automático limitava sua aplicação, restrita a automóveis maiores e mais sofisticados. A eletrônica trouxe uma solução para eliminar o pedal de embreagem de modelos compactos e mais baratos: o câmbio automatizado.
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A caixa é exatamente igual à manual, porém controlada por um computador que “percebe” as necessidades de mudanças das marchas e aciona, hidraulicamente ou eletricamente, braços que acionam a embreagem e a alavanca de marchas. Como se fossem uma “mãozinha” e um “pezinho” escondidos.
O câmbio automatizado (ou robotizado) custa menos que o automático, é mais leve e reduz o consumo de combustível, pois não tem o conversor de torque que substitui a embreagem nos automáticos. Porém foi derrubado por uma desvantagem: a mudança de marchas não se faz de forma confortável (ou macia), mas aos “soluços”. Ou trancos….
O sistema ganhou, no Brasil, nomes diversos: Dualogic na Fiat, I-Motion na VW, Easytronic na GM (logo apelidado de “Easytranco”) e Easy´R na Renault.
A Ford optou por outro sistema, bem mais caro e sofisticado, chamado Powershift, com duas embreagens e de funcionamento tão suave quanto o automático. Mas, um erro de projeto provocou vazamento de óleo e dor de cabeça para usuários, concessionários e fábrica, no mundo inteiro.
Logo apelidado de “powershit” (shit, merda em inglês), a marca decidiu abandoná-lo. Solução semelhante existe no grupo Volkswagen, que o chama de DSG (embreagem dupla, em alemão) mas apenas aplicado em veículos mais sofisticados. Marcas asiáticas também utilizam o sistema da dupla embreagem, sem problemas.
Quem ficou com automatizado?
Com a reação negativa do mercado e o custo decrescente do automático convencional (a japonesa Aisin, da Toyota, produz atualmente dezenas de milhões de unidades anualmente), os modelos brasileiros, mesmo os mais baratos, passaram a oferecer esta opção. VW, Fiat, Ford, GM e Renault abandonaram o automatizado. Hyundai, Kia e Toyota jamais o utilizaram.
O Powershift da Ford está hoje apenas nos modelos em fim de linha da marca: Fiesta e Focus. Mas não no Ka, lançado com o automático . Na Fiat, apenas o Mobi, com uma versão um pouco melhorada do Dualogic, chamada GSR, ainda tem essa opção. Apesar do pomposo e sonoro nome em inglês (Gear Smart Ride) e da escolha de marchas por botões no console, os trancos só arrefeceram um pouco…
Os recém-lançados Argo e Cronos também mantem o GSR nas versões 1.3, mas migrou para o automático nas demais. Na Volkswagen, só up! e Fox contam com o I-Motion, todos os outros já adotaram o automático.
Vale a pena comprar um usado automatizado?
E os usados? Continuam rodando no Brasil milhares de carros com o automatizado. Problema para comprar um deles? Há registro de reclamações contra defeitos em todos eles, nada grave, em geral. Um test-drive pode ser suficiente para se perceber algum problema de funcionamento, além do tranquinho de sempre.
Exceção do Powershift, muito problemático e que obriga o dono a levá-lo sucessivas vezes à oficina. Na compra de um usado da marca, é conveniente verificar se conta com a garantia estendida concedida pela fábrica para Fiesta, Ecosport e Focus.
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