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Ledo engano: aditivos fazem mal, sim!

Tantas são as ofertas, que o motorista se sente tentado a experimentar um aditivo. E pensa que, se não ajuda, mal não faz...

Boris Feldman

11 de mai, 2020 · 6 minutos de leitura.

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Borra no motor é consequência do adiamento da troca de óleo do motor
Crédito: Borra no motor é consequência do adiamento da troca de óleo do motor (Divulgação)

Não faltam empresas que se aproveitam da falta de conhecimento técnico do dono do carro para vender produtos e serviços desnecessários. Pior que isso, prejudiciais. Entre eles, aditivos, líquidos e dispositivos “especiais”.

Marqueteiros associados a “técnicos” passam a vida desenvolvendo produtos que “comprovadamente” economizam, ou tornam seu carro mais potente, durável, bonito , econômico e resistente. Imaginam os mais variados  malabarismos pseudo-tecnológicos para enfiar a mão sem nenhum pudor no bolso do motorista.

E tome aditivo para aumentar a octanagem e a potência do motor, reduzir o atrito e o consumo e prolongar sua vida útil. Mas a “empurroterapia” não se restringe ao motor nem se limita a aditivos, mas também a vários outros produtos, alguns quase milagrosos: tem o que limpa mais limpo o para-brisa, outro que aumenta o brilho da pintura, mais um que estabiliza a pressão do pneu e até o que transforma água em combustível.

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O óleo do motor é uma das vítimas preferidas destes picaretas. As fábricas do automóvel e do óleo afirmam que seus engenheiros desenvolveram em conjunto o produto mais adequado e correto para a lubrificação do motor, com todos os aditivos necessários para minimizar atrito e temperatura, maximizar performance e durabilidade.

Mas não faltam dezenas de outras empresas afirmando que seus aditivos “deixam no chinelo” os utilizados na formulação original do óleo. Tem um aí com suficiente cara-de-pau de declarar ser capaz de um verdadeiro milagre, o de restaurar locais desgastados de componentes internos do motor. Fosse verdade, as retíficas poderiam fechar suas portas…

Mesmo deixando os “milagrosos” de lado, engenheiro especializado em lubrificantes alerta: colocar no óleo do motor um outro aditivo pode ser prejudicial, pois ele poderia “não conversar” com os que integram o óleo originalmente. E provocar uma reação química capaz de prejudicar sua capacidade lubrificante. E nem uma “DR” (*) poderia contornar o problema.


Alguns aditivos são necessário

Mas problema do aditivo é que alguns são realmente necessários. No radiador, por exemplo, onde no passado se usava apenas água, hoje é necessário adicionar etilenoglicol, na base de 50/50. Então, completar com “água do radiador” ficou ultrapassado: agora é “líquido do sistema de refrigeração”.

Para a gasolina, são dezenas as opções de aditivos no mercado, prometendo mundos e fundos. Maior desempenho e durabilidade, menor consumo e emissões, funcionamento mais “redondo” do motor e outros quetais.

Voltamos então ao problema do aditivo realmente necessário, o que pode deixar o motorista em dúvida: se ele prefere abastecer com gasolina comum (e não com a aditivada), é realmente importante o uso do aditivo do tipo detergente/dispersante para evitar a formação de depósitos carboníferos na câmara de combustão.


Mas aí vem a pi-ca-re-ta-gem de sempre, os famosos aditivos do tipo booster formulados com os mais bizarros componentes químicos. Aliás, alguns contribuem de fato para melhor desempenho do motor, pois oxigenam a gasolina. Mas, só fora do Brasil, onde ela não contenha 27% de álcool.

Mal não fazem? Ledo engano, fazem sim!

A NGK abriu recentemente alguns motores com problemas de funcionamento, para descobrir que a causa da combustão irregular eram as velas danificadas. Os eletrodos encontravam-se completamente oxidados e cobertos por uma estranha camada vermelha. Pesquisa daqui, examina dali, descobre-se que a tal camada que as danificou era óxido de ferro.

E qual a origem deste óxido ferroso?


A NGK pesquisa daqui, examina dali e descobre ser um componente utilizado com frequência em aditivos da gasolina. Os tais que prometem mundos e fundos e que, além de não contribuírem em nada, ainda prejudicam o funcionamento do motor e o bolso do freguês.

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