Blog do Boris

Salão: China atropela os EUA em plena Semana Santa

China lidera vendas e lançamentos. Mas, se a Landwind ainda copia a Land Rover, a Chery fura finalmente o bloqueio europeu aos chineses

Boris Feldman

29 de abr, 2019 · 6 minutos de leitura.

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Não adianta o Trump espernear contra a China: na Semana Santa, o mundo do automóvel era sempre focado em Nova York, que abriga anualmente uma das mais importantes exposições do setor.

Era, pois este ano teve seu brilho meio apagado pelos chineses com o Auto Shangai (ou Salão de Xangai) na mesma semana. E que só perdeu para o dos EUA na duração, pois o norte-americano abre durante dez dias (19 a 28 de abril) e o chinês apenas oito (18 a 25/04).

Além de sua área gigantesca (360 mil m²), exatamente quatro vezes maior que a de Nova York (90 mil m²), o mercado chinês atrai os principais fabricantes pois é o maior do mundo: vendeu 28 milhões de carros em 2018 contra 17 milhões nos EUA.

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Nada demais para um país com 1,7 bilhão de habitantes. Em termos de importância, os estandes na China apresentaram mais novidades, não somente para o mercado doméstico mas para a maioria dos demais países, Brasil entre eles.

Alguns lançamentos que interessam nosso mercado marcaram presença em Nova York: o Nissan Versa completamente reestilizado e um utilitário esportivo da Hyundai menor que o nosso Creta, o Venue. Que tem tudo para ser lançado no Brasil pois tem exatamente a mesma plataforma que o HB20.

Curiosamente, o picape conceito da VW apresentado no Salão de São Paulo (Tarok) estava na exposição norte-americana, sugerindo exportação para os EUA. Alguns modelos quase específicos para o mercado local e alguns conceitos também presentes. Mas, marcas importantes como BMW e Volvo sequer deram as caras por lá.


Enquanto isso, o Auto Shangai era um festival de lançamentos que interessavam os principais mercados do mundo. A GM, por exemplo, exibia os novos SUV Tracker e o Prisma (chamado lá de Onix sedã), ambos com passaportes já carimbados para o Brasil. No estande da Mercedes, a première mundial do GLB, utilitário compacto entre GLA e GLC, primeiro com três filas de bancos da marca.

A Volkswagen aproveitou para transformar o Jetta numa nova marca, específica para o mercado chinês. Modelos mais simples e baratos, porém com a mesma plataforma mundial da VW.

A Hyundai exibiu lá um SUV compacto, o iX 25, um Creta reestilizado. A Chery esnobou várias novidades, a maioria pronta para desembarcar no Brasil: Arizzo 6 (segmento Civic/Corolla) e o Tiggo 8 (sete lugares) entre os que deverão ser produzidos em Jacareí e Anápolis pela CAOA. A chinesa Geely  (dona da Volvo, sócia da Mercedes) aproveitou o salão para lançar uma nova marca, mais sofisticada, a Geometry.


Elétricos, muitos elétricos em Xangai, pois a China é responsável, sozinha, por metade de suas vendas mundiais. Até a Aston Martin levou um superesportivo “All Electric”. A BYD esnobava um esportivo elétrico com design assinado por Wofgang Egger, ex-Audi. A Renault exibia um Kwid eletrificado e reestilizado chamado lá de City K-ZE.

E inúmeras marcas chinesas desconhecidas no resto do mundo com modelos inovativos do tipo utilitários, superesportivos, minivans ou com formatos indefiníveis, quase todos elétricos.

A indústria da China superou, de maneira geral, a má fama de ter muitos de seus modelos xerocados de outras marcas. Mas ainda existem algumas como a Landwind que ficou tristemente famosa pela cara de pau em copiar modelos da Land Rover. Proibida judicialmente dessa prática desaforada, mudou da Inglaterra para a Alemanha e apresentou um SUV que é a cara do Mercedes GLA…

Em compensação, a Chery (que tem a Caoa como parceira no Brasil) comemora o início das vendas de seus elétricos para a Noruega, único país que vende mais elétricos que que motores a combustão. Um contrato com um significado especial, pois representa o fim de um antigo bloqueio dos europeus aos carros chineses.

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