A Renault foi pioneira no segmento de picapes intermediárias no Brasil com a Oroch. O modelo chegou no fim de 2015 e, portanto, antes da Fiat Toro, que reina absoluta como líder de vendas desde sua estreia, em 2016. Agora, o modelo derivado do SUV Duster e feito no Paraná ganha novo fôlego. Na linha 2023 (veja vídeo abaixo), traz visual atualizado, recursos eletrônicos modernos e opção de conjunto mecânico mais eficiente. Ou seja, são boas credenciais para encarar também a nova Chevrolet Montana, que estreia em 2023.
Agora, há três versões disponíveis. A Pro, voltada ao trabalho, tem preço sugerido de R$ 105.800 e a Intense, intermediária, parte de R$ 111.300. Para ambas, o motor é o 1.6 SCe flexível que gera potência de 120 cv e torque de 16,2 mkgf. O câmbio é manual de seis marchas. A opção de topo, Outsider, sai a R$ 137.100. Ela traz o 1.3 TCe flexível com turbo e injeção direta de combustível, que entrega até 170 cv e 27,5 mkgf a partir das 1.750 rpm. Nesse caso, a transmissão é automática CVT e simula oito velocidades.
Na carroceria, as novidades são restritas a detalhes, como retoques na grade, faróis e lanternas. Já a cabine traz várias atualizações. A Renault redesenhou todo o painel da Oroch, com inspiração no novo Duster. Além disso, há elementos comuns ao SUV Captur. É o caso do quadro de instrumentos com o velocímetro digital ao centro. Seja como for, a picape tem detalhes exclusivos, caso do friso laranja que decora o topo do painel.
Oroch traz novo multimídia da Renault
Lançada como linha 2023, a Oroch foi escolhida para estrear a nova central multimídia da Renault. A tela é flutuante e fica no topo do painel. Ou seja, diferentemente, portanto, do sistema do Duster, que tem a tela centralizada. Outra novidade é a conexão sem fio com as interfaces Android Auto e Apple Carplay. Da mesma forma, há navegador GPS e o Eco Coaching, que ajuda a reduzir o consumo de combustível.
Mais que as mudanças no visual, a Renault Oroch tem nova proposta. Até a linha de produção é outra. Agora, a picape é feita na ala de comerciais leves da fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. Dessa forma, há maior capacidade de produção. Com isso, o modelo quer ser uma “pedra no caminho” da Toro. Inclusive, a empresa quer disputar vendas até mesmo com a Fiat Strada, que lidera as vendas do segmento total de picapes do País.
Nesse sentido, a versão Pro é destinada ao trabalho e foca as vendas diretas. Mais acima, vem a primeira opção para o, digamos, o consumidor comum. Trata-se da Intense, nome conhecido na linha da marca. As duas utilizam o motor 1.6 SCe flexível, que gera 120 cv de potência e 16,2 mkgf de torque.
Novo conjunto mecânico
Para ambas, o câmbio é manual de seis marchas. Ou seja, isso resolve o velho problema da transmissão de quatro marchas, que sobreviveu mais do que deveria. Mas a novidade mais importante é a oferta do motor 1.3 TCe turbo flexível com injeção direta de combustível. O quatro-cilindros entrega até 170 cv de potência e 27,5 mkgf de torque a partir das 1.750 rpm.
Nesse caso, o câmbio é automático do tipo CVT, de relações continuamente variáveis, que simula oito marchas. Na disputa com a Toro, a Oroch perde pontos por não oferecer versão a diesel e tração 4×4. Esses itens estão presentes na rival. Entretanto, a picape da Renault leva a melhor em aspectos como a suspensão traseira do tipo Multilink e o ângulo de entrada de 27,5º, melhor que o da Fiat.
Primeiras impressões
Avaliamos a versão de topo da linha, Outsider, a única com o motor 1.3 TCe. Com há muito vigor em giros baixos, a picape arranca com vontade. De acordo com dados da marca, a Oroch acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos. Além disso, a velocidade máxima é de 190 km/h.
Ou seja, o desempenho é o ponto forte da versão de topo da nova picape, embora o câmbio CVT limite as respostas do motor. Não há borboletas no volante para trocas manuais de marcha, o que melhoria o desempenho. Então, o jeito é dosar a pressão do pé no pedal do acelerador. Em compensação, no trânsito urbano a picape vai bem e se destaca pelo conforto.
Segundo a Renault, a Oroch Outsider pode rodara 7,4 km na cidade e 7,8 km na estrada com um litro de etanol. Com gasolina, as médias são de 10,5 km/l e 11 km/l, respectivamente. Entre os equipamentos de série, há sistema start&stop de série, bem como ESP. Chama a atenção o sistema anti-capotamento RMI, que monitora a inclinação da carroceria.
Um dos pontos negativos é a falta de recursos semiautônomos de condução, que são cada vez mais comuns. A Toro, por exemplo, traz assistente de permanência em faixa de rolagem e frenagem automática de emergência. Além disso, a Oroch traz elementos datados, como o comando satélite do som atrás do volante. A assistência eletro-hidráulica deixa a direção mais pesada que a do Duster.
Projeto antigo, motor novo
Parte das limitações da Renault Oroch tem a ver com o projeto. Ela utiliza o chassi do Duster da primeira geração. Não por acaso, na linha 2023 o visual mudou discretamente. As laterais, por exemplo, continuam marcadas pelas caixas de roda que formam grandes culotes. Atrás, a única novidade são as lentes escurecidas nas lanternas.
Na cabine, há apenas os dois air bags frontais obrigatórios por lei. Ou seja, a nova Oroch entrega pouca sofisticação. Seja como for, em curvas a picape mostra bom equilíbrio. Assim, embora seja um veículo de carga, até permite uma tocada mais esportiva. Em suma, a Renault mexeu pouco em sua picape. Porém, as mudanças são suficientes para recolocá-la no jogo.