O Jeep Commander nunca teve uma performance esportiva. Criado para ser um SUV grande para sete ocupantes, o modelo contava apenas com o competente motor 1.3 turbo flex (185/180 cv e 27,5 kgfm) e 2.0 turbodiesel (170 cv e 38,7 kgfm). Se antes não oferecia um desempenho equivalente aos dos rivais premium, agora o utilitário passa a contar com motor 2.0 turbo a gasolina em duas versões: Overland (R$ 308.290) e Blackhawk (R$ 321.290).
Equipado com vários recursos que permitem entrega de potência e torque da maneira mais rápida possível, o 2.0 turbo é o mesmo que equipa o Jeep Wrangler e a Ram Rampage, picape que também empresta o câmbio automático de nove velocidades e o sistema de tração integral adaptativo.
Desempenho do Commander é esportivo
Com ele, o Commander vai de 0 a 100 km/h em 7 segundos, 0,7 s a mais que o Compass com o mesmo propulsor. Em parte, é algo explicado pelos 166 kg a mais de peso. Além disso, chega aos 220 km/h, 8 km/h a menos que o seu parente menor.
Para termos um parâmetro de comparação, o modelo equipado com motor 1.3 turbo flex faz a mesma prova em 9,5/10,4 s e alcança 202/200 km/h (etanol/gasolina). Por sua vez, o 2.0 turbodiesel leva 11,6 s e chega a 197 km/h.
São números que encantam, mas, claro, o melhor é testá-lo. Fizemos um teste pelos arredores de Punta del Este, Uruguai, para colocarmos o utilitário à prova.
Como foi o test-drive
Embora não tenha perdido o ar de SUV mais conservador, o Commander Blackhawk é inegavelmente invocado. Grade, retrovisores e teto pretos se somam ao conjunto de para-choques e saias pintados na cor da carroceria. Tal como o Compass, a versão invocada tem a exclusiva cor cinza Sting Ray.
A partida coloca o quatro cilindros para funcionar de uma maneira suave, mas com sonoridade abafada. Há duas saídas de escapamento funcionais para lidar melhor com o fluxo de gases.
Ao acelerar forte pela primeira vez, não me senti jogado contra o encosto. O Commander Blackhawk é bem mais suave e progressivo que o Compass. Embora seja linear, o SUV grande alcança rapidamente os 100 km/h, ultrapassando a marca com gosto. É algo digno de nota para um SUV que passa das duas toneladas com dois ocupantes a bordo.
Nem poderia deixar de ser diferente, uma vez que o motor traz várias soluções criadas para oferecer toda a força no menor tempo possível, trabalhando quase sempre cheio. Há comando variável de válvulas, turbocompressor de dupla voluta de baixa inércia, válvula de alívio de pressão eletrônica e recirculação dos gases de escapamento.
Primeiras impressões
Tudo isso é gerido pela eficiente e rápida caixa automática de nove marchas. As mudanças são quase imperceptíveis e são tantas marchas que somente as mudanças sequenciais vão ajudá-lo a saber qual está engatada naquele momento.
O painel digital tem mostradores esportivos nas versões Overland e Blackhawk 2.0 turbo, indicando a potência e torque utilizados, como também a força G naquele momento.
De nada serviria tudo isso sem um ajuste dinâmico capaz de lidar com o corpanzil do Commander. O reajuste de suspensão auxilia na hora das curvas da vida, entregando precisão, mas sem ser completamente devotado à esportividade. O peso, comprimento e altura mais elevados em relação ao Compass deixam claro que a pegada do Commander é um pouco diferente.
Dirigibilidade acertada
O sistema de tração integral adaptativa envia a força para as rodas traseiras quando detecta um sinal de destracionamento das dianteiras. É uma forma de rodar a maior parte do tempo apenas com tração frontal, diminuindo assim o esforço e, com isso, o consumo. Os pneus Pirelli Scorpion 235/50 R19 oferecem boa aderência e, de quebra, são capazes de selar furos.
A direção também tem calibração exata, leve em manobras e firme o suficiente em velocidades mais elevadas. Seguindo a mesma linha, os freios com discos dianteiros maiores estancam o SUV em espaços curtos.
Como tudo na vida tem um preço, o consumo é elevado, atingindo 8,2 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada. Ainda bem que o tanque de 61 litros tem seis litros a mais que o do Compass.
Interior é refinado e espaçoso
Na versão Blackhawk, o Jeep investe em tons escurecidos no interior, nada de marrom. Seu nível de acabamento é superior ao do Compass, com mais partes revestidas em couro e painel mais requintado, embora sejam apenas toques de diferenciação. Nem poderia deixar de ser diferente, dado que a diferença de preços é elevada.
Os bancos têm inscrição com o nome da versão e misturam tecido acamurçado com couro. Eles dão a impressão de que eu poderia ter voltado para o Brasil sem dor nas costas, sendo mais confortáveis que os assentos Recaro do avião em que voei para o Uruguai. A linha 2025 traz também duas memórias para os ajustes elétricos do banco do motorista.
Ainda no teste de bancos, o espaço para cabeças e pernas da fileira central é ótimo, algo que pode melhorar com o deslocamento longitudinal de até 14 centímetros. A turma do fundão não contará com o mesmo espaço, levando apenas duas pessoas baixas. Adolescentes criados com comidas vitaminadas talvez não entrem por vontade própria, quanto mais adultos altos. Somente uma minivan conseguiria levar sete pessoas confortavelmente, não é um demérito do Commander.
O porta-malas varia de acordo com o uso da terceira fileira. Sem ela, há 661 litros de capacidade, volume que diminui para 233 litros no arranjo para sete pessoas.
Tecnologia a bordo
A impressão tecnológica é elevada, no que contribui o painel digital de 10,25″ e a multimídia de 10,1″. Recursos de conectividade acompanham o pacote, além disso há conexão com Android Auto e Apple CarPlay. O sistema de som da Harman Kardon tem nove alto-falantes, 450 watts e subwoofer sem caixa. A qualidade de reprodução de sons, contudo, é melhor do que a do áudio Beats do Compass, que se destaca pelo excesso de graves.
O Commander é um carro bem equipado, algo ainda mais evidente na linha 2025. Se já havia alerta de ponto cego, assistente de frenagem automática, detector de fadiga, comutação automática dos faróis Full LED, frenagem automática com detecção de pedestres e ciclistas, aviso de tráfego cruzado traseiro e leitor de placas, por exemplo, agora há o assistente de permanência em faixa, recurso que trabalha em conjunto com o controle de cruzeiro adaptativo para ajudar no contorno das curvas, sem permitir que as mãos do motorista fiquem afastadas do volante por muito tempo.
Conclusão
Diante de rivais como o Caoa Chery Tiggo 8 Pro Max Drive (R$ 179.990), Tiggo 8 híbrido plug-in (R$ 239.990) e Volkswagen Tiguan R-Line (R$ 284.590), todos SUVs de sete lugares, o Commander tinha mesmo que mudar um pouco, a despeito de ser o líder do segmento. Seus preços diminuíram em até R$ 40.700. Embora saia por elevados R$ 321.990, o Blackhawk ainda é mais em conta do que era o Overland turbodiesel, cotado anteriormente em R$ 338.990.
O 2.0 turbo o leva a andar mais do que os concorrentes a combustão, no entanto, o consumo e performance ainda são inferiores ao Tiggo 8 plug-in. Por fim, o Commander 2.0 turbo a gasolina promete elevar o número de vendas, algo que fica claro com o objetivo que ele responda por cerca de 20% das vendas da gama.
Prós
- Performance esportiva; ajuste dinâmico afinado; estilo mais agressivo; espaço interno nas duas primeiras fileiras; conteúdo tecnológico
Contras
- Consumo alto; pequeno espaço na terceira fileira; preços elevados; falta de sete airbags em todas as versões (só há da Limited para cima).
Ficha técnica
Jeep Commander Blackhawk
- Motor – 2.0, 16V, quatro cilindros, turbo, gasolina
- Potência – 272 cv a 5.200 rpm
- Torque – 40,8 kgfm a 3.000 rpm
- Câmbio – automático de nove velocidades; tração integral adaptativa
- Comprimento – 4,76 metros
- Largura – 1,85 m
- Altura – 1,72 m
- Entre-eixos – 2,79 m
- Peso (ordem de marcha) – 1.886 kg
- Porta-malas – 661 litros (cinco ocupantes) ou 233 litros (sete ocupantes)
- Tanque – 61 litros
- Consumo urbano – 8,2 km/l
- Consumo rodoviário – 10,2 km/l
- Aceleração 0 a100 km/h – 7 segundos
- Velocidade máxima – 220 km/h
- Preço – R$ 321.990
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