A Honda começa a promover a maior mudança na história da gama da marca no Brasil. Tal como noticiamos no Jornal do Carro ao longo dos últimos meses, a japonesa vai tirar de linha o Fit e o Civic de uma só vez. A tradicional dupla deixará de ser feita no País agora no fim do ano e, para os seus lugares, a Honda apresenta a nova geração do City.
Aqui no Brasil, o sedã compacto chegou em 2008, mas nunca foi protagonista da linha Honda. Afinal, o Civic sempre foi o sedã mais vendido (e desejado) da marca. Entretanto, isso vai mudar. Agora na quinta geração, o Honda City ganha nova proposta. A carroceria do sedã está maior e exibe aparência elegante. Além disso, vem aí o City hatch.
Embora a primeira geração do City tenha sido um hatchback, lançado no ano de 1981, há exatas quatro décadas, aqui no Brasil o modelo nunca teve a opção. O motivo é óbvio: a Honda já vendia o Fit. Aliás, trocar o Fit pelo City hatch não foi decisão fácil. A japonesa fez clínicas com clientes. No fim, o resultado apontou boa receptividade para a mudança.
Reservas a partir de dezembro
A Honda abrirá a pré-venda do New City nos próximos dias e começa a entregar as primeiras unidades em dezembro. O sedã chega primeiro em três versões de acabamento com nomenclaturas conhecidas: EX, EXL e a topo de linha Touring. Em seguida, em fevereiro de 2022, a japonesa dará início à pré-venda do New City hatchback, que estreia oficialmente em março.
Veja os preços do sedã:
EX – R$ 108.300
EXL – R$ 114.700
Touring – R$ 123.100
Quando vistos de frente, os modelos são idênticos, exceto pelo detalhe da grade tipo colmeia no hatch. Entretanto, o sedã é bem mais comprido, para justamente ficar mais próximo do Civic. São 4,55 metros de comprimento, ou seja, um ganho expressivo de 94 milímetros na comparação com o City anterior. Já a largura cresceu 53 mm, e tem 1,75 metro.
Ao mesmo tempo em que ficou mais comprido, o City sedã é 8 mm mais baixo, com 1,48 metro. Dessa forma, apresenta laterais longas e contínuas, enquanto a altura menor lhe dá aspecto mais elegante e aerodinâmico. Um detalhe interessante são as lanternas iluminadas com LEDs que se prolongam pelas laterais, conferindo um estilo sofisticado.
Segundo a Honda, além de medidas mais generosas, como, por exemplo, o entre-eixos de 2,60 metros, a nova carroceria é 4,3 kg mais leve e 20,4% mais rígida. Isso no sedã. No hatch, o chassi é 7,3 kg mais leve e 6% mais firme. Além disso, o novo City recebe (pela primeira vez) spray de espuma de poliuretano nas colunas dianteira e central, para isolar bem a cabine.
Porta-malas distintos
É nítido que houve um esforço da Honda para elevar o conforto a bordo do New City. A suspensão, por exemplo, traz amortecedores com stop hidráulico, que evitam a chamada batida seca, que é quando os amortecedores dão fim de curso. Com os ajustes, a marca diz que reduziu em 50% o atrito na suspensão dianteira, entregando, assim, um rodar mais suave. Já a suspensão traseira mantém o eixo de torção.
Por dentro da cabine, o espaço para pernas e cabeças agrada no banco traseiro, que recebe três adultos com conforto. Já o porta-malas tem dois pesos e duas medidas, literalmente. No hatch são 268 litros de capacidade, ou seja, 105 litros a menos que os 363 litros de volume do Fit. Entretanto, o esquema de bancos traseiros modulares (Magic Seats) permite chegar a 1.168 litros no modo “Utility”, superando, então, os 1.045 litros do Fit.
No sedã, são 519 litros e, assim, o New City chega com um dos maiores porta-malas da categoria. Para comparação, o Volkswagen Virtus tem 521 litros, e o Fiat Cronos acomoda 525 litros declarados. Já o tradicional Toyota Corolla leva 470 litros no bagageiro. Uma curiosidade é que o hatch tem os bancos traseiros 37 mm recuados em relação ao sedã.
Ofensiva tecnológica
Além de farto espaço interno, o New City aposta em muitas tecnologias embarcadas. O painel, por exemplo, tem duas telas coloridas nas versões EXL e Touring. O quadro de instrumentos traz um display de 7 polegadas, personalizável e com alta resolução. E a central multimídia tem tela de 8 polegadas e conexão sem fio com Android Auto e Apple Carplay.
Essa multimídia, por sinal, será de série em todas as versões do hatch e do sedã, assim como as todas de liga leve de 16 polegadas com acabamento diamantado. Além disso, exceto na versão EX do sedã, todas as demais opções vêm com bancos forrados com couro e com itens modernos, como a chave presencial com partida por botão e o ar-condicionado digital.
Dessa forma, o que vai diferenciar os modelos Touring são as tecnologias de assistência à condução. O novo City será o primeiro carro nacional da Honda a sair de fábrica com o pacote Sensing. O sistema opera a partir de uma câmera instalada à frente do retrovisor interno. Essa câmera faz a leitura de toda a dianteira do veículo em tempo real.
A partir dessa leitura, o pacote traz variados recursos que ajudam o motorista em situações de emergência e podem até evitar uma batida. É o caso da frenagem automática de emergência, que detecta pedestres e ciclistas. Mas há outros recursos, como farol alto automático, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e o assistente de permanência em faixa, que faz leves correções no volante para manter o veículo centralizado na pista.
Novo motor 1.5 flex
Com tantas novidades, era de se esperar que a Honda fosse trazer mudanças mecânicas. Pois, embora mantenha a cilindrada, o motor 1.5 16V DI i-VTEC do New City é completamente novo. Ele conta com sistema de injeção direta de combustível e duplo comando variável de válvulas no cabeçote, com o VTC, sistema que controla as válvulas de admissão.
Segundo a Honda, são 126 cv de potência com ambos os combustíveis a 6.200 rpm, e até 15,8 mkgf com etanol a 4.200 giros. Com esses números, o novo 1.5 flex fica atrás dos motores 1.0 turboflex. Entretanto, a Honda recalibrou o câmbio automático CVT e garante que o New City é o sedã mais econômico e faz até 15,2 km/l com gasolina na estrada.
Primeiras impressões
Nosso primeiro contato com a nova geração do Honda City se resumiu a algumas voltas na pista de testes da fábrica da marca em Sumaré, no interior paulista. Com a presença de um instrutor, fizemos alguns exercícios ao volante do sedã, para avaliar a performance do conjunto mecânico nas acelerações, bem como as novas tecnologias semiautônomas.
Uma das novidades do câmbio CVT é a sensação aprimorada de troca de marcha no Modo Sport – com a alavanca do câmbio na posição “S”. Nas tomadas de aceleração, agradou o maior dinamismo na simulação de marchas, embora seja algo percebido apenas nessas situações. O legal é que o câmbio deixa o motor ir até o limite de corte de giros.
Outro exercício proposto foi o clássico slalom, porém com boa distância entre os cones. Assim, foi possível notar a rolagem da carroceria em curvas. E o Honda City de manteve firme e “nas mãos” mesmo com o piso molhado pela chuva que caiu no dia. Outro ponto interessante é o isolamento bem feito, que deixa a cabine claramente mais silenciosa.
Quis o destino que, neste primeiro encontro com o New City, eu fosse até o “QG” da Honda ao volante de um Civic Touring. No fim, deu para comparar um pouco os sedãs, e dá para dizer que o City nunca esteve tão próximo do Civic em conforto. Mas, ainda assim, vale dizer que faltam refinamentos ao compacto, como suspensão multilink e acabamento mais nobre.
De toda forma, as novas tecnologias embarcadas e o visual moderno colocam o novo Honda City entre os compactos mais interessantes do mercado. E é claro que a marca japonesa não vai cobrar barato pelo modelo, que tem preços superiores ao dos principais concorrentes. E desta vez o New City vem com muitos trunfos perante os rivais.