Carros autônomos ainda apresentam vários problemas, que terão de ser resolvidos antes que veículos sem motorista sejam liberados para as ruas. Uma falha insólita acaba de ser revelada: o sistema tem dificuldade de reconhecer pessoas negras.
É o que revela um estudo feito pelo Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, pessoas de pele negra são, em média, 5% menos “reconhecíveis” pelas câmeras utilizadas por veículos autônomos que indivíduos com cor de pele clara. Esse grupo, portanto, fica mais sujeito a atropelamentos, por exemplo.
O erro de reconhecimento continuo a ocorrer mesmo quando os pesquisadores controlaram variáveis como a intensidade da luz do dia na imagem captada pelas câmeras. Os testes também incluíram a possibilidade de o sistema de visão estar obstruído por objetos.
As marcas mais otimistas apostam que os veículos autônomos poderiam ser lançados em 2020. Mas a revelação dessa nova falha deve retardar ainda mais o início das vendas desse tipo de carro.
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Métrica do estudo
O objetivo do estudo era avaliar como os sistemas mais modernos de tecnologia de detecção reconhecem pessoas de diferentes grupos demográficos. No teste, foram utilizadas imagens de um banco de dados com pedestres com tons de pele diferentes.
Essas imagens foram divididas por meio da escala Fitzpatrick, sistema que classifica os tons de pele humano do mais claro ao mais escuro. Com isso, foi possível constatar a frequência com que a tecnologia detectava corretamente a presença de pessoas brancas e negras.
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Resultados
O resultado é que os indivíduos com pele escura não foram reconhecidos pelos sistemas de visão em 5% das simulações. Os pesquisadores informaram que o estudo não utilizou sistemas presentes em nenhum carro autônomo atual (há vários em fase desenvolvimento).
Os pesquisadores também não recorreram às bases de dados das fabricantes de veículos autônomos. Isso porque nenhuma montadora quis compartilhar suas bases de dados e tecnologias.
Diretora do AI Now Research Institute – órgão que não foi envolvido no estudo -, Kate Crawford diz que o ideal é que as montadoras envolvessem o meio acadêmico no desenvolvimento dos sistemas utilizados pelos carros autônomos. “Já que isso nunca irá ocorrer (o que por si só já é um problema), estudos como esse oferecem uma forte compreensão de que há riscos muito reais”, afirma.
“O principal ponto é que os sistemas de visão que compartilham estruturas com os que foram testados deveriam ser avaliados ‘com mais cuidado’ “, diz Jamie Morgenstern, professora assistente da School of Computer Science Georgia Tech e uma das autoras do estudo.