Comprar carro usado não é tarefa fácil. Além de muita pesquisa, o interessado deve tomar uma série de cuidados que vão desde a documentação até as características do produto em si. No entanto, um dos quesitos que o consumidor mais se atenta é a quilometragem do veículo. Mas, na real, o que isso quer dizer sobre o uso? Afinal, este é um dado tão importante, de fato?
Confira 6 acessórios para carros que vão melhorar sua vida no trânsito
De acordo com a opinião de especialistas, quilometragem “é algo relativo”. Em síntese, fundamental, mesmo, é prestar a atenção no estado de conservação do carro. “Não existe quilometragem ideal, existe carro em boas condições de uso”, alerta o consultor automotivo Paulo Garbossa, da ADK Automotive. “É mais vantajoso comprar um carro que rodou 20 mil quilômetros em estradas, revisado regularmente, do que um modelo com 1.000 km que disputou racha, nas mãos do antigo dono”, compara.
“Em síntese, um veículo privado (exceto taxi, Uber, etc) roda média de 15 mil a 20 mil km por ano em ciclo urbano/rodoviário”, sinaliza Clayton Barcelos Zabeu, professor e pesquisador na área de Propulsão Automotiva no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT). Contudo, fique esperto, pois o que está no hodômetro nem sempre é real.
Cuidados
Zabeu explica que, em alguns veículos, é possível regravar a quilometragem do painel, seja ele analógico ou digital. Mas esclarece que “a quilometragem total fica no computador principal do veículo. Acessível apenas com o uso de ferramentas específicas”. Desse modo, ele defende que o melhor caminho para o interessado é checar alguns pontos que possam denunciar possível incompatibilidade entre o que aparece no hodômetro e o que o veículo, de fato, rodou.
O manual do proprietário é um dos principais indicadores para saber o histórico do carro. Desse modo, se as páginas que indicam as revisões realizadas foram arrancadas, ou se o manual sumiu, não compre o carro.
Outro ponto que jamais deve passar em branco na hora de adquirir um usado é o desgaste de peças. Por exemplo, se os pedais estão gastos, já sem as marcações do antiderrapante, mas está com baixa quilometragem, isso indica incompatibilidade entre km e uso real. “Para um carro ficar com pedais gastos, precisa ter mais de 80 mil, 100 mil km rodados”, alerta Zabeu. Ou seja, se o hodômetro do carro em questão marcar número inferior, é golpe.
Outras peças como pastilhas de freios, pneus, estepe e amortecedores também são dedo-duro, pois indicam se já houve manutenção. O mesmo serve para volante, maçaneta e manopla de câmbio, por exemplo. Itens, estes, que só se desgastam com muito tempo de uso do carro.
Procedência
Desse modo, a melhor forma de evitar dores de cabeça é saber a procedência do carro em questão. Comprar veículos de amigos e familiares é um caminho. Afinal, “quando acompanha de perto, você sabe se (o carro) não tem mutreta, não tem batida, quais os cuidados tomados. Ou seja, você sabe pelo que o carro passou”, indica Garbossa.
Para quem não gosta de comprar carro de particular, as revendas (idôneas) são o caminho. “Esses estabelecimentos têm garantia de motor e câmbio por três meses, com base na lei. Assim, caso tenha algum problema nesse meio-tempo, basta acionar a justiça e a empresa fica obrigada a resolver a questão”, diz Garbossa.
Outras dicas
Ainda falando em carros usados, alguns pontos são fundamentais antes de fechar negócio. Para garantir uma compra segura e satisfatória, o primeiro passo é pesquisar sobre o modelo desejado, como características, histórico de problemas conhecidos e preços praticados no mercado. “Uma pesquisa detalhada ajuda a evitar surpresas desagradáveis no futuro”, afirma Leonardo Furtado, superintendente do Auto Shopping Internacional.
Ademais, o executivo aponta que verificar a procedência do veículo, como pendências judiciais, administrativas ou multas, é essencial para evitar fraudes e problemas com a justiça. Um exame detalhado do veículo, com a ajuda de um mecânico de confiança, a negociação consciente do preço do carro e, por fim, certificar-se de que toda a documentação do veículo esteja em ordem e atualizada, são essenciais para que o novo proprietário não tenha problemas posteriores.
Siga o Jornal do Carro no Instagram!