Tião Oliveira
Para se proteger da violência urbana, cerca de 8.400 brasileiros compraram veículos blindados zero-km no ano passado. Esse número representa alta de cerca de 3% ante os resultados de 2011. E, embora não haja dados oficiais, profissionais do setor afirmam que muitos consumidores vêm adquirindo blindados compactos para não chamar a atenção no trânsito.
De acordo com Ricardo Camara de Souza, gerente comercial da Avallon Blindagens, é comum donos de carros grandes o procurarem para comprar um segundo veículo – em geral, pequeno. Entre as opções disponíveis no estoque, ele tem um Audi A1, oferecido a R$ 170 mil.
Mas há modelos bem mais em conta. “Um dos mais procurados é o HB20X, principalmente por causa da suspensão alta”, diz Souza. O hatch com visual aventureiro tem motor 1.6 flexível de até 128 cv e, opcionalmente, câmbio automático. Para um compacto como o da Hyundai, a blindagem da Avallon parte de cerca de R$ 40 mil.
Roberto Godoy, jornalista do Estado especializado em assuntos militares, lembra que é importante ficar atento ao nível da blindagem. A mais usada no País é a 3A, capaz de suportar disparos de armas como Magnum 357, 9mm (pistolas e submetralhadoras), espingardas calibre 12 e até Magnum .44.
“Há tempos as blindadoras oferecem modelos pequenos para quem não quer chamar a atenção a bordo de carrões”, diz Godoy. Segundo ele, algumas empresas instalavam turbo nos motores desses modelos. “O objetivo é evitar o comprometimento do desempenho por causa do peso extra.”
Com o desenvolvimento de sistemas de proteção mais leves, os motores originais dos compactos, geralmente com potência baixa, agora são suficientes. Entre as novidades do segmento está a utilização de aramida no lugar do aço.
O polímero (material ultrarresistente composto por macromoléculas) tem como principal vantagem o baixo peso. Os vidros, maiores responsáveis pelo aumento de peso dos blindados, também evoluíram. As opções mais modernas pesam até 20% menos que os blindados convencionais.
Ou seja: um carro com blindagem de última geração oferece o mesmo nível de proteção de outro com metal e vidros grossos, mas consome menos combustível, com redução do nível de emissões de poluentes. “Nossa blindagem premium é cerca de 30% mais leve que as convencionais”, afirma Souza.
Com IPVA menor (2% ante os 3% dos carros de passeio) e por terem menos área para proteger, as picapinhas são muito procuradas por quem quer um blindado discreto. É o caso da linha Adventure, da Fiat Strada, que tem motor 1.8 de até 132 cv.
Grandalhões. Levantamento da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) aponta que a preferência do consumidor é por utilitários-esportivos, assim como ocorre no mercado “convencional”.
O Toyota Corolla, carro mais blindado do País entre 2004 a 2010, perdeu o posto para o Volkswagen Tiguan.