O mercado de carros elétricos no Brasil ainda está longe de ser acessível. Há poucas opções de modelos, todos compactos e com preço acima de R$ 150 mil. Ainda assim, a evolução desse segmento em 2021 é tão grande, que já permite ao Jornal do Carro fazer um comparativo entre diferentes facetas e estilos, com Fiat 500e e Mini Cooper S E.
De saída, temos dois carros inspirados em modelos clássicos, com roupagem tecnológica e estilo retrô, pouco espaço interno e que, agora, resolveram trocar motores a combustão por baterias, inversores e geradores. Ambos são elétricos para quem pode e quer pagar cerca de R$ 250 mil para rodar em duas pessoas (na prática), mas com muito estilo.
Em outras palavras, são carros de nicho, mas que dão uma bela fotografia do segmento. Só no 1º semestre de 2021, as vendas de elétricos superaram todo o ano de 2020, e foram 70% maiores que o volume de 2019 – portanto, antes da pandemia. Assim, o total de modelos avançou 50% desde então, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE).
Mas, afinal, o que oferecem o 500e, lançado em setembro por R$ 239.990 e reajustado para R$ 248.990, e Cooper S E, disponível em três versões que vão de R$ 239.990 a R$ 269.990? Vamos lá.
Mini Cooper elétrico
Vamos começar pelo inglês Mini Cooper S E, que vem de Oxford e representa a quarta geração desde que a marca britânica passou a pertencer à alemã BMW, em 2000.
Este Mini elétrico foi apresentado ao mundo em 2019 para antecipar os planos da fabricante: o catálogo da Mini que atualmente tem sete opções (de hot hatches a crossovers) será totalmente elétrico até 2030.
Atualmente, 15% das vendas globais da marca já são de modelos eletrificados.
Assim, é de propósito que o Mini elétrico se parece demais com o Mini com motor a combustão. Diferenças estão nos emblemas laterais em amarelo, nas rodas de 17 polegadas muito chamativas (que lembram as tomadas da Inglaterra) e na tampa traseira.
Disponível neste momento somente na versão chamada de 3 portas, o Mini elétrico tem porte de carro médio, com 3,85 metros de comprimento, mas acesso limitado.
Ainda que a fabricante diga que existe espaço para quatro pessoas, a configuração
é a típica 2+2, com assentos traseiros que servem mais como extensão do porta-malas ou, no máximo, para espremer cadeirinhas infantis (há ganchos Isofix).
De toda forma, são 22 cm a mais para o 500e de ponta a ponta e entre-eixos 17 cm maior, com 2,49 m. O porta-malas é idêntico ao do Mini convencional, com 212 litros.
Este Mini elétrico pesa 190 kg a mais que Mini Cooper S a combustão. Já o preço é cerca de 10% mais caro que o equivalente a gasolina. Ou seja, o fim do Mini Cooper a combustão será quase indolor.
500e, o futuro da Fiat hoje
No caso do Fiat 500e, ele se baseia na segunda geração do novo Cinquecento, que nunca veio ao Brasil com motor a combustão por ser sofisticado (caro) demais. Os faróis de LED são muito invocados, bipartidos e lembrando olhos maquiados, com cílios vistosos.
Curiosamente, a plataforma do 500 elétrico chama-se “Mini BEV”. À venda pela Fiat em 10 lojas de nove cidades no país, no Sul, Sudeste, Brasília e Recife, o 500e traz rodas de alumínio de aro 16 mais aerodinâmicas que bonitas, mas ainda assim sobressaem junto à carroceria pequenina.
Porte do Fiat 500 é de carro compacto, ainda que um pouco maior que o da geração vendida no Brasil até 2017. Neste novo modelo são 3,63 m, com 2,32 m de entre-eixos, carregando apenas 185 litros no porta-malas.
Versão de três portas (como no Hyundai Veloster) não veio ao Brasil. Por aqui, apenas o duas portas.
O que empurra estes elétricos
Mini Cooper SE tem motor elétrico de 184 cavalos (135 kW) entregues a 7.000 rpm, com torque de 27,53 m.kgf plenos entre 100 e 1.000 rpm despejado nas rodas dianteiras.
Autonomia varia de 203 a 234 km (ciclo WLTP), por conta das bateria de íon-lítio de 32,64 kWh, com 12 módulos individuais e oito anos de garantia. Especialistas, porém, apontam autonomia real na casa dos 180 km, algo mais condizente com o que mostra o painel de instrumentos no momento da partida.
Na prática, esse conjunto elétrico roda de modo semelhante ao do motor 1.3 turbo de Renault e Mercedes-Benz, por exemplo. Ainda que a velocidade máxima é limitada por segurança do sistema a 150 km/h, o 0-100 km/h consegue ser cumprido em 7,3 segundos.
Mas, diferente do que ocorre no Mercedes-Benz GLB ou no Renault Captur, e em outros modelos da gama Mini, não é assim tão divertido dosar o acelerador do Cooper SE. A saída de aceleração é uma explosão, mas logo uma “âncora” parece ser jogada no asfalto, por conta da proteção do sistema, que evita que as baterias sejam drenadas rápido demais.
Assim, os ocupantes sofrem muito com “cabeçadas” e sacolejos que cansam ao fim do dia.
Baterias e recarga
Recarga completa das baterias pode custar até R$ 30 em São Paulo, segundo a BMW. Em carga rápida o tempo de reabastecimento pode ser um pouco maior do que 3 horas (até 85%), com a carga lenta em 220V em 15 horas.
No Brasil, porém, ainda há vantagem do carro elétrico ser algo diferente, exclusivo e até de luxo: recargas acabam sendo grátis. Própria BMW garante isso em rede exclusiva com mais de 250 pontos pelo país.
Para quem vai recarregar em casa, o BMW Wallbox tem duas versões e preços de R$ 8.000 a R$ 13.000.
No Fiat 500e, o conjunto elétrico é menos potente que os motores 1.0 turbo da Volkswagen, por exemplo, mas tem tração maior.
São 118 cv (87 kW) a 4.200 rpm, com torque de 22,4 m.kgf de 0 a 3.733 rpm, com máxima também de 150 km/h, mas 0-100 km/h em 9 s.
Mas o fluxo de aceleração é sempre constante e em crescente, sem o “explode-para” do Mini. Com isso, é muito mais prazeroso acelerar o Fiat 500e que o Cooper SE.
Autonomia
Baterias são maiores que as do Mini Cooper, com 42 kWh de capacidade, gerando autonomia de 320 km no ciclo WLTP, embora uso real fique na casa dos 250 km.
Nas informações do site, a Fiat fala em até 460 km, feitos em testes de fábrica em “condições ideiais”. De toda forma, seria possível fazer pequenas viagens entre cidades da mesma região metropolitana, típicas de quem vai de casa ao trabalho e à faculdade, ou mesmo em escapadas de final de semana, com o mínimo de preocupação.
Carga ultra rápida só é certa em carregadores da WEG: 35 minutos para 80% ou 5 minutos para 50 km. Carga lenta, na rede 220V caseira leva até 19 horas.
Tecnologia, conectividade e segurança
Aqui, vale notar que as marcas alinharam não só os valores dos carros elétricos, mas também o que entregam pelo preço cobrado, com pacotes muito semelhantes.
Em termos de segurança, ambos saem de fábrica com seis airbags, sistema elétrico que controla tração, estabilidade e ainda usa os freios para regenerar energia para as baterias.
Além disso, a eletrônica a bordo permite monitorar pedestres e até ciclistas e frear o carro automaticamente para evitar colisões ou atropelamentos.
Ambos também têm câmeras inteligentes, sensores e assistência para ajudar a estacionar mais facilmente.
Internet a bordo
Os carros elétricos ainda são conectados à internet para atualizar notícias, informações de clima e trânsito, além de locais de recarga das baterias em tempo real.
Também têm monitoramento 24 horas. Teve um problema? Basta acionar o botão de SOS da central de monitoramento, que é algo conhecido para a BMW/Mini, mas uma interessante novidade no catálogo da Fiat. Foi roubado ou furtado? As fabricantes prometem ajudar a rastrear e encontrar o carro.
Mini Cooper SE traz painel digital de instrumentos de 5 polegadas também visto no Countryman híbrido, além de tela de 8 polegadas sensível ao toque, interior em preto brilhante, assistência de direção, assistência de estacionamento, head-up display, som premium Harman/Kardon, ar-condicionado automático de duas zonas.
No Fiat, temos o topo da marca italiana, com painéis de 7 e 10 polegadas (esta em proporção wide), maçaneta elétricas (um botão substitui o mecanismo que abre a porta), carregamento de celular sem fio, conexão por aplicativo para partida e climatização à distância, além de ter alerta sonoro baseado em trilha do filme “Amacord” para alertar pedestres e ciclistas, algo bizarro, mas que alimenta aquela conversa com amigos no churrasco.
Quer mais? Ele é um semi-autônomo de nível 2, mantendo distância dos carros à frente (controle de cruzeiro adaptativo), se mantendo centralizado na faixa (leitura dinâmica de faixas) e monitorando cansaço do condutor.
Os preços dos elétricos
Fiat tem única versão, a Icon, atualmente a R$ 249.990, mas não informa sobre carregador Wallbox rápido. Já o Mini tem três versões distintas, a Exclusive delas custando R$ 239.990 desde o segundo trimestre. Top vai a R$ 264.990 e a Top Collection a R$ 269.900.