No final da última semana, o destino da antiga fábrica da Troller, em Horizonte (CE), foi enfim definido. Desativada desde 2021, quando a Ford – que era dona da marca que fazia os jipões – decidiu encerrar sua produção no País, a planta vai receber investimentos de R$ 400 milhões da Comexport, maior empresa de comércio exterior do Brasil.
Desse modo, a ideia é construir no local seis veículos eletrificados de três marcas diferentes. Durante o anúncio na última sexta-feira (9) organizado pelo governo do Estado do Ceará, estiveram presentes o vice-presidente da Comexport, Rodrigo Teixeira, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Como um polo multimarcas, a fábrica terá capacidade para produzir 40 mil veículos por ano, incluindo modelos elétricos e a etanol, por encomenda de terceiros. Esse modelo de negócios permite que montadoras estabelecidas e novas marcas ingressem no mercado brasileiro com produção local. O objetivo é que as operações comecem já no primeiro trimestre de 2025.
“O governo está colocando crédito tributário de R$ 19,5 bilhões, até 2028, para estimular inovação, carros melhores, mais baratos, com melhor tecnologia e descarbonização, eficiência energética. Isso levou ao anúncio recente de R$ 130 bilhões de investimentos na indústria automotiva e de peças”, afirmou Alckmin.
Quais marcas poderão usar a antiga fábrica da Troller?
Apesar de não terem sido divulgadas quais serão as três marcas que devem produzir no Ceará nesta primeira fase, podemos fazer algumas apostas. Um dos motivos é que novas marcas chinesas que estrearam ou estão prestes a iniciar suas operações no País já anunciaram a intenção de ter uma fábrica local. Dessa forma, usariam a mesma estratégia que outras chinesas que se estabeleceram no Brasil um pouco antes, como a BYD, que comprou a planta da Ford em Camaçari (BA), e a GWM, agora dona da antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP).
Assim, não precisariam construir uma unidade do zero. Uma das ideias é, justamente, procurar locais desativados para iniciar suas atividades com mais rapidez. A recém-chegada Neta, por exemplo – uma das apostas para utilizar os serviços da Comexport -, já havia demonstrado interesse pela fábrica da Toyota em Indaiatuba (SP). Isso porque a produção do sedã Corolla, que era feita no local, migrou para Sorocaba (SP). Desse modo, a planta ficou sem utilidade e pode entrar em uma negociação.
Futuras chinesas no páreo
Outras montadoras chinesas prestes a iniciar suas atividades no mercado brasileiro também podem se beneficiar no novo complexo produtivo. A Omoda | Jaecoo já confirmou que terá uma fábrica no País a partir de 2025, mas ainda não há local definido. Como pertencem ao Grupo Chery, as duas marcas ainda negociam com a Caoa (representante da Chery por aqui) a produção na planta de Jacareí (SP). Contudo, nada foi decidido até o momento, o que pode abrir o leque das novatas para diferentes opções.
Também prestes a desembarcar no Brasil, a Zeekr, fabricante de modelos premium elétricos que pertence ao grupo Geely (o mesmo da Volvo) começa a operar no País em setembro. A fabricante, contudo, ainda não deu detalhes se pretende ou não produzir carros por aqui. Mas pode ser outra candidata a utilizar o polo multimarcas para tornar seus produtos mais competitivos no mercado brasileiro.
Entretanto, é difícil cravar quais marcas realmente farão carros no Ceará, já que boa parte das montadoras utiliza os serviços da Comexport, como Mercedes-Benz, Honda, Volkswagen, Toyota, Porsche, entre outras. Com a eletrificação se solidificando no País, qualquer fabricante pode eventualmente terceirizar a produção de algum modelo elétrico para evitar fazer adaptações em suas próprias fábricas.
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