Em reportagem do site ‘The Intercept Brasil’, a Fiat é acusada de ter colaborado e permitido a presença de aparato de repressão da ditadura dentro de sua fábrica no Brasil. A publicação afirma que a companhia de origem italiana montou um setor de inteligência e segurança que era comandado por um militar da reserva, cuja responsabilidade era, entre outras coisas, evitar levantes grevistas na companhia.
Com base em documentos levantados pela reportagem na Itália e no Brasil, além de depoimentos de pessoas ligadas à companhia na época, o site mostrou que a companhia teve garantia do governo de que “não haveria problemas com sindicalistas”. Segundo a matéria, isso porque os trabalhadores, em sua maior parte, seriam pessoas de baixa escolaridade e sem histórico de ligação sindical.
Entre outras ações, o homem responsável pela segurança, coronel Joffre Mario Klein, tinha como função fichar funcionários e negociar seus destinos com os órgãos de repressão da ditadura. Há registros de viagens de Klein a Turim, na Itália, para aprender os processos de espionagem e repressão utilizados pela sede contra os funcionários e o sindicato na operação italiana – já que lá o partido comunista e o movimento sindical tinham muita força.
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Os documentos mostram também que a Fiat adotava um padrão de acelerar progressivamente as máquinas durante os turnos de trabalho. Isso exigia mais dos funcionários e, segundos os relatos, levava os trabalhadores à exaustão.
No texto, há relatos de coerção de funcionários para que se tornassem “agentes duplos”. Com promessa de promoção ou estabilidade no emprego, eles delatavam possíveis colegas com ligações “subversivas”.
Diferentemente do Brasil, na Itália o caso foi a julgamento e várias pessoas foram processadas por envolvimento pelo procurador Raffaele Guariniello. No total, 36 pessoas, incluindo cinco executivos da Fiat e um chefe da polícia local. Contudo, ninguém foi preso já que os crimes haviam prescrito.
Ao Jornal do Carro, a Fiat do Brasil afirmou que não tem pessoas na companhia com memória do assunto. E salientou também “a relação pacífica, aberta e transparente que mantém com sindicato, além do respeito para com o trabalhador”.
VOLKSWAGEN CONFIRMOU ENVOLVIMENTO COM A DITADURA NO BRASIL
Em 14 de dezembro de 2017, a Volkswagen do Brasil reconheceu que apoiou a ditadura militar no Brasil. Com base em depoimentos de ex-empregados à Comissão Nacional da Verdade, em 2014, a empresa realizou um estudo para avaliar seu papel durante os anos do regime, entre 1964 e 1985.
A companhia conduziu uma pesquisa interna e contratou o historiador Christopher Kopper para examinar com independência e maior profundidade a relação da empresa com o poder da época. E o especialista concluiu que “houve cooperação entre indivíduos da segurança interna da Volkswagen do Brasil e o regime militar vigente”. Porém, segundo sua pesquisa, “não foram encontradas evidências claras de que a cooperação era institucionalizada na empresa”.
Kopper avaliou que a mudança corporativa e cultural ocorreu entre 1979 e o início da década de 1980. Em 1982, a empresa realizou a primeira eleição secreta para eleger um Conselho de Trabalhadores no Brasil.
Durante o trabalho, em São Paulo, o Professor Kopper visitou arquivos governamentais brasileiros e entrevistou testemunhas da época. A pesquisa também se baseou em documentos do arquivo corporativo da Volkswagen AG em Wolfsburg, Alemanha, e do arquivo corporativo da Volkswagen do Brasil.
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Emissões do Fiat Mille Electronic
Em 1995, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) detectou fraudes nos níveis de emissões de mais de 400 mil unidades do Mille Electronic, produzidas a partir de 1992. Numa época em que os carros tinham pouca eletrônica embarcada, a Fiat desenvolveu um modo peculiar de detectar testes de emissões: quando se abria o capô, o motor entrava em modo de baixa emissão, para passar nos testes. Com o capô fechado, o pequeno Fiat andava e emitia mais.
Potência do Hyundai Veloster
No início desta década, o Veloster foi lançado amparado por uma propaganda que dizia que o cupê de três portas tinha motor com injeção direta de 140 cv. Na verdade, o sistema de injeção era convencional, e o motor 1.6 rendia 128 cv. Era, afinal, o mesmo propulsor do HB20.
Rodas do Fiat Stilo
Em 2010, a Fiat teve de fazer recall do Stilo, por causa de falhas nas rodas traseiras, que se soltavam. O problema envolvia carros produzidos a partir de 2004, e as investigações começaram em 2007. Foram registrados pelo menos 30 acidentes motivados por essa falha, dos quais oito resultaram em mortes. A Fiat negou que as ocorrências tivessem relação com problemas de material, mas o Denatran concluiu que a peça de fixação da roda ao carro não estava suportando o esforço e se rompia.
Bancos cortadores de dedo do Fox
O mecanismo de movimentação do banco traseiro do Fox causou ferimentos em pelo menos 37 pessoas, na década passada. Algumas tiveram parte do dedo decepada. Inicialmente, a Volkswagen negou responsabilidade sobre os acidentes, alegando que os usuários não estavam seguindo as instruções contidas no manual do proprietário. Mais tarde, teve de promover recall e instalar um dispositivo para tornar a operação mais segura. Na foto, a comparação entre o sistema antigo e novo.
Honda Fit 1.4 era na verdade 1.3
A Honda vendia no Brasil o Fit com duas opções de motor: um 1.3 e um 1.5. O 1.5 era vendido como 1.5, mas o 1.3 era anunciado como 1.4. Pelas regras elementares de arredondamento de matemática, o motor de 1.339 cm3 deveria ser classificado como 1.3. Mas, de acordo com o marketing, o número escolhido foi o 1.4.
Volt, o híbrido que a Chevrolet chamava de elétrico
O Chevrolet Volt foi lançado, em 2010, como um veículo de propulsão puramente elétrica. Segundo a montadora americana, o motor a combustão era empregado apenas como gerador, para recarregar as baterias. No entanto, em caso de ausência de energia elétrica, o motor a combustão era capaz de movimentar as rodas, o que caracterizava o veículo como um híbrido.
Kombi Last Edition 'sem fim'
O sistema de direção da Kombi era chamado de "rosca sem fim". E "sem fim" parecia ser também a série Last Edition, feita para celebrar o fim de produção do modelo da Volkswagen. A série especial foi lançada em 2013, e deveria ser limitada a 600 unidades. Entre suas exclusividades, tinha até cortinas nas janelas. Diante do êxito inicial, em vez de descer as cortinas e encerrar o espetáculo, a montadora decidiu reeditar a série. Resultado: encalhe nas lojas, desvalorização e chiadeira de quem havia comprado um carro "exclusivo".
Emme Lotus
A promessa da empresa Megastar era de vender um esportivo feito no Brasil, capaz de fazer 0 a 100 km/h em 5 segundos. Dizia-se que o motor 2.2 turbo era preparado pela Lotus. Mas o projeto não vingou, e as poucas unidades produzidas não entregavam o desempenho prometido. O acabamento era simples e havia problemas de construção.