Nem tudo são flores no mercado brasileiro de carros no Brasil. Os fracassos também fazer parte da história do setor. E 2024 não foi diferente. Apesar de muitos êxitos, existem aqueles veículos (ou até mesmo marcas) que não desempenharam tão bem quanto se esperava, seja por falhas na estratégia, preços ou até mesmo pelo produto em si. E o Jornal do Carro traz agora (apenas) alguns fracassos do segmento automotivo este ano. Confira!
Seres
O primeiro exemplo desta lista não é um carro em si, mas a marca inteira. Isso porque a chinesa Seres, que chegou em meados de 2023, paralisou toda sua operação em julho deste ano após só emplacar oito carros em 2024. O fracasso pode ser explicado por uma série de razões, desde o primeiro modelo, o Seres 3 elétrico, que parecia um carro dos anos 2010, até a estratégia de vendas online.
Ligada à fabricante de smartphones Huawei, a Seres nasceu, em 2016, no Vale do Silício (Estados Unidos). A ideia inicial por aqui era ser uma espécie de Tesla, com lojas virtuais e nenhuma concessionária física. Todavia, a marca, nesse meio-tempo, abriu duas revendas no País. Uma São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Fora o Seres 3 (R$ 199.990) e o Seres 5 (R$ 394.990) que foram precificados, a Seres prometia lançar ainda os modelos 5 EVR e 7, que sequer deram as caras por aqui.
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Renault Kwid E-Tech
Apesar de 2024 ter sido seu melhor ano em retrospecto de vendas, o Kwid elétrico está longe de ser um sucesso no Brasil. Ainda mais se compararmos com seu rival direto, o BYD Dolphin Mini, carro elétrico mais vendido do país e que vai chegar perto dos 20.000 emplacamentos este ano — 20 vezes mais que o Renault.
E o fôlego este ano, entretanto, só veio depois do reposicionamento de preço, que saiu da casa dos R$ 150.00 para exatos R$ 99.990. A falha do Kwid não está nos 65 cv de potência ou nos 185 km de autonomia. Para um carro com vocação urbano é suficiente. Mas o modelo peca pelo espaço interno, acabamento espartano e se mostra um carro bem frágil no aspecto de segurança.
Ano | Unidades |
2022 | 594 |
2023 | 321 |
2024 (janeiro a novembro) | 961 |
Atualmente o Kwid E-Tech é o elétrico mais barato país. O subcompacto oferece o motor de 65 cv e 11,5 mkgf, com bateria de 26,8 kWh. Segundo o Inmetro, tem alcance elétrico de 185 km. Por outro lado, depois dos fracassos, em 2025, a Renault vai promover mudanças profundas no veículo. Um novo Kwid elétrico vem aí e deve corrigir os principais problemas.
JAC e seus fracassos
Aqui também não vamos citar um modelo específico, mas sim a marca chinesa em geral. Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a JAC Motors registrou 1.191 vendas de carros de passeio em 2024 (de janeiro a novembro). Se contarmos os 646 comerciais leves (picapes, vans e furgões), o número sobe para 1.837.
O modelo de maior sucesso é o E-JS1, queridinhos dos motoristas de aplicativo, com 1.154 unidades. O SUV E-JS4 teve 23 licenciamentos, enquanto o sedã E-J7 aparece com parcos 14 exemplares este ano.
O resultado desse panorama é que a fabricante voltou atrás na decisão de só vender carros elétricos, tomada desde o final de 2022. Passados dois anos, a montadora retorna para os veículos a combustão e logo com uma picape… diesel! A recém-lançada Hunter tenta traçar um novo cenário para o futuro da chinesa no país.
Honda ZR-V: fracasso anunciado?
O SUV médio da marca japonesa teve, em 2024, seu primeiro ano completo de vendas. Mas não bombou. Ou bem longe disso. Lançado no final do ano passado e importado do México, o ZR-V emplacou apenas 5.600 unidades de janeiro a novembro deste ano — uma média de pouco mais de 500/mês. Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, líderes do segmento, venderam oito vezes mais, por exemplo. Os dados são da Fenabrave.
A Honda até tentou alavancar as vendas nos últimos meses com promoções e bônus na troca. Deu certo. Em outubro, o carro teve seu melhor mês de vendas: 789 exemplares. Talvez este seja um dos motivos para o fracasso: o preço. Por outro lado, o pior mês nas concessionárias foi julho, com 215 veículos.
Além da pedida de R$ 214.990, outro argumento do insucesso do ZR-V é que o SUV é vendido somente em versão única, Touring. Não há outras opções mais em conta, com menos itens de série, como é de praxe no segmento. O terceiro e último fator pode ter sido a motorização. Enquanto os mais vendidos oferecem motor turbo ou até mesmo híbrido, o Honda tem apenas seu 2.0 aspirado que só bebe gasolina e tem 161 cv.
Citroën C3 Aicross: fracassos frente à Spin
O segundo integrante da família C-Cubed da Citroën decepcionou também em seu primeiro ano completo de vendas. Em 2024, o C3 Aicross registrou 7.640 unidades até novembro — média de quase 700 mensais. O SUV com ares de minivan tem versões cinco e sete lugares, preços atrativos, motor turbo… O que deu errado? O acabamento do interior, a breve lista de itens de série e a falta de equipamentos de segurança talvez sejam algumas explicações para o fracasso.
O líder entre os utilitários compactos é o T-Cross, com mais 70.000 modelos licenciados. Se fizermos a comparação com um rival mais direto, a situação não melhora. A Chevrolet Spin, que foi renovada em março, emplacou 23.325 exemplares — mais de 2.100 por mês.