A Ford e a Volkswagen vão se juntar de novo. Mas não será nada nos moldes da Autolatina. Desta vez, o que vai ocorrer é uma parceria entre as empresas para criação de novos produtos e tecnologias. Não haverá compra ou troca de ações entre as companhias.
O CEO da Volkswagen, Dr. Herbert Diess, e o CEO da Ford, Jim Hackett, confirmaram que as empresas pretendem desenvolver vans comerciais e picapes médias para os mercados globais a partir de 2022. O primeiro produto dentro desta estratégia será uma nova Ranger, que ganhará sua versão da VW, seguida de um sistema de interação entre os veículos e o entorno, o V2X, nos moldes do que a Ford acaba de mostrar na CES.
Além disso, as montadoras também assinaram uma carta de intenção de para colaboração no desenvolvimento de carros autônomos e veículos elétricos. Deixando aberto, ainda, a expansão desta parceria em outros projetos no futuro.
VW e Ford já tiveram parceria estratégica
Ford e Volkswagen já foram parceiras muito próximas. Em meados de 1987, as duas montadoras criaram a Autolatina. Uma joint venture para desenvolvimento conjunto de novos modelos e compartilhamento de componentes mecânicos.
Não se tratava de uma fusão – as duas montadoras preservaram as respectivas identidades, marcas e redes de concessionários –, mas de um acordo que prometia benefícios para todos os envolvidos.
Em um momento de retração da economia e vendas em baixa, Ford e Volkswagen somariam forças, integrando operações e reduzindo custos. Unidas, elas passaram a deter 60% do mercado brasileiro.
As linhas de produto das duas marcas foram marcadas por um intenso troca-troca de motores e plataformas.
O veterano propulsor 1.6 CHT da Ford, nascido na época do Corcel I, apareceu nos modelos de entrada da Volkswagen, em variantes 1.0 e 1.6 rebatizadas de AE-1000 e AE-1600.
Já a família de motores AP da Volkswagen (com opções 1.6, 1.8 e 2.0) passou a figurar em versões de topo, esportivas e modelos médios da Ford.
Além disso, o compartilhamento de plataformas permitiu o surgimento de modelos “irmãos” nas duas marcas. A base do VW Santana deu origem aos Ford Versailles (sedã) e Royale (perua).
O hatch Escort não teve um “clone” na VW, já que o Gol cumpria esse papel na linha da marca alemã. Mas o sedã dele derivado, Verona, gerou o quase idêntico Apollo. Mais tarde, sua base seria usada pela VW no Logus e no Pointer.
O casamento desandou quando ficou claro que as estratégias e prioridades das duas marcas eram distintas. No final de 1994, Ford e VW decidiram que a holding seria dissolvida, o que se concretizou em 1996.
Os funcionários puderam escolher em qual lado preferiam prosseguir, independentemente de sua origem. Assim, alguns que pertenciam à Ford resolveram ficar na Volkswagen, e vice-versa.