Ford F-150 com V8 de Mustang é bruta, gigante e aceita CNH B
Avaliamos a versão Lariat, de entrada da picape grande da Ford no Brasil, que tem preço de R$ 470 mil, pesa quase 2,5 t e acelera de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos
A forma como os brasileiros enxergam as picapes vem mudando bastante. E a nova Ford F-150, que acaba de chegar ao Brasil, sintetiza bem essa mudança. A picape grande, que é importada dos Estados Unidos pela Ford – pela primeira vez na história – não é para uso no trabalho. Ela mira o público do agronegócio, claro, mas também o consumidor urbano, que gosta de viajar e busca projetar status de bem sucedido.
Aos que perguntam se isso é possível estando a bordo de uma picape, a resposta é sim. Afinal, estamos falando da F-150. O modelo tem bons acabamento e recursos eletrônicos. Além disso, chegou ao Brasil em duas versões com preços próximos a R$ 500 mil.
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Neste primeiro contato, o Jornal do Carro andou na Lariat, a mais “barata” e com tabela de R$ 470 mil. A Platinum tem alguns equipamentos a mais e preço sugerido de R$ 490 mil. Seja como for, a pré-venda começou em fevereiro e o primeiro lote, de 500 unidades, esgotou-se rapidamente. Esses carros estão sendo entregues agora aos compradores.
Motor V8 do Mustang
A linha F, da qual a Ford F-150 faz parte, é a picape mais vendida do mundo há 46 anos consecutivos. Essa posição é sustentada, principalmente, pelo mercado norte-americano. Veículo mais emplacado por lá, a picape teve mais de 640 mil unidades vendidas em 2022. Ou seja, a Série F tem várias versões, incluindo modelos maiores, os Heavy Duty, como a F-250. Mas para o Brasil, a marca optou pela F-150 equipada com o poderoso motor 5.0 Coyote, o mesmo V8 do Mustang.
Assim como o câmbio automático de dez marchas. Porém, o conjunto recebeu calibração específica para a picape. Como resultado, o V8 gera 405 cv de potência e torque máximo de 56,7 mkgf entregue a partir das 4.250 rpm. Dessa forma, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 7,1 segundos. Nada mal para um carro que pesa cerca de 2.500 kg. Outro ajuste exclusivo foi feito no programa de condução, com modos voltados ao uso no fora-de-estrada.
Aceleração e consumo
Ao volante, impressiona a rapidez com que a picape ganha velocidade. Basta pisar mais forte no pedal da direita para o motor V8 subir de giro e entregar muita força. O ronco encorpado, aliás, surge logo ao dar a partida. Em movimento, a F-150 é muito estável, a despeito do peso e da altura de 1,96 m. Porém, essa volúpia se reflete no consumo. Ou seja, as médias são de 6,3 km na cidade e de 8,6 km na estrada por litro de gasolina.
O que salva o motorista de frequentes paradas no posto é tanque de 136 litros. Conforme dados da Ford, a F-150 tem autonomia de cerca de quase 1.200 km. Mas, com o preço da gasolina no Brasil, a conta é cara. Em São Paulo, por exemplo, o litro do combustível sai por, em média, R$ 5,48. Assim, encher o tanque da F-150 custa uns R$ 750.
Quase seis metros
Seja como for, todos os números são superlativos, incluindo as dimensões. Segundo a Ford, a F-150 mede 5,88 metros de comprimento. Ou seja, é mais de meio metro maior que as médias, como a FordRanger (5,35 m) e a Toyota Hilux (5,33 m). Além disso, tem 2 metros de largura, o que exige atenção no trânsito e ao estacionar. E a distância entre os eixos, de 3,69 m, é maior que o comprimento total de um Renault Kwid (3,68 m).
Na caçamba, a F-150 tem bons 1.370 litros de volume. Entretanto, a capacidade de carga não chega a impressionar. São 728 kg na versão Lariat e 681 kg na Platinum. Para comparação, a Hilux, por exemplo, leva uma tonelada. Isso é uma característica de picapes feitas para os EUA. Os norte-americanos não costumam carregar muito peso, mas grandes volumes. Por isso, a capacidade de reboque para puxar barcos, trailer e carretinhas é de 3,5 toneladas. Além disso, a F-150 tem assistente eletrônico de manobra.
CNH Categoria B é suficiente
Com peso próximo ao das picapes médias vendidas no Brasil, a Ford F-150 tem como trunfo o fato de não poder ser guiada por motoristas com Carteira Nacional de Habilitação Categoria “C”. Assim, qualquer motorista habilitado pode dirigir a Ford. Isso a coloca na briga com a RAM 1500 Rebel, cujas dimensões são parecidas. E também com versões de topo de Hilux, Ranger e Chevrolet S10, por exemplo.
Cabine tecnológica
Para além do desempenho e do porte, que chamam muito a atenção, a Ford F-150 vai encantar quem gosta de tecnologia. No quesito segurança, por exemplo, a picape grande vem de fábrica com oito air bags, controle eletrônico de tração 4×4 sob demanda e vários recursos de condução semiautônoma. Ou seja ACC, alerta de ponto cego, ajuste automático do farol alto e assistente de manobra, entre outros.
Além disso, traz mimos como abertura e fechamento elétrico da tampa da caçamba e dos estribos laterais com uma escada embutida. Bem como teto solar e ajustes elétricos do volante e pedais. Outro recurso bacana é a alavanca de câmbio rebatível. Ao ser recolhida, o console entre os bancos vir uma mesa para refeição ou trabalho. A cabine tem acabamento caprichado, com muito couro e peças macias ao toque.
Mas o destaque são as duas grandes telas de 12 polegadas no painel, ambas com alta resolução e customizáveis. Uma é o quadro de instrumentos e a outra, que faz parte do sistema multimídia, reúne diversas funções do veículo. Ao ligar o motor, o visor atrás do volante mostra imagens tridimensionais da picape, enquanto a tela central exibe o logotipo festivo dos 75 anos da Série F, lançada em 1948.
Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos
Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não
03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.
Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.
A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.
“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.
As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.
“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica.
Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas.
O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.
O que o carro precisa ter para ser seguro?
Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre.
“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.
Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.
“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”