Powershift. O nome dá arrepios em vários donos de veículos Ford e fez outros tantos evitarem a compra de Focus, Fiesta e EcoSport no Brasil. Uma matéria do Jornal Detroit Free Press agora deixou a história do câmbio ainda mais pesada. Documentos mostram que a Ford sabia dos problemas que transformavam esse câmbio em um componente defeituoso, apesar de negar o problema.
Segundo a matéria, os carros, a maioria produzidos em 2010 e 2011, apresentavam problemas de perda de potência durante o uso. De acordo com o Detroit Free Press, nos Estados Unidos, ao menos 1,5 milhão de unidades continuam nas ruas.
Em documentos conseguidos pela publicação, entre eles e-mails internos, a fabricante fala com advogados e um engenheiro de desenvolvimento da companhia, que afirma que os carros “não poderiam ir às ruas”. Ainda assim, a montadora não quis realizar mudanças profundas no projeto da transmissão devido ao custo que isso teria.
Ao invés disso, a Ford ficou tentando, durante cinco anos, encontrar um reparo para a transmissão defeituosa, com queixas e custos se acumulando. A Ford criou um memorando para as concessionárias. Nele, dizia que a resposta aos consumidores deveria ser que “os carros operavam normalmente” quando, na realidade, documentos internos mostraram as preocupações de segurança e as descrições dos defeitos.
Em um documento interno, ao qual o Detroit Free Press teve acesso, o custo total com tentativas de reparo por parte da Ford do câmbio Powershift, internamente chamado pelo código DPS6, poderia chegar a US$ 3 bilhões.
Resposta da Ford
Em um comunicado enviado ao Detroit Free Press, a Ford afirmou que “conversas durante o desenvolvimento sobre os desafios comuns a uma tecnologia inovadora eram trocas normais”. Afirmou também que muitos consumidores estavam sendo a diferença na sensação que a transmissão passava”.
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Powershift tinha problemas no Brasil
Em 2015, o Jornal do Carro publicou uma matéria que surgiu de mais de 30 casos de reclamações que chegaram para a equipe pela coluna Defenda-se. Na época da publicação, a média era de uma nova reclamação do câmbio a cada 23 dias.
Boa parte das queixas era sobre trepidações e vibrações consideradas anormais pelos leitores. Em alguns exemplares, a caixa falhava entre as passagens de marcha ou demora a responder. Há, ainda, relatos de perda de força, especialmente em aclives, e até de pane, com o travamento completo e a impossibilidade de engatar as marchas.
Com isso, em 2016 a marca foi notificada pelo Procon-SP e se prontificou a fazer um “recall” da transmissão Powershift. Ainda em 2016, a Ford deu dez anos ou 240 mil km de garantia para o câmbio Powershift.
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