Uma ponta saliente no para-choque, espelhos retrovisores vazados, cordinha no porta-malas, túnel central… Automóveis têm tantos detalhes que, às vezes, muitos deles parecem que estão ali sem nenhuma função. Mas na quase totalidade dos casos a forma segue a função. Todas as linhas externas e internas e os cerca de 5 mil componentes que dão vida ao automóvel estão lá por algum motivo.
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Inscreva-seEm recente apresentação da nova picape Fiat Strada, uma das coisas que chamaram atenção dos jornalistas foi uma saliência na parte inferior do para-choque dianteiro. Mais protuberante que o normal, a impressão era a de que aquele detalhe estava “sobrando” no carro. Mas os engenheiros da empresa logo esclareceram a questão. A ponta proeminente está ali para reduzir possibilidade de lesão em caso de atropelamento.
Na hipótese de um acidente, o primeiro ponto de contato entre o carro e a vítima é exatamente essa parte inferior. Com isso, a tendência é ela subir com o impacto, e não descer e ficar sob o veículo (o que poderia trazer consequências mais graves).
Indo para pontos – digamos – menos traumáticos, boa parte dos automóveis tem um túnel central no chão que sacrifica o conforto do quinto passageiro. Exatamente naquela posição que ninguém gosta de ficar, no meio do banco de trás e longe da “janelinha”.
A forma segue a função: túnel central é viga de reforço
Em alguns veículos, aquele ressalto é um estorvo, de tão alto. Mas ele não faz por mal. Nos modelos com motor dianteiro e tração traseira, é por ali que atravessa o eixo cardã. Ele é o responsável por transferir a força gerada lá na dianteira até as rodas de trás. Mas, mesmo em modelos que não têm tração traseira, o túnel está lá. A razão é que esse ressalto cumpre a função de uma viga em uma casa. Ele atua como um reforço na estrutura, impedindo que a carroceria sofra torção ao passar por lombadas e valetas, por exemplo. Quanto mais rígida a estrutura do automóvel, melhor. E isso se reflete até na dirigibilidade.
Além do túnel na parte inferior do carro, a função de “viga” também é feita em alguns automóveis por uma leve depressão na parte central do teto. É o que explica, por exemplo, o pequeno rebaixo no teto do Fiat Argo.
Pouca gente se lembra, mas um dos destaques do Fiat Tempra eram os retrovisores com suportes vazados. Além do belo efeito visual e até inovador para o início dos anos 90, os retrovisores descolados da carroceria tinham a finalidade de melhorar a aerodinâmica, com reflexos na redução de consumo e aumento de desempenho.
Faixa degradê no para-brisa não é enfeite
Carros vendidos no Brasil têm uma faixa degradê na parte superior do para-brisa que nem sempre está presente em modelos europeus e norte-americanos. E a razão não é estética (embora essa seja uma finalidade secundária). O motivo principal é proteger a visão do motorista da incidência solar, mais forte por aqui. A Honda informa que modelos como Civic e HR-V, por exemplo, têm a faixa escurecida no Brasil e em outros países, mas não em todos. De acordo com a montadora, os mesmos modelos comercializados em países da Europa, Estados Unidos, México, Canadá e China, entre outros, não dispõem dessa solução.
O Ford Fusion tem um detalhe peculiar no amplo porta-malas: uma cordinha que permite abertura pelo lado de dentro. Para saber a finalidade do item, basta olhar o desenho na peça: uma pessoa pulando e correndo. Assim, o acessório pode ser a saída para alguma criança que porventura tenha sido esquecida dentro do carro, ou (o mais provável) permite a fuga de um sequestrado que tenha sido colocado ali.
E aquela setinha junto do marcador de combustível apontando para um dos lados do carro? Não sabe a finalidade? Então, deve ser por isso que você às vezes para do lado errado quando vai abastecer!