Thiago Lasco
De todos os carrões que passaram pela garagem de seu pai, o que mais fez os olhos do então jovem Carlos Angi brilharem foi um Ford LTD 1969 – versão mais luxuosa do Galaxie. Hoje, aos 40 anos, o administrador de empresas exibe orgulhoso seu segundo exemplar 1967 do modelo clássico.
Continua depois do anúncioO modelo foi descoberto em 1998 por um amigo de Angi. Estava encostado em um estacionamento. O administrador, que já dirigia seu primeiro Galaxie, foi até lá conferir e não resistiu. “Quando vi a combinação da pintura marfim com o interior vermelho, foi paixão à primeira vista.”
(Confira a fan page do Jornal do Carro no Facebook: https://www.facebook.com/JornaldoCarro)
Ele soube pelos funcionários do local que o sedã pertencia a um senhor lituano de 83 anos. O dono até aparecia para limpar o carro com uma flanela, mas não rodava com ele. A partir dali, Angi começou um longo flerte com sua nova paixão. “Eu ia para a casa de alguma namorada e antes passava por ali, só para admirá-lo”.
Foram quatro anos de visitas silenciosas até que, num sábado de 2002, o administrador se viu cara a cara com o proprietário. “Ele mesmo havia pedido aquela combinação de cores à Ford, e recebeu o Galaxie em junho de 1967. Foi o único carro que teve desde então.”
Angi teve de namorar o Galaxie por outros quatro anos até que o dono, abalado pela morte da esposa, finalmente concordou em vendê-lo, por R$ 3 mil.
RENOVAÇÃO
Com 100.225 km rodados, o carro tinha embreagem e suspensão em bom estado, mas o motor queimava muito óleo. Angi resolveu o problema comprando o V8 usado de uma picape Ford F100.
De 2006 até hoje, o Galaxie rodou mais 13 mil km, em viagens a Itanhaém, Sorocaba e Curitiba. Angi não poderia estar mais feliz. “Ele é uma delícia na estrada. A direção hidráulica, eu viro com o dedo!”.
A cabine do sedã é pura nostalgia. O quebra-vento é aberto por uma manivela e o freio de estacionamento, acionado por um pedal ao lado da embreagem. Duas luzes-espia indicam se a água do radiador está fria ou quente. O revestimento é todo vermelho.
Um mecânico de confiança foi contratado para regular o carburador e trocar o óleo do Galaxie. Mas Angi confessa que, nos últimos dois anos, apenas completou a água e a gasolina. “A mecânica dele é simples e robusta e não dá nenhum problema”, justifica.
Angi não cogita vender o clássico. Até porque seu filho Enzo, de sete anos, já espera pela vez de botar as mãos nele. “Ele desenha o Galaxie e diz que posso me desfazer de qualquer outro carro, menos desse”.
Enquanto o filho viaja no banco de trás, o pai colhe os louros ao volante. Certa vez, ele subia a serra na Rodovia dos Imigrantes quando um Mitsubishi Pajero emparelhou ao seu lado e os ocupantes começaram a bater palmas. “Isso é que é carro”, disseram. Angi não teve como discordar.