Chevrolet Equinox EV GM
Chevrolet/Divulgação

GM bane (de novo) Apple CarPlay e Android Auto de seus carros elétricos

Empresa que desenvolveu kit para "burlar" a restrição do espelhamento de smartphones retirou seu produto do mercado por instrução da GM

Por Redação 25 de mar, 2025 · 8m de leitura.

Há dois anos, a GM anunciou que não incluiria os serviços de conectividade de Apple CarPlay e Android Auto em seus carros elétricos (os recursos permaneceram disponíveis apenas nos modelos a combustão). O motivo, de acordo com a montadora, era que os sistemas poderiam reduzir a segurança durante a condução (veja mais abaixo). 

Mas a empresa White Automotive & Media Services desenvolveu um kit no final do ano passado que, ao ser instalado no carro, permitia a função de espelhamento dos smartphones. Agora a GM impediu que a única concessionária nos EUA que fazia a instalação desse kit, em Michigan, de oferecer o serviço. Um porta-voz da marca disse ao site The Drive que “serviços de pós-vendas que incluem recursos não originais, sem testes e aprovação da GM, podem causar problemas aos clientes”.  Assim, além de afetarem dispositivos de segurança, também poderiam causar a perda de garantia do veículo.

A concessionária, por sua vez, afirmou que a montadora os instruiu a parar de oferecer o kit para seus clientes. No site da White Automotive & Media Services, o produto aparece como “descontinuado”, junto a um aviso para os consumidores interessados. “Esta não foi uma decisão fácil, mas devido a uma série de fatores, continuar a oferecer esse produto não é mais viável em longo prazo. Nós agradecemos seu interesse e apoio, e esperamos que entenda nosso posicionamento”, diz o texto. A GM ainda não se pronunciou se vai tomar medidas para desinstalar os kits que já foram vendidos.


carros Apple Carplay GM
Chevrolet/Divulgação

Por que a GM decidiu tirar os sistemas de seus EVs?

Ao anunciar a retirada do Apple CarPlay e Android Auto de seus veículos elétricos, o chefe de produto para infotenimento da GM, Tim Babbitt, declarou que a grande questão para o banimento das tecnologias seria por conta da segurança. De acordo com o executivo, são muitas as distrações por conta do uso do celular ao volante. Isso porque ambos os sistemas têm problemas de instabilidade, gráficos pobres, respostas lentas e conexões que caem com frequência. E quando essas falhas acontecem, o motorista costuma pegar o telefone novamente. Dessa forma, tira os olhos da estrada e inutiliza os propósitos desses programas. Resolver esses problemas fogem do controle das montadoras, por isso a frustração da GM.

A tese de Babbitt é de que se os motoristas conseguissem acessar seus dados pelos programas nativos do veículo, não pegariam tanto seus telefones. Portanto, se distrairiam menos e ficariam mais seguros atrás do volante. Para sanar essa questão, a GM desenvolveu o software Ultifi, que integra aplicativos do Google como Maps, além de outros apps populares, como Spotify. É por conta desses recursos, por exemplo, que os consumidores consideram importante ter um dos dois sistemas em seus carros.


Mas o ponto principal dessa estratégia é o Google Assistant. Ele pode não só atender chamadas e responder mensagens de texto pelo pareamento do celular via Bluetooth, como também controlar o sistema de som, a navegação, o ar-condicionado, entre outras coisas. Desse modo, o motorista consegue acessar tudo o que precisa sem tirar as mão do volante e os olhos do trânsito.

Mesmo que as capacidades de Apple CarPlay e Android Auto tenham evoluído ao longo dos últimos anos, eles não têm acesso à maioria desses sistemas. Com isso, a intenção seria comprovar que o Ultifi é mais vantajoso. Isso porque quando encontram problemas de conexão, os consumidores costumam culpar a montadora, e não a fabricante do telefone. Ou seja, eliminar a possibilidade de espelhamento seria uma forma de evitar reclamações dos clientes no futuro.

Carplay e Android Auto podem ser usados em veículos GM com novo sistema
WAMS/Divulgação

Coleta de dados e serviços por assinatura

Apesar de a estratégia parecer razoável, não se trata apenas de simples altruísmo. Montadoras em todo o mundo discutem há anos com a Apple e a Google sobre acesso, controle e propriedade dos dados gerados no veículo. Independentemente do software que o motorista usa, quantidades enormes de dados são coletados sobre como ele dirige, onde vai, quais aplicativos acessa etc. Essas informações são valiosas para as fabricantes e para as empresas de tecnologia como fonte de pesquisa e até para serem vendidas para outras companhias.

Além disso, os softwares próprios permitirão que as montadoras tenham eventualmente uma nova fonte de renda. Já existem aplicativos, embora ainda não muito populares, que permitem que o usuário gaste dinheiro pela central multimídia do veículo. Seja para pagar pela gasolina ou pelo lanche no drive-thru, por exemplo. Dessa forma, é possível fazer parcerias com esses comércios. A GM também procura oferecer serviços de assinatura por meio dessa mesma interface. Essa é uma grande aposta das montadoras para o futuro como uma fonte lucrativa. De acordo com projeto da própria GM, a expectativa é arrecadar US$ 25 bilhões por ano apenas com serviços por assinatura.

A montadora, aliás, já tem um dos serviços mais antigos por assinatura, o OnStar. A ideia é criar planos de expansão para novos modelos que estão chegando. O Blazer EV e o Equinox EV, lançados ao Brasil no ano passado, já vieram sem a conectividade com Apple CarPlay e Android Auto. 


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