Uma movimentação está prestes a acontecer na Hyundai. Não vai demorar muito para que a fabricante sul-coreana siga os passos de Fiat, Renault, VW e companhia e lance seu próprio SUV compacto. Vem aí, o SUV do HB20. Com isso, o Creta – à exemplo do Honda HR-V – vai subir um degrau. Mas, enquanto isso não acontece, a marca lança a reestilização do veterano. Recém-lançado na Índia, o utilitário mais vendido no varejo no acumulado do ano quer se livrar das polêmicas em relação ao visual e, por isso, adotou novo design. De quebra, tem interior atualizado e nova opção de motor.
Antes de tudo, cabe explicar a estratégia de preços da Hyundai. O Creta tem as mesmas cinco opções de acabamento. Em quatro delas, os preços se mantém na linha 2025. Fica assim: Comfort (R$ 141.890), Limited (R$ 156.490), Platinum (R$ 172.690) e N Line (R$ 182.090). Já a versão topo de linha Ultimate, custa R$ 189.990 – R$ 2.100 a mais que no modelo 24/24. Isso porque é a única equipada com o novo motor 1.6 TGDI. Nas demais, o já conhecido 1.0 turbo de três cilindros, de 120 cv de potência máxima.
Adeus polêmica?
Feito em Piracicaba (SP), o Creta tem visual mais sóbrio. Assim como o irmão menor, HB20, o SUV apostou em linhas mais retas. Na dianteira, por exemplo o único detalhe que sobreviveu em relação ao modelo anterior é a altura dos faróis, que continua rente à grade com acabamento black piano – virou moda depois da Fiat Toro. Entretanto, todas as peças têm formato quadrado, isso vale para os faróis, para a régua DRL que que baseia o capô (modificado e mais altoe também para o para-choque. Lembra, inclusive, a atual geração do Santa Fe, com luzes em forma de letra “H”, de Hyundai.
O carro vem cheio de apliques em prata nos para-choques. Mas, enquanto as laterais permanecem intactas (vem com rodas de 16″ a 18″, dependendo da configuração), a traseira também trocou as polêmicas lanternas. Adotou peças interligadas com filete de LEDs que vai de uma ponta a outra, cruzando assim a (também nova) tampa do porta-malas. O compartimento continua com os mesmos 422 litros de capacidade.
Comportamento
Assim como o novo estilo, a mecânica promete agradar. O motor 1.6 TGDI é a principal novidade mecânica do novo Creta. Afinal, substitui o 2.0 aspirado de 16V e 167 cv, já fora de aceitação por conta das novas regras de emissões e poluentes impostas pelo Proconve L8, em vigor a partir do ano que vem.
Pois bem, em números, o Creta topo de linha gera 193 cv de potência e, assim, torna-se o mais potente da categoria. O mais próximo disso é o Jeep Renegade, com 185 cv nas versões 1.3 turbo. O motor, importado da Coreia do Sul, bebe apenas gasolina e equipa o irmão New Tucson.
E, para checar como se comporta, o Jornal do Carro fez um primeiro test-drive com o novo Creta, em pista fechada, a convite da Hyundai. No asfalto, em meio a retas, curvas, acelerações e frenagens, dá para elogiar o comportamento do carro.
Na cidade deve ser ainda melhor
Cabe ressaltar que este não é o habitat natural de um SUV compacto, afinal, quem compra esse tipo de carro tem, majoritariamente, uso urbano. E sem esquecer que não se compara o asfalto de uma pista com as péssimas condições das ruas do Brasil. Portanto, estamos falando apenas de uma primeira experiência – algo bem longe do uso real.
Pois bem, em relação a potência, de fato, o carro empolga. E tem torque de 27 mkgf, disponíveis já a breves 1.700 giros. Isso deixa o SUV esperto. Fica fácil vencer ladeiras, ultrapassagens, arrancadas e retomadas. É tanto que, de acordo com a Hyundai, são 7,8 segundos entre 0 e 100 km/h. E a velocidade máxima é de 210 km/h. Mesmo em ambiente de pista, não chegamos a tanto. Batemos, no máximo, 140 km/h.
Neste momento (já acima do limite de qualquer estrada no Brasil), é evidente que há ruído na cabine. E por mais que o trabalho do câmbio (banhado a óleo) DCT, de dupla embreagem e sete marchas, seja digno, não consegue um casamento perfeito com o motor quando em velocidades muito altas. Entretanto, nos momentos em que decidimos “passear” pela pista, o comportamento mecânico foi praticamente impecável.
Em termos de suspensão, nada mudou. Logo, o Creta continua com o mesmo conforto já sentido na versão anterior. Nem macio demais, nem tão rígido. Como em todo SUV, por ser mais alto, a carroceria joga um pouco nas curvas quando se abusa muito do acelerador. Mas nada que não seja corrigido pela própria eletrônica do carro.
Tela interligada
Por falar em eletrônica, a lista de equipamentos é generosa no Creta. Vamos começar falando das telas que ocupam o topo do painel e são o principal destaque das mudanças no interior. Nela, quadro de instrumentos e central multimídia se dividem e cada peça tem 10,25″. As saídas de ar-condicionado (agora, automático e digital com duas zonas) também foram reposicionadas. Só o console central e o volante (multifuncional com base achatada) foram mantidos. Os desenhos dos bancos – agora tem ajuste elétrico no do motorista – permaneceram, mas dá para escolher entre diferentes quatro cores de acabamento. Tem, ainda, luz ambiente na cabine.
Em termos de segurança, tem câmera de 360 graus, freio de estacionamento eletrônico, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, monitoramento de pressão dos pneus e os sistemas ADAS que a marca chama de Hyundai SmartSense. No pacote, tem desde frenagem autônoma, detector de fadiga e sistema que mantém e centraliza o carro na faixa, até os novos assistentes de tráfego cruzado traseiro e de ponto cego, bem como alerta de saída segura. Permanecem também o farol alto adaptativo e os seis airbags.
Entre os equipamentos voltados ao conforto, o Creta Ultimate continua oferecendo banco do motorista com ventilação, volante com regulagens de altura e profundidade, carregamento sem fio para smartphone, limitador de velocidade, partida por botão revestimento de couro para os assentos. Agora, no entanto, a parte traseira ganhou apoio de braços com porta-copos e entrada USB do tipo C.
Mix de vendas
A Hyundai não abre números de vendas, mas, de acordo com Thiago Marques, responsável pelo marketing da fabricante, a expectativa é que a chegada do novo motor 1.6 TGDI impulsione as vendas da versão Ultimate. Assim, deve saltar dos atuais 5% para cerca de 10% do mix geral. Seja como for, a intermediária Limited deve continuar na liderança. Hoje, é a campeã de vendas da gama, com 31%, seguida por Platinum e Comfort (ambas com 28%) e N Line, com 8% de market share.
PRÓS
Creta deve agradar com visual mais clean; conjunto de suspensões continua com bom comportamento e carro tem lista generosa de equipamentos
CONTRAS
Na pista, casamento entre motor 1.6 TGDI e câmbio automatizado não ficou tão perfeito quando em velocidade muito elevada, mas deve-se levar em conta que não é a proposta do carro; preço da versão topo de linha é bem salgado
FICHA TÉCNICA
Hyundai Creta Ultimate
Motor: Gamma II 1.6 Turbo GDI Gasolina
Potência: 193 cv a 6.000 rpm
Torque: 27 mkgf a 1.700 rpm
Câmbio: DCT de 7 marchas
Aceleração 0-100 km/h: 7,8 segundos
Velocidade máxima: 210 km/h
Tanque de combustível: 50 litros
Comprimento: 4,33 m
Largura: 1,79 m
Altura: 1,64 m
Entre-eixos: 2,61 m
Porta-malas: 433 litros
Altura livre do solo: 19 centímetros
Ângulo de entrada: 19,9 graus
Ângulo de saída: 30,3 graus
Preço: R$ 189.990
Siga o Jornal do Carro no Instagram!