A Mercedes-Benz acaba de lançar no Brasil três novos carros elétricos a baterias (BEVs). Um deles é o EQB 250, SUV de sete lugares com proposta e tamanho similares aos do GLB 250. Os outros dois são o EQA 250, crossover elétrico de entrada da marca alemã, e o sedã executivo EQE 300, que atuará como uma versão de menor do Mercedes-AMG EQS, que custa R$ 1,35 milhão.
No caso do Mercedes-Benz EQB, são três fileiras de bancos na disposição 2+3+2 lugares. O porta-malas tem capacidade de até 1.710 litros com as duas fileiras detrás rebatidas. O SUV tem 4,68 metros de comprimento e 2,83 m de espaço entre-eixos. Assim, é 5 cm mais longo que o GLB. Porém, entrega espaço interno parecido.
Mas ao contrário do que parece, o EQB não é uma versão do GLB que troca o motor 1.3 turbo a gasolina por um elétrico e o pacote de baterias. Enquanto o SUV a combustão é feito sobre a plataforma MFA2, o EQB usa a base modular para elétricos, chamada de EVA1.5. Esta arquitetura tem construção diferente, por exemplo, do EQC, que foi o primeiro SUV elétrico da Mercedes-Benz no Brasil. Este usava a mesma base do atual GLC a combustão.
Elétrico x Combustão
A diferença de peso entre GLB e EQB é considerável: enquanto o SUB a gasolina tem 1.630 kg na configuração 250, o EQB pesa 2.130 kg por causa do pacote de baterias. São 66,5 kWh de capacidade total e um peso adicional de 469 kg. Segundo a Mercedes-Benz, é possível recuperar 80% da carga em pouco mais de 30 minutos em estações de alta potência. A autonomia no SUV elétrico varia de 423 km até 474 km, no ciclo europeu WLTP.
Este pacote de baterias alimenta um único motor elétrico do modelo. Ele fica montado no eixo dianteiro e gera o equivalente a 190 cv de potência e 39,26 mkgf de torque máximo. Com essa energia, o EQB acelera de zero a 100 km/h em 8,9 segundos. A velocidade máxima, contudo, é limitada eletronicamente a 160 km/h, para preservação do sistema elétrico e, principalmente, da capacidade das baterias.
Para comparação, o Mercedes-Benz GLB 250 traz um motor 1.3 turbo a gasolina feito em parceria com a Renault e capaz de gerar 163 cv de potência e 25,5 mkgf de torque. Ou seja, o SUV elétrico é cerca de 20% mais potente que o similar a combustão. Visualmente, o EQB mantém o formato de “botinha”, mas a dianteira é um pouco mais afilada. Por sua vez, a grade frontal dá lugar a uma peça fechada feita de polímero.
Nas laterais, destacam-se as rodas de liga leve de 19 polegadas, que calçam pneus verdes 235/50 e são semi fechadas, para maior aerodinâmica. Na traseira, a diferença para o GLB está na linha de lanternas da divisão Mercedes-EQ, montadas como peça única que atravessa a tampa do porta-malas.
SUV familiar com visual esportivo
Por dentro, o EQB tem estilo mais esportivo que o GLB por conta da adoção do pacote AMG Line. Este adiciona materiais escurecidos, couro Alcantara, acabamento preto brilhante e peças metálicas. Também são itens de série teto solar panorâmico e sistema MBUx com comando por voz integrado e a asistente virtual da marca alemã.
Por fim, o SUV elétrico traz todos os assistentes de segurança semiautônoma do pacote ADAS. Ou seja, tem ACC, manutenção de faixa, alerta de ponto cego e assistente de desembarque, além do pacote keyless go (com acesso e partida sem chave), e carregamento sem fio para celulares.
Segundo os executivos da Mercedes-Benz, 13 concessionárias da marca no País comercializam a linha EQ já começaram a faturar o EQB. O SUV elétrico naturalmente está em um patamar superior ao do GLB. Por isso, tem preço mais salgado: R$ 502.900.
Mercedes-Benz EQA tem conjunto elétrico do EQB
Além do EQB, a Mercedes-Benz lançou o EQA 250. O SUV elétrico inclusive tem as mesmas especificações mecânicas do EQB, mas com carroceria menor e espaço para cinco passageiros. Assim, vem com o mesmo pacote de baterias de 66,5 kWh e o motor elétrico dianteiro com 190 cv de potência e 39,26 mkgf de torque. Com este conjunto, o EQA acelera de zero a 100 km/h em 8,6 segundos e tem autonomia para 496 km com a carga completa.
Em relação ao porte e estilo, o EQA se assemelha basicamente ao GLA, que é o SUV de entrada a combustão. Nas dimensões, o crossover elétrico tem 4,43 m de comprimento e 2,73 m de entre-eixos, e pesa 2.040 kg (em ordem de marcha). Com preço de R$ 480.900, o EQA 250 chega para dar acesso à linha elétrica da Mercedes-Benz no país, com foco no público mais jovem.
Mercedes-Benz EQE é um mini-EQS
Para fechar a ofensiva elétrica, a Mercedes-Benz também traz ao Brasil o sedã-cupê EQE 300. O esportivo custa R$ 709.900, ou seja, cerca da metade do valor pedido no super-elétrico Mercedes-AMG EQS 53. Vale a comparação com o sedã grande, pois não apenas é assim que a Mercedes vai tentar emplacá-lo no País, como é esta a origem dos dois.
Ambos são feitos sobre a variante 2.0 da plataforma elétrica (EVA2). Por isso, oferecem a carroceria sedã de quatro portas com arrojo visual, bem como entregam luxo e tecnologia de forma ostensiva. Por ora, apenas 13 unidades do EQE 300 virão ao País, uma para cada concessionário EQ. Além disso, todas já estão reservadas. Essas unidades são da “Edition One”, série limitada de lançamento, que traz estilo único e até um tanto extravagante.
EQE é exótico por dentro
Ainda que o exterior seja sóbrio (todo preto), o interior é tomado por revestimentos na cor branca – como o couro dos bancos e de parte do console, e os tapetes e plásticos suavizados. Da mesma forma, o segmento superior do console é revestido com couro azul. O painel frontal, que abriga as telas de computador de bordo e da multimídia, tem uma grande peça de madeira com detalhes pontilhados também na cor azul.
E tem mais. Encrustadas nestes painéis, ao longo de toda a cabine, há luzes de LEDs que iluminam o habitáculo em múltiplas cores. A iluminação não só enfeita a cabine para até cinco passageiros, como também dá alertas de segurança – por exemplo, ficam na cor vermelha para indicar proximidade de outro veículo ao desembarcar. Além disso, conta com teto solar e recursos semiautônomos, além de Head-Up Display suspensão a ar (Airmatic).
Se o EQS é um gigante de mais 5 metros de comprimento e 2,5 toneladas, o EQE não fica muito distante, sendo pouca coisa menor. São 4,94 m de um para-choques ao outro, com 3,12 m de espaço entre-eixos. O porta-malas, entretanto, é bem menor, com 430 litros. No total, são 2.385 kg de peso em ordem de marcha.
Maior autonomia entre os elétricos
Mas se o EQS é um superesportivo que chega aos 100 km/h em menos de 4 segundos, o EQE aposta no outro extremo: será dele a função de ser o elétrico da Mercedes-EQ com maior autonomia. Sua bateria de 89 kWh alimenta um motor elétrico no eixo traseiro com potência de 245 cv e 56 mkgf de torque. A arrancada de zero até 100 km/h é feita em 7,3 segundos, mas a proposta é de andar de modo mais comedido e chegar a 645 km de autonomia.
Com esse alcance, seria possível ir de São Paulo ao Rio de Janeiro sem precisar recarregar. É um patamar semelhante ao ofertado pelo BMW iX, SUV da marca rival.
Brasil fora do mapa da eletrificação?
Com esta ofensiva elétrica, a Mercedes-Benz passa a ter um total de cinco modelos a baterias disponíveis no Brasil. Há ainda a promessa de trazer mais três carros em 2023, todos do segmento de crossovers – entre eles, SUVs derivados do EQE e do EQS. Contudo, apesar disso, não há expectativa de a fabricante deixar de ter modelos a combustão no País num futuro próximo.
Em conversa com o Jornal do Carro, o head de produtos da Mercedes-Benz, Evandro Bastos, afirmou que o cenário é de fortalecimento da oferta de elétricos e de alinhamento à meta global da empresa, que é de zerar a emissão de carbono da operação até o ano de 2039. Mas isso não significa que o portfólio deixe que oferecer modelos a combustão a curto e médio prazo.
“Mas ainda não há meta nacional para ‘virar a chave'”, completou Bastos. A Mercedes-Benz do Brasil está alinhada com a meta global (de zerar o carbono) até 2039, porém isso depende também de ações governamentais. Assim como do desenvolvimento da rede de abastecimento, sobretudo nas capitais, para que o público tenha interesse e se sinta confortável em comprar um veículo elétrico”, complementou o executivo.
Ainda assim, Evandro Bastos aponta que, neste ano, 2% do volume de emplacamentos da Mercedes-Benz no Brasil já será de carros elétricos. “Para 2022, cerca de 2% do volume total de vendas já são de carros a baterias, percentual que deve aumentar em 2023”, afirma.