No início da década de 1990, a Fiat foi a primeira marca a ter um carro moderno com motor 1.0. O Uno Mille foi criado na esteira de um lei que incentivava a produção de veículos mais baratos. Após representar mais de 70% das vendas, seguida de um forte declínio, os 1.0 estão em alta novamente. Atualmente esses motores estão em quatro de cada dez zero-km vendidos no Brasil.
A informação é resultado de um levantamento feito pela IHS Markit exclusivamente para o Jornal do Carro. De acordo com informações da empresa de consultoria, em 2015 participação dos 1.0 nas vendas totais de carros no mercado brasileiro era de 28,54%. No acumulado de janeiro a julho de 2020 essa fatia passou a ser de 38,34%.
Em números absolutos, de janeiro a julho de 2015 foram emplacados 1.489.243 automóveis e comerciais leves no Brasil. No mesmo período de 2020 as vendas foram de 926.337. Os números fazem parte da base de dados da Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias do País.
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Turbo
Entre os destaques do levantamento está o impressionante aumento de participação dos modelos com motor 1.0 turbo. Na comparação do primeiro semestre de 2015 com o mesmo período de 2020, a alta beirou os 15%. Em 2015, esses motores equipavam apenas 0,31% dos carros novos vendidos no Brasil. Agora, equipam 15,29%.
Isso é resultado de um movimento conhecido no mercado como downsizing. Trata-se da redução da cilindrada aliada à melhoria de eficiência e do consumo. Os dois carros que brigam pela liderança de vendas no Brasil, o Chevrolet Onix e Hyundai HB20, têm motores de três cilindros com turbo.
Os motores 1.0 turbo, aliás, vêm substituindo até aspirados de cilindrada maior. Até recentemente era impossível pensar em um SUV, mesmo sendo compacto, equipado com propulsor de 1.000 cm³. Atualmente, a lista inclui representantes como o Chevrolet Tracker e o Volkswagen T-Cross. Os dois estão no ranking dos modelos mais vendidos do País.
SUVs com motor 1.0
E por falar em utilitário, a IHS Markit também destaca alta em vendas de modelos 1.0 com apelo SUV, como, por exemplo, o Renault Kwid. Nesse sub-segmento, a participação saltou de 0,98% para 6,44%. E a tendência é crescimento. Em agosto, os (bons) números de vendas do Volkswagen Nivus passaram a engrossar esse caldo. O SUV-cupê tem o mesmo motor 1.0 TSI, de até 128 cv de T-Cross, Polo e Virtus.
E para dar gás extra à essa disputa, a Fiat volta com toda força ainda neste ano. A promessa é lançar a versão turbo do motor Firefly. Com potência máxima de 120 cv, a ideia é equipar o Jeep Renegade.
Esse talvez seja um indício de que modelos com motor 1.0 possam, em breve, ultrapassar o pico de participação de mercado obtido em 2001. Naquele ano, 69,8% de tudo o que foi produzido no Brasil, carregava o bloco de 1 litro. A afirmação é sustentada pelo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). De fato, é possível dizer que a ideia de que carro 1.000 é fraco virou coisa do passado.