Pouco mais de três semanas após anunciar um novo plano de negócios para a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o conglomerado franco-nipônico já tem novidades para o Brasil. O CEO da Nissan Brasil, Marco Silva, confirmou em entrevista ao Estadão que a empresa e a Renault vão produzir dois novos produtos com a plataforma modular CMF-B no Brasil até 2023. Serão sete produtos no total.
Uma das grandes apostas para ser estrear a plataforma no Brasil é a segunda geração do SUV compacto Nissan Kicks. O SUV fabricado em Resende (RJ) passa a ter versão híbrida e reestilização no ano que vem. O modelo atualmente é produzido sobre a plataforma “V”.
Da Renault, a aposta é um carro compacto, provavelmente o sucessor do Sandero. Já que ele teve mais sucesso por aqui do que o March, que seria o equivalente da Nissan, deve liderar esse segmento. Hoje ele é produzido sobre a plataforma B0, assim como os “irmãos” Logan, Stepway, Duster e Captur.
Da Nissan, outra possibilidade é o X-Trail, o SUV médio da marca apresentado no início da semana. O modelo, contudo, é produzido sobre outra variação modular, a média, CMF-C/D. Atualmente, Renault e Nissan não têm penetração no segmento de médios no País. Registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o X-Trail deve chegar importado no ano que vem ao Brasil. Vem para brigar com Jeep Compass, VW Tiguan, Chevrolet Equinox, entre outros.
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Reduzir custos e tempo de desenvolvimento
Além de reduzir custos de desenvolvimento e produção, o uso de uma plataforma modular reduz também o tempo entre o início de um projeto e a chegada dele às ruas. Carros que levavam cerca de três anos da prancheta à saída da fábrica, agora ficam prontos em dois. A VW prova isso com o uso da MQB e o lançamento de diversos modelos nos últimos anos no País (Virtus, Polo, Nivus, T-Cross e em breve o Tarek).
“A sinergia promoverá economia de custos, ganho de escala, produtividade, eficiência redução de tempo de desenvolvimento de produtos”, disse Marco Silva. Hoje, Nissan e Renault têm fábricas em Resende (RJ) e em São José dos Pinhais (PR), respectivamente, no Brasil. Ele afirmou ainda que com o uso de plataforma compartilhada, o investimento para a produção de novos modelos fica em torno de 40% menor do que a de produtos que não dividem a plataforma.
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Inscreva-seO que é uma plataforma?
A plataforma, além da ideia de “assoalho” do carro, vai muito além disso hoje em dia. O conceito de uma plataforma modular diz que ela pode ter entre-eixos alterável, mas alguns pontos são fixos no conjunto para qualquer um dos carros produzidos sobre essa “estrutura”.
A parte que não se altera nunca dessa plataforma é o ponto de fixação dos pedais, painel corta-fogo e a fixação de motor e câmbio. No mais, tudo pode ser alterado. Desde o tamanho dos balanços dianteiros e traseiros, como a altura da suspensão. Isso permite produzir desde um hatch compacto até um SUV na mesma base.
Além da parte estrutural, o conceito de plataforma modular inclui o compartilhamento de motores, câmbio e eletrônica dos veículos. Outros exemplos de plataforma modular são a GM com a nova família Onix e Tracker, a FCA com os modelos Renegade e Compass; a Peugeot vai estrear em breve no Brasil a CMP. Sobre ela serão produzidos os novos 208 e 2008 que vêm aí.