Há pouco mais de quatro anos, por meio de um referendo histórico, os britânicos votaram para sair da União Europeia. A mudança, repleta de reviravoltas e marcada por trocas de ministros, foi concluída neste ano. Pensando nas possíveis consequências negativas para as relações comerciais, a Bentley se garantiu e reservou aviões cargueiros com o intuito de transportar peças para o Reino Unido.
Enquanto o futuro das relações comerciais entre países da UE e o Reino Unido é incerto, a marca de luxo contratou cinco aviões ucranianos Antonov para garantir sua produção. Isso porque a empresa do Grupo Volkswagen compra 90% de suas peças da Europa Ocidental e vende 24% de seus veículos no continente, de acordo com o que disse seu presidente-executivo, Adrian Hallmark, à cúpula do Future of the Car, evento online realizado pelo Financial Times.
Estoque aumentou de dois dias para três semanas
Além disso, a empresa reservou armazéns adicionais e planejou novas rotas, caso os meios de abastecimento da fábrica e fornecimento do produto fiquem congestionadas. “Costumávamos a operar just-in-time com o estoque de dois dias. Agora temos estoque para 14 dias. São 14 dias úteis, então são três semanas de estoque”.
Continua depois do anúncioO receio da fabricante em haver algum atraso ou paralisação não é de agora. A Bentley já vem planejando à contratação dos aviões há cerca de dois anos. Caso o Reino Unido não consiga firmar um acordo com a Europa, a empresa terá de arcar com 10% a mais de tarifas de importação. Mas Adrian alerta, “interromper fluxos é muito mais perigoso do que as tarifas do Brexit”.
Esse dinheiro, no entanto, sairá de cortes de custos e aumentos nos valores dos veículos. Vale enfatizar que, em junho, a fabricante já havia anunciado que iria cortar 1.000 empregos devido à crise da Covid-19.
Contudo, a Bentley almeja terminar 2020 com mais de 10 mil veículos vendidos e um saldo ligeiramente positivo. Segundo o executivo, as vendas na China aumentaram 35% em comparação à época antes da pandemia, enquanto nos EUA e Europa o crescimento foi de 15%.