A nova Montana vem sendo revelada a conta-gotas pela GM há alguns meses. A picape, que chega às lojas como parte da linha 2023 da Chevrolet, é bem diferente da geração anterior. Ou seja, cresceu, agora tem quatro portas e porte para desafiar a Fiat Toro e a Renault Oroch. A primeira é líder de vendas entre as intermediárias, modelos maiores que as compactas e menores que as médias. Serão quatro versões. Porém, por ora a marca revelou apenas os preços da LTZ, que parte de R$ 134.490, e da Premier, cuja tabela começa em R$ 140.490.
Segundo a Chevrolet, todas têm motor 1.2 flexível com potência de até 133 cv e torque de até 21,4 mkgf, com etanol. Trata-se do mesmo três-cilindros com turbo das versões de topo do SUV Tracker e da linha Onix (hatch e sedã). Nas configurações LTZ e Premier da nova Montana, o câmbio é automático de seis velocidades. Na de entrada, batizada apenas de 1.2 turbo, e na LT, a caixa será manual, também de seis marchas. Conforme a fabricante, os preços das duas serão revelados nesta sexta-feira (10).
Nova Montana é bem equipada
Segundo a Chevrolet, a nova Montana vem bem equipada. De série, a 1.2 turbo vem com rodas de aço de 16 polegadas e sistema multimídia MyLink com tela de 8 polegadas. Bem como com o OnStar, serviço de concierge da GM que é pago a parte e inclui rastreamento. Além disso, há faróis com acendimento automático, protetor de caçamba e seis air bags, entre outros itens.
Depois dela vem LT. Além dos equipamentos acima, há rodas de liga leve de 16″, capota marítima de lona com calha integrada na caçamba, rack de teto e câmera na traseira. Na cabine, há portas do tipo USB também para os ocupantes do banco traseiro. A LTZ acrescenta detalhes externos cromados, chave presencial, partida por botão, sensores de obstáculos na traseira e controle de velocidade de cruzeiro.
Por fim, na Premier, de topo da gama, traz, em vez de cromados, acabamento preto brilhante. Além disso, os faróis são Full-LEDs, há ar-condicionado digital, alerta de ponto cego e carregador de celular por indução. Além disso, há serviço de internet nativo e diagnóstico e atualização de sistemas online, o que reduz a necessidade de visitas às concessionárias.
Nova Montana é maior que Oroch e menor que Toro
A nova Montana utiliza a mesma plataforma modular das linhas Onix e Tracker. Segundo a Chevrolet, a picape tem 4,72 metros de comprimento, 2,8 m de distância entre os eixos e 1,8 m de largura. Assim, é menor que a Toro e maior que a Oroch. Na Fiat são, respectivamente, 4,95 m, 2,98 m e 1,84 m. Conforme a Renault, as dimensões de sua picape são de 4,72 m, 2,83 m e 1,83 m, respectivamente.
Segundo os executivos da Chevrolet, isso é uma vantagem. Ou seja, a nova Montana teria dimensões adequadas para o padrão das vagas de estacionamento de grandes cidades, como São Paulo. Assim, ao menos no discurso de quem precisa vender seu peixe, é bem fácil manobrar e estacionar a nova picape. Contribui com isso o diâmetro de giro, de até 11,5 m.
Na prática, isso quer dizer que a nova Montana precisa desse espaço para fazer uma manobra completa de retorno quando o motorista aponta o volante totalmente para um dos lados. Conforme o pessoal da GM, a Toro precisa de 12,2 m para realizar a mesma manobra.
Caçamba tem até 874 litros
De acordo com a Chevrolet, a nova Montana pesa 1.273 kg, no caso da versão de entrada, e 1.310 kg no da opção de topo. Além disso, a capacidade da caçamba varia de 874 litros a 800 l, respectivamente. A explicação é que na da Premier há protetor plástico, sistema de escoamento de água e bordas mais largas, que se integram à capota marítima.
Aliás, para facilitar a amarração de carga há oito ganchos na parte interna do compartimento. Porém, em vez de serem todos na mesma altura, há dois níveis de distância do assoalho. Ou seja, é bem mais fácil prender objetos de tamanhos e alturas diferentes.
Porém, o maior trunfo da nova Montana está na cabine. Conforme a fabricante, quatro adultos e uma criança podem viajar com conforto mesmo se o percurso for longo. Para isso, o banco traseiro é feito com base nos moldes dos assentos do SUV Tracker. A marca também informa que há bom espaço para joelhos e cabeças e que as janelas laterais são mais largas que as das rivais. Porém, faz falta uma saída de ar-condicionado para os ocupantes do banco de trás.
Em movimento
Segundo os engenheiros da GM, os sistemas de mapeamento de motor e a central eletrônica, entre outros, podem ser atualizados remotamente, como os aplicativos de celular. Seja como for, no dia a dia soluções como o multimídia com tela central de 8″ e a mais recente versão do sistema MyLink é que fazem a diferença. Assim como a internet a bordo. Porém, curiosamente o painel de instrumentos da nova Montana é analógico. Ou seja, há apenas uma telinha de umas 4″ com dados em preto e branco.
De acordo com a empresa, essa solução estava prevista no projeto original do carro. Assim, não teria a ver com recente falta de componentes, sobretudo eletrônicos. De qualquer modo, tanto a pandemia de covid-19 quanto a guerra na Ucrânia são apontadas como responsáveis, ao menos em parte, pelo atrasado no lançamento do modelo no Brasil.
Seja como for, a área de engenharia da GM conseguiu fazer um bom acerto na nova Montana. Como resultado, a picape tem respostas parecidas com as de SUVs. Colabora com isso o peso menor que o das rivais. São cerca de 250 kg a menos que a Oroch e 400 kg que a Toro, dependendo da versão.
Suspensão híbrida
Além disso, a suspensão dianteira é típica de carros de passeio. Porém, a traseira traz uma solução intermediária, com eixo rígido e duplo batente de rigidez variável. Ou seja, é uma espécie de sistema híbrido entre o utilizado em veículos de passeio e de transporte de carga, informa a fabricante.
No mesmo sentido, um recurso eletrônico no painel de instrumentos permite indicar o nível de carga que está sendo transportada. Entretanto, não dá para ajustar a rigidez de de molas e amortecedores, por exemplo. Trata-se mais de uma firula. Afinal, esse sistema só mostra qual deve ser a pressão dos pneus. Por sua vez, os freios traseiros são a tambor.
Seja como for, a Chevrolet informa que o sistema tem novo ajuste, também um meio termo entre o que se esperaria de uma picape e de um SUV. Na prática, a nova Montana é ágil tanto nas mudanças de trajetória em vias rápidas quanto no trânsito pesado. Além disso, ela não quica ao passar em valetas, lombadas e buracos. Vale lembrar que a avaliação foi feita com a caçamba vazia.
Bom fôlego
No test-drive, percorremos cerca de 240 km em trechos de serra e rodovia, entre Curitiba e Paranaguá, na região litorânea do Paraná. Na estrada, deu para conferir o ajuste bem “firme” da picape. Com isso, em velocidades altas as respostas da suspensões tiram um pouco do rodar confortável que marcou o percurso em trechos urbanos. Porém, isso não chega a incomodar.
Além disso, os vidros e os painéis de porta filtram bem os ruídos que vêm de outros carros. Seja como for, a partir dos 100 km/h e com o conta-giros acima das 2.100 rotações, o barulho do motor invade a cabine. De qualquer modo, parece que o 1.2 turbo em conjunto com o câmbio automático de seis marchas está sempre trabalhando com folga.
Como resultado, em manobras como ultrapassagens e retomadas de velocidade impera a sensação de segurança. Além disso, como a faixa de entrega de torque máximo começa cedo, privilegia o consumo de combustível. Assim, a picape é uma das mais econômicas do Brasil, de acordo com a fabricante.
Nova Montana é frugal
Segundo dados do Inmetro, a nova Montana pode rodar 8,3 km na cidade e 9,6 km na estrada com um litro de etanol. Com gasolina, os números são de, respectivamente, 12 km/l e 13,6 km/l. Isso no caso das versões de entrada. Para as de topo, o consumo é de 7,7 km/l de etanol na cidade e 9,3 km/l na estrada. Com gasolina, são de, respectivamente, 11,1 km/l e 13,3 km/l. Em breve, vamos mostrar como a picape se comporta com a caçamba carregada e quatro pessoas a bordo.
De todo modo, a nova Montana é repleta de virtudes. Assim, os executivos da Chevrolet dizem que ela pode disputar compradores até mesmo com a Ford Maverick. Seja como, for, eles calam sobre as estimativas de vendas. Atualmente, o segmento de picapes é o segundo mais aquecido do mercado brasileiro, com cerca de 4,5% de participação. O mais disputado é o de SUVs, sobretudo compactos.
A líder de vendas, Fiat Toro, teve quase 50 mil unidades emplacadas em 2022. Ou seja, foram, em média, mais de 4,1 mil por mês. Por sua vez, a antiga geração da Montana somou cerca de 2 mil vendas em 2021, último ano em que foi oferecida no Brasil.
Dez mil vendas antes da estreia
Porém, a nova Montana parece ter muito mais fôlego do que a anterior. Afinal, desde o início do período de pré-venda, em dezembro de 2022, já foram encomendadas cerca de 10 mil unidades. Aliás, logo de cara 2 mil pedidos foram feitos em poucos minutos, de acordo com a marca.
Além disso, a Chevrolet pretende expandir a oferta do modelo além das fronteiras do Brasil. Ou seja, a marca vai exportar a nova Montana para vizinhos do Mercosul – Argentina, Uruguai e Paraguai. Bem como Chile, Peru, Colômbia e Equador e, no futuro, México. Vamos ficar de olho.
Atualizada em 13/2 às 13h20
O jornalista viajou ao Paraná a convite da GM