Entre protótipo do SUV da Fiat, T-Cross, Camaro, McLaren Senna, Mercedes One e tantas outras máquinas, um carro conhecido foi o que acabou gerando grande comoção há quase um ano, no Salão do Automóvel de São Paulo. Esse modelo, o Volkswagen Polo GTS, conseguiu emocionar e cativar o público por causa da sigla que acompanha seu nome.
GTi, GTS… O jovem entusiasta automotivo dos anos 80 sonhou com as versões do Gol que carregavam esses sobrenomes. Eram versões especiais do carro mais popular do Brasil. Versões esportivas.
Aquele jovem, que virou adulto, provavelmente ainda embala suas lembranças da juventude com essas siglas. O apelo emocional é forte. E, a partir do início do ano que vem, o emblema GTS estará de volta às ruas, para reviver a era dos esportivos brasileiros.
Mas não no Gol. O Polo, compacto que foi o escolhido da Volkswagen para carregar as inovações tecnológicas que a marca traz ao segmento, ficará com essa responsabilidade. E seu irmão Virtus.
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Polo GTS e Virtus GTS devem estrear ao mesmo tempo, e só terão seus preços divulgados na data do lançamento. A montadora, no entanto, antecipou um pouquinho dessas novidades, em avaliação no autódromo da Fazenda Capuava, no interior de São Paulo.
O Virtus estava lá, parado, posando para fotos. Mas foi o Polo GTS o escolhido para rasgar as curvas do circuito de cerca de 1,5 km. O exemplar é o protótipo mostrado no Salão do Automóvel mas, de acordo com o departamento técnico da Volkswagen, é praticamente o modelo final.
Perderá pouco. Não vai vir com os LEDs dos faróis auxiliares, mas os principais serão full-LEDs – com detalhe vermelho, a cor da linha GTS. Algumas partes do protótipo estavam cobertas ou disfarçadas, como as rodas de 17 polegadas, que serão exclusivas.
Fitas adesivas foram colocadas sobre inscrições na grade frontal e na traseira. Nestes locais, é esperado o emblema GTS.
Por dentro, os bancos são esportivos, com apoio de cabeça integrado, revestimento de couro e tecido e costura vermelha aparente. Exclusivos da versão GTS, têm grandes suportes laterais, que dão apoio ao corpo sem atrapalhar o movimento dos braços.
O vermelho está por toda parte na cabine: no contorno das saídas de ar e de detalhes do console central, na costura aparente do volante esportivo e nos grafismos do painel de instrumentos virtual.
De acordo com a Volkswagen, o painel é o do Polo GTi europeu. Na atual geração, esta versão não veio ao Brasil.
Já a central multimídia é a do Polo Highline. Porém, ganhou um painel de desempenho, com mostradores como força G e pressão do turbo, além de cronômetro.
Tudo no Polo GTS será de série. Mudarão apenas as cores, que a Volkswagen ainda não divulgou quais serão. Na Capuava, o hatch era cinza e o sedã, branco. Não haverá teto solar.
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E o acabamento do Polo GTS?
Um dos pontos fracos da linha Polo, o acabamento recebeu um tratamento especial para melhorar a aparência. A qualidade, no entanto, não teve ganho considerável.
Os plásticos continuam muito duros, mas estão mais bem decorados. Não foi colocado nenhum tecido no revestimento das portas. Porém, no painel à frente do passageiro há um plástico em tom claro de cinza, para dar à cabine um aspecto mais esportivo.
O interior ficou bonito, mas não bem acabado. Porém, como se trata de um protótipo, ainda pode melhorar na versão final.
Acelerando o Polo GTS
É claro que um modelo que tem a responsabilidade de reviver a sigla GTS não poderia ter apenas firulas virtuais. No Polo GTS, o conjunto mecânico é do T-Cross topo de linha, e também a do agora saudoso Golf Highline – o modelo saiu de linha recentemente.
O motor é o 1.4 turbo flexível de 150 cv, combinado ao câmbio automático de seis marchas. Segundo a Volkswagen, a transmissão é da mesma família do Polo Highline, mas não exatamente a mesma. A aplicação é diferente. A tração é dianteira.
O Polo GTS acelera muito? Ele acelera bem, mas a pequena reta do circuito da Fazenda Capuava não foi o cenário ideal para levar essa capacidade ao limite.
A Volkswagen ainda não divulgou o peso do carro, mas, considerando que não foi feito nenhum trabalho para reduzi-lo, deve ficar um pouco acima dos 1.147 quilos do Polo Highline.
Por isso, temos muita potência, e bom torque em baixa rotação (25,5 mkgf a 1.500 rpm) para um carro leve. O tempo para acelerar o Polo GTS de 0 a 100 km/h é outra informação que a VW deixou para o lançamento, mas imagine um intervalo um pouco mais baixo que o do T-Cross Highline (topo de linha), que cumpre essa missão em 8,7 segundos.
Só que não tão mais baixo. O Polo GTS cumpriu bem a missão de retomar velocidade com agilidade a partir de baixas rotações, e se mostrou bastante rápido. Mas nada além do esperado.
Ante a versão Highline, o modelo ganhou quatro modos de condução: econômico, normal, esportivo e individual. Eles alteram parâmetros como a curva de entrega do torque e o ruído do motor.
No primeiro caso, não deu para sentir grande diferença entre os modos normal e esportivo, os usados na avaliação.
Quanto ao ruído do motor, a VW implementou no Polo GTS um sistema que se comunica à central ECU, projetando na cabine um som levemente instigante nas acelerações. Isso apenas quando o modo esportivo está acionado.
O destaque do compacto apimentado
Em um bate papo que precedeu o teste do Polo GTS, foi debatida a diferença entre muscle cars como Chevrolet Camaro e Ford Mustang e esportivos como o Porsche 911. Os primeiros, criados a partir de parâmetros das retas rodovias dos EUA, foram feitos, nos primórdios, para acelerar forte, sem contudo trazer uma grande preocupação com o desempenho em curvas.
Levando em consideração o conceito, mesmo que conseguissem fazer um 0 a 100 km/h em tempo mais baixo que um 911, acabariam ficando para trás em um circuito com curvas, já que o Porsche sempre se destacou pela estabilidade exemplar. Por isso, tanto ou mais que a pura velocidade, em um esportivo o comportamento dinâmico é essencial.
E aí está o destaque do trabalho realizado pela Volkswagen com o Polo GTS. O carro é muito firme nas curvas, que contorna com autoridade, usando seu conjunto mecânico forte para garantir rapidez nas saídas desses trechos.
Os freios, mesmo sem mudanças, trabalham bem. E as trocas de marcha são feitas no tempo certo mas, se o condutor quiser ter mais controle, há hastes para mudanças atrás do volante.
Para atingir esse desempenho, o hatch passou por algumas alterações. Houve grande preocupação com a melhoria da rigidez torcional. Por isso, o eixo traseiro é novo, semelhante ao do T-Cross, mas não idêntico – há peças diferentes.
Já a suspensão dianteira recebeu nova barra estabilizadora. Tudo para deixar o Polo GTS mais grudadinho no chão.
A direção traz mudanças na central eletrônica de assistência, para ficar mais dura e dar mais segurança em alta velocidade. Nessa situação, o carro está mais firme, menos “bobão”, com respostas bem diretas. Um acerto muito bem feito para dar destaque à experiência em curvas e mudanças de trajetória.
O pequeno teste conseguiu deixar claro que o Sandero RS, por enquanto o “pocket rocket” brasileiro, vai ter concorrência pesada a partir de 2020. Além da memória afetiva, o Polo GTS traz bons atributos para cativar entusiastas e saudosistas.
PRÓS
Comportamento dinâmico
Mudanças nas suspensões e direções deixaram o carro muito equilibrado em curvas e mudanças de trajetória.
CONTRAS
Acabamento
Foram feitas melhorias visuais, mas plástico continua muito duro e não há revestimentos de tecido nos painéis.
FICHA TÉCNICA
Preço sugerido – Não divulgado
Motor – 1.4, 4 cilindros, 16V, turbo, flexível
Potência – 150 cv a 5.500 rpm
Torque – 25,5 mkgf a 1.500 rpm
Câmbio – Automático, seis marchas
Tração – Dianteira
Comprimento – 4,05 metros
Altura – 1,47 metro
Porta-malas – 300 litros
FONTE: VOLKSWAGEN