A nova geração do Hyundai Creta estreou no Brasil faz seis meses, e, desde então, o SUV compacto feito em Piracicaba (SP) está bem nas vendas. Parte do desempenho vem da geração anterior, o Creta Active 1.6, que continua em linha. Mas logo ele será aposentado, e caberá ao novo Creta manter o vigor. A missão parece tranquila, porém, com a disparada dos preços dos carros, o modelo da Hyundai está cada vez mais colado nos SUVs médios, como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross.
O Jornal do Carro testou o Creta Ultimate, versão topo de linha que traz motor 2.0 flex e câmbio automático de seis marchas. O conjunto é o mesmo do modelo anterior, mas recebeu ajustes para ficar mais eficiente e cumprir os novos limites de emissões do Proconve L7. Na prática, o 2.0 Smartstream agrada mais que o 1.0 turbo. O desafio é o preço. Após reajustes, a versão mais completa do SUV da Hyundai custa salgados R$ 163.990.
Preço x Tamanho
Para comparação, o Corolla Cross XR com motor 2.0 flex e câmbio CVT tem preço de R$ 161.990. Ou seja, é R$ 2.000 mais barato que o Creta Ultimate, e, na linha 2023, traz recursos semiautônomos, como frenagem automática de emergência, controle de cruzeiro adaptativo e assistente de permanência em faixa. O SUV da Hyundai também tem tais recursos e é bem mais completo de equipamentos. Porém, é um pouco menor.
O novo Creta mede 4,30 metros de comprimento por 1,79 m de largura e 1,62 m de altura. O entre-eixos tem 2,61 m. Com essas medidas, é um dos maiores SUVs compactos do mercado. Porém, os médios são encorpados. O Corolla Cross, no caso, tem 4,46 metros de comprimento por 1,82 m de largura e 2,64 m de entre-eixos. A altura é a mesma, com 1,62 m. Já o porta-malas do Toyota leva 440 litros, enquanto o Hyundai recebe 422 l.
Mas é preciso reconhecer que o Creta Ultimate tem seus trunfos. O espaço interno sem dúvida é um deles. A cabine recebe cinco adultos com conforto e sobras para pernas e cabeças no banco traseiro, que conta com uma porta USB. Além disso, o SUV da Hyundai vem cheio de recheio. Há itens de alto valor agregado, como teto solar panorâmico, farol alto adaptativo e o moderno sistema de câmeras 360º com imagens de alta definição.
Conteúdo tecnológico
O Creta Ultimate vai na tendência da indústria. O SUV aposta todas as fichas no vasto conteúdo tecnológico. Por isso, há tudo e mais um pouco. A lista de segurança, por exemplo, tem seis airbags, incluindo bolsas laterais do tipo cortina, Isofix, controles eletrônicos de estabilidade e de tração, assistente de arranque em rampas, detector de fadiga do motorista, sensores de obstáculos dianteiros e traseiros, e câmeras de ponto-cego.
Ao acionar as luzes de seta para fazer uma conversão, imagens das laterais são exibidas na tela de 7″ do quadro de instrumentos. O motorista, então, consegue ver se há outro veículo próximo antes de iniciar a manobra. Essa mesma tela atrás do volante pode ser customizada. Há uma grande variedade de informações, como, por exemplo, gráficos que indicam se uma das portas está aberta ou como está a pressão dos pneus.
Conectividade é ponto alto
Outro ponto importante é a qualidade percebida a bordo. A Hyundai caprichou mais no interior dessa nova geração, que continua a ter opção de duas cores. Ainda há muito plástico rígido, mas outras peças dão um toque elegante, como molduras black piano e prata. Esse “refinamento” também é visto em itens como o freio de estacionamento eletrônico por botão com função Auto Hold, que trava os freios ao parar no trânsito.
Conectividade é outro ponto forte do Creta Ultimate. O SUV traz o Bluelink, serviço conectado da Hyundai que permite ver informações do veículo e dar comandos à distância pelo smartphone. A bordo, tem carregador de celular sem fio e o destaque é a central multimídia com tela de 10,25″, a maior dentre os SUVs compactos nacionais. Ela é retangular, tem resolução full HD e espelhamento com Android Auto e Apple CarPlay. Entretanto, a conexão com os sistemas ainda é feita por meio do cabo USB.
Motor agrada, mas não empolga
Sentado no banco do motorista, tudo é bem moderno e nada lembra o Creta anterior. No geral, a sensação é de se estar ao volante de um modelo de última geração. Com os sistemas semiautônomos de segurança, o SUV corrige a trajetória e detecta animais, pedestres e ciclistas. Ao manobrar, a câmera 360º torna a baliza mais fácil. Para citar algo que o SUV fica devendo, poderia ter ajustes automáticos no assento do motorista.
Ora, mas o novo Creta não tem pontos negativos? Pode contar que sim. A mecânica não é um símbolo positivo da nova geração. O motor 2.0 16V flex de quatro cilindros tem presença no SUV, e entrega uma direção mais prazerosa que o 1.0 turbo de três cilindros e injeção direta das demais versões básicas. São até 167 cv de potência com etanol e 20,6 mkgf de torque máximo a 4.700 rpm. Ou seja, bem mais que os 120 cv e 17,5 mkgf do 1.0 turbo flex que veio emprestado da linha HB20.
Pouco contra os rivais 1.3 turbo
Combinado ao câmbio automático de seis marchas, o Creta Ultimate é mais rápido, sobretudo no modo Sport. A Hyundai anuncia aceleração de zero a 100 km/h em 9,3 segundos, bom tempo para um SUV alto com 1,3 tonelada. Mas, com esse conjunto, o novo Creta não fará frente aos modelos com motores 1.3 turbo. É o caso do Renault Captur e do recém-lançado Duster turbo de 170 cv. E vem aí o Jeep Renegade 1.3 turbo de 185 cv.
Se fica divertido no modo Sport, o Creta 2.0 também bebe mais. Em nosso teste, chegou a marcar 6,5 km/l com etanol na cidade. Pelos dados do Inmetro, o SUV faz médias de 7,7 km/l na cidade e de 8,7 km/l na estrada com etanol. Já com gasolina no tanque, roda 10,9 km/l em ambiente urbano, e 12,4 km/l no ciclo rodoviário. Diante de tantas modernidades, falta ao Creta um motor mais forte e moderno.
Vale a compra?
O novo Hyundai Creta é atualmente um dos SUVs mais modernos do Brasil. Na versão Ultimate 2.0 flex automática, traz o que há de mais avançado em segurança e conectividade. O seu ponto fraco é o conjunto mecânico mais tradicional. Ao volante, o SUV convence com as várias tecnologias. O espaço interno é outro trunfo. O que pode atrapalhar é o preço na faixa dos SUVs médios. Em São Paulo, onde o ICMS é maior, o Creta Ultimate beira R$ 170 mil. Aí é outra categoria.