Por mais que a nova estratégia da Renault passe a focar em carros mais caros na América Latina daqui para frente, é difícil que a marca francesa abandone os segmentos de entrada no Brasil. Sucesso, principalmente, entre motoristas de aplicativos, taxistas e, por que não, consumidores comuns que prezam por um bom porta-malas, o Logan, mesmo ultrapassado frente à concorrência, não chega a fazer feio. Mas, ainda oferecendo o básico, não sai por menos de R$ 71.490 na opção Zen.
Nela, o motor tem 1.0 litro e três cilindros. O SCe de 12V tem 82 cv de potência máxima e 10,5 mkgf de torque — dados com etanol no tanque. A força, no entanto, aparece a tardios 3.500 rpm o que, notavelmente, compromete o desempenho. Na prática, a 120 km/h o ponteiro do conta-giros estaciona nos 4.000 giros. É barulhento.
Aliás, mecânica não é o forte do Logan. Ao contrário de alguns adversários, o sedã da Renault não quis saber de turbo e abandonou a transmissão CVT pelo caminho. O câmbio automático (que era ruim, diga-se) foi tarde. Restou, contudo, o manual de cinco marchas. A alavanca é longa em demasia e a precisão passou longe, mas não é de todo ruim. Ao menos, a embreagem é leve e não cansa quem passa muito tempo ao volante.
Suspensões
Mas se tem um ponto que o Logan merece elogios é no conjunto de suspensões. Na dianteira, é usado o tipo McPherson e, atrás, o conjunto semi-independente. Ponto para o bom desempenho. Destaque, sobretudo, para o trabalho de filtragem das imperfeições do asfalto, sem dar pancadas secas. Palmas para a (quase) ausência de ruídos.
Economia é vantagem no Renault Logan
Durante nossa avaliação, o Logan registrou média de 10 km/l em percurso urbano e rodoviário — a ausência de trânsito em tempos de pandemia, certamente, contribuiu para tal resultado. Com o tempo, de fato, a Renault aprendeu a fazer carros menos beberrões, como outrora.
Por outro lado, chegar a 2021 ainda com direção eletro-hidráulica é um pecado. Dura demais, pesada demais e ultrapassada demais para um carro urbano nos dias de hoje. Haja braço.
Visual
Por falar em desatualização, enquanto acompanhou a chegada de modelos inéditos e a reformulação total de alguns concorrentes — como Chevrolet Onix e Hyundai HB20S, por exemplo — o Renault Logan parou no tempo e segue com a geração de 2013. Ganhou pequenos retoques, mas nada que o deixasse atrativo a ponto de chamar a clientela.
Mas gosto não se discute e, nele, a ideia é conquistar pela funcionalidade, não pela beleza. De qualquer forma, acredita-se que o novo Logan, inspirado no Tailant, aterrisse em breve no País.
E, funcionalidade, ele tem. Principalmente quando se fala em medidas. O três-volumes, de 1.042 kg, tem boa altura em relação ao solo, 510 litros de porta-malas e o generoso entre-eixos de 2,64 metros, que rende, também, bom espaço para quem viaja no banco de trás. Isso explica o motivo de ser o queridinho do segmento comercial.
Pulando para a parte da frente, falta comando elétrico para retrovisores, o acabamento é simples, o volante não é multifuncional (a Renault insiste no comando satélite) e há plástico para todo lado.
Equipamentos de série
Na lista de série, o Logan Zen tem multimídia com tela de 7 polegadas compatível com Android Auto e Apple CarPlay, indicador de trocas de marcha, luzes diurnas de LEDs, ar-condicionado e banco do motorista com regulagem de altura. Porém, o volante não tem ajuste de profundidade. Além disso, num carro com 4,35 metros de comprimento, sensor de obstáculos não poderia falta. Vidros e travas têm comando elétrico.
Para a segurança, apesar de não incluir controle de estabilidade (ESC) nem assistente de partida em rampas, a lista é boa. Tem quatro airbags (frontais e laterais), alarme, travamento automático das portas a partir de 6 km/h, sistema Isofix para fixação de cadeirinhas e os obrigatórios freios ABS. É com base nisso que fica explícita a preferência dos motoristas e frotistas, pois, mesmo desatualizado, o Logan ainda atende quem precisa de um carro pouco visado, econômico, seguro e, principalmente, espaçoso.