Após 75 dias com as portas fechadas, concessionárias e lojas independentes voltaram a funcionar na cidade de São Paulo. Ao meio-dia da sexta-feira passada, o gerente de vendas da Chevrolet Nova, autorizada na zona sul da cidade, George Willyan de Almeida, voltou a fazer atendimento presencial. E a venda de carros foi animadora. Almeida fechou 13 negócios no fim de semana nas três lojas da rede na capital. “A circulação está começando a aumentar.”
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Inscreva-seO diretor da autorizada Kia Stern, na região dos Jardins, Walter Raucci, também mostrou confiança. “Na sexta-feira, vendemos três carros e no sábado, dois.” Até a tarde de segunda-feira a loja havia vendido mais um. “Está abaixo da pré-pandemia, mas é um bom começo.” Raucci estima que há uma demanda reprimida, que estava à espera da normalização de mercado. “Não vai ser como antes, mas as vendas devem engrenar”, diz.
A prefeitura da capital determinou que por enquanto os estabelecimentos operem de portas abertas por apenas quatro horas por dia. Além disso, entre outras medidas de segurança, a abertura e o fechamento devem ser feitos fora do chamado horário de pico. As portas só podem ser abertas a partir das 10h e devem fechar antes das 17h.
Venda de carros deverá ter retomada gradual
O presidente da Fenabrave, entidade que congrega as associações das concessionárias, Alarico Assumpção Júnior, confia na retomada gradual das atividades. Ele diz que a entidade pediu à prefeitura abertura total (sem a limitação de horários, por exemplo). Porém, se mostrou satisfeito com a liberação parcial.
De acordo com ele, a cidade de São Paulo tem 377 concessionárias. Elas representam 5,2% das autorizadas de todo o País (7.300 lojas), mas respondem por 7,5% das vendas totais. Durante o período em que a abertura estava proibida, no entanto, as vendas na capital representaram somente 0,4% do total verificado em todo o Brasil.
Embora boa parte das montadoras ainda esteja com produção interrompida ou operando de forma reduzida, o presidente da Fenabrave garante que não há desabastecimento. “No ritmo de vendas atual, há estoque para 90 dias”, afirma.
Quanto aos preços de carros novos, Almeida, da Chevrolet Nova, diz que ainda tem estoque de carros adquiridos antes do aumento da tabela feito pela montadora, em março. Há, portanto, ofertas por valores antigos.
Marcas investem em promoções
A Peugeot é uma das marcas que estão oferecendo condições especiais. Para o 2008, os bônus podem passar de R$ 16 mil. Além disso, o pagamento da primeira parcela do financiamento vence no ano que vem. A promoção vai até a próxima segunda-feira, dia 15.
No caso da versão Griffe 1.6 automática ano/modelo 2020/20 na cor vermelho Rubi, o preço cai de R$ 88.490 para R$ 79.290. O SUV vem de série com ar-condicionado digital de duas zonas, seis air bags, rodas de liga leve de 16”, teto solar e sensores de chuva e faróis, entre outros itens.
Peugeot 2008 tem abatimento de até R$ 16.600
Já o 2008 Allure Pack sai de R$ 86.590 por R$ 69.990, abatimento de R$ 16.600. A primeira parcela também só vence no ano que vem. Entre os itens de série há faróis diurnos de LEDs, luzes de neblina, limitador e regulador de velocidade, câmera de ré e rodas de 16”.
A Jeep também está com promoção voltada ao público PCD e estendeu aos modelos 2020 alguns benefícios que eram oferecidos à linha 2019. As reduções vão de 11% a 17%, além da isenção de IPI. O nível de desconto depende do modelo e da versão.
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Até o dia 2 de julho, há ofertas que vão além do patamar de R$ 70.000. Esse é o limite legal para que os veículos tenham isenção de IPI e ICMS (acima desse valor, o desconto vale apenas para o IPI).
No caso da versão Série S do Compass com motor 2.0 turbodiesel, a tabela cai de R$ 205.990 para R$ 164.792 sem o imposto. Com desconto de 17%, o preço final é de R$ 136.777. O Compass Limited com motor 2.0 flexível sai de R$ 153.990 por R$ 116.533. O preço inclui as isenções para o público PCD e o desconto de 16%.
O Renegade Trailhawk 2.0 turbodiesel pode sair de R$ 152.990 por R$ 108.929, aplicando-se a redução de IPI mais o desconto de 11%. Para o Renegade Longitude 1.8 flexível, o preço baixa de R$ 106.190 para R$ 82.273 (sem considerar o imposto e com desconto de 14%).
Usados podem sofrer desvalorização
Os preços de usados e seminovos também podem cair. De acordo com o presidente da Fenabrave, as locadoras de automóveis colocaram muitos veículos seminovos para revenda. Na maioria dos casos, são veículos que estavam sendo alugados por motoristas de aplicativos. Com a queda da demanda do serviço, por causa do isolamento social, muitos profissionais acabaram devolvendo os veículos. Como resultado, segundo Alarico Júnior, isso acabou gerando “mais oferta do que demanda”.
Bancos estão recusando crédito
O maior problema apontado pelo executivo, no entanto, é a escassez de crédito. Com a insegurança no futuro da economia gerada pela crise sanitária, os bancos estão recusando a maior parte dos pedidos de financiamento. Segundo Alarico Júnior, “65% das vendas precisam de financiamento, mas a aprovação está difícil”. “Antes da crise, a cada dez pedidos de crédito, sete eram concedidos. Logo após a crise, a concessão caiu para três”, afirma. No mês passado, ele diz que a média ficou em 5,6 autorizações a cada dez pedidos.
De acordo com balanço feito pela Fenauto, associação de revendedores de veículos usados, as vendas de maio tiveram queda de 65,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, o recuo foi de 34,4% sobre igual período do ano passado. Mas a entidade vem registrando uma lenta recuperação a cada semana. Segundo a Fenauto, foram vendidos 23.737 veículos na última semana de maio, ante 18.367 unidades nos últimos sete dias de abril.
A Auto Avaliar – plataforma de comércio de veículos usados e seminovos que presta serviços para concessionárias – também detectou queda nos preços dos usados. “Em alguns casos, o consumidor busca fazer dinheiro com o automóvel que possui numa transação com um veículo mais barato”, afirma José Rinaldo Caporal, CEO da empresa. Essa modalidade é conhecida como “troca com troco”. Por causa do mercado de usados e seminovos bem abastecido, o vice-presidente comercial da empresa, Daniel Nino, diz que o lojista, se for comprar um veículo usado, pode desvalorizá-lo em cerca de 8%. A razão é que no momento a maioria das lojas não está interessada na compra. Mas ele avalia que essa desvalorização é passageira. “O carro usado é resiliente na crise, e já há lojistas pagando melhor.