Pouco mais de um ano depois da formação do grupo Stellantis, a Peugeot aproveita a união com a Fiat para fazer seu hatch compacto vender como nunca antes. Desde que estreou no mercado brasileiro na geração anterior, em 2013, o 208 sempre foi coadjuvante no segmento. Entretanto, desta vez, o carro de entrada da marca francesa vem com tudo para cima dos líderes Hyundai HB20 e Chevrolet Onix. Ele acaba de receber um reforço do “irmão” Fiat Argo: agora tem motor 1.0 Firefly flex e câmbio manual de cinco marchas.
Com este conjunto, o Peugeot 208 passa a ter preços competitivos. A versão básica Like 1.0 flex parte de R$ 72.990, e a opção Style, principal aposta de vendas, tem tabela de R$ 79.990. Importante dizer que esses valores são promocionais. Ou seja, terão reajuste em breve. Até porque o 208 1.0 não chega para ser figurante. Ele traz uma lista de conteúdos agressiva, que vai dar trabalho aos medalhões. Desde a versão de entrada, tem, por exemplo, luzes diurnas de LEDs, que iluminam os apêndices dos faróis que simulam os “dentes de sabre”.
Leão com novo rugido
Para instalar o motor 1.0 Firefly flex de três cilindros e seis válvulas, a engenharia da Peugeot precisou fazer vários ajustes. A marca recalibrou os sistemas de admissão, refrigeração e escape, trocou chicotes e mexer nos pontos de fixação. Entre os componentes, substituiu alternador, compressor e sonda lambda, por exemplo, não só para adaptar o motor à plataforma CMP, mas para cumprir os novos limites de emissões do Proconve L7.
Assim, o Peugeot 208 1.0 flex apresenta números de potência e torque diferentes do Fiat Argo (77 cv). No hatch da marca francesa, o motor gera 75 cv de potência com etanol e 71 cv com gasolina, ambos a 6.000 rpm. Já os torques máximos são de 10,7 mkgf e 10 mkgf, respectivamente, entregues a 3.250 rotações por minuto. No gráfico de curva, o torque surge com presença a 2.750 rpm. A Peugeot anuncia como o maior da categoria.
Já o câmbio manual de cinco marchas é o mesmo da Fiat e não teve muitos ajustes. A montadora basicamente mexeu na relação de marchas, para dar uma tocada própria ao 208. De resto, o hatch não apresenta mudanças na carroceria. O visual é o mesmo da atual geração.
Nota A de consumo no Inmetro
Um ponto esperado eram os números de consumo. Afinal, além do preço dos combustíveis estarem nas alturas, era fundamental o 208 ter boa nota no Inmetro para fazer frente aos rivais. Pois a Peugeot anuncia ótimos números no compacto – segundo a marca, os melhores da categoria. Com gasolina, o hatch faz médias de 14,7 km/l na cidade, e de até 16,3 km/l na estrada. Já com etanol, são 10,4 km/l no ciclo urbano, e 11,3 km/l no rodoviário.
Para ilustrar a disputa, o Hyundai HB20 com motor 1.0 flex de três cilindros e 12 válvulas faz médias de 13,3 km/l e 14,6 km/l com gasolina, e de 9,5 km/l e 10,5 km/l com etanol, na mesma ordem. Já o Chevrolet Onix 1.0 flex tem médias de 13,9 km/l e 16,7 km/l com o combustível fóssil, e de 9,9 km/l e 11,7 km/l com o combustível vegetal. Dessa forma, o Peugeot 208 perde para o Onix no consumo em estrada. Mas tem médias melhores na cidade.
Nova tela de 10,3 polegadas
Além do reforço mecânico, o Peugeot 208 traz novos conteúdos na linha 2023. E não é qualquer coisa. O hatch estreia a nova multimídia de 10,3 polegadas, que ocupa o topo central do painel. Além da tela bem maior que a anterior, o equipamento tem espelhamento sem fio com Android Auto e Apple Carplay, e acompanha, a partir da versão Style, o carregamento sem fio (por indução) para smartphones. Para completar, traz duas entradas USB no console.
Esta mesma tela estará presente na nova geração do Citroën C3, que estreia no Brasil em junho. É possível inclusive que o conjunto mecânico já ajustado pela Peugeot equipe também o hatch da marca do duplo chevron. Entretanto, o novo 208 tem alguns equipamentos inéditos entre modelos 1.0 flex. É o caso do teto solar panorâmico e das rodas de liga leve de 16 polegadas, que tem acabamento em black piano na versão Style.
Primeiras impressões
O Jornal do Carro foi até Indaiatuba, no interior paulista, acelerar o novo Peugeot 208 1.0 flex em circuito fechado. Assim, o primeiro contato se resumiu a algumas voltas na pista com desenho travado e cheio de curvas. Mas deu para ter uma noção do que o modelo da marca francesa entrega. Para começar, ao dar a partida na ignição, nota-se a vibração característica do 1.0 de três cilindros da Fiat. Ele se faz presente também no ronco mais metálico.
Entretanto, a Peugeot caprichou no isolamento da cabine. Do lado de dentro, o motor 1.0 fica bem abafado, na mesma linha do que acontece no HB20. Outro ponto em comum entre os hatches é o padrão de acabamento. O 208 tem ótimos arremates e até supera o rival da Hyundai no requinte, com peças que imitam fibra de carbono, bem como molduras em black piano e detalhes metálicos. Para uma versão 1.0 de entrada, ele impressiona.
O painel também está mais moderno com a nova tela de 10,3″. Ela preenche todo o topo central e é simples de mexer. Em menos de um minuto, faz-se a conexão sem fio com o celular e o espelhamento via Android Auto ou Carplay. Nela, pode-se ajustar várias funções do carro, como, por exemplo, o ar-condicionado. Por ora, o equipamento só deve conexão com a internet, algo que chegará em breve, garante a marca – mas HB20 e Onix já oferecem.
Ao volante
Ao volante, o destaque fica com a boa resposta ao acelerador em baixos giros. Embora seja naturalmente aspirado, o 1.0 tricilíndrico feito em Betim (MG), na fábrica da Fiat, entrega boas saídas. A parte que mais lembra o hatch Argo é o câmbio. Os engates são mais macios que o normal para um Peugeot. De resto, o desempenho é como nos rivais: nem sobra, nem falta. Para o trânsito urbano do dia-a-dia, digamos que o Peugeot 208 1.0 ficou sob medida.