A SpaceFox não é mais vendida. A produção da perua da Volkswagen já havia sido interrompida no primeiro trimestre deste ano, mas o modelo ainda estava à venda, por causa de estoques remanescentes na fábrica e na rede autorizada. Agora, porém, o fim chegou. A perua derivada do Fox não consta nem mesmo do configurador no site da marca. De acordo com os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), no mês passado foram emplacadas somente três unidades do modelo.
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A SpaceFox foi lançada em 2006 (foto abaixo). A perua era derivada do Fox, e nasceu com a missão de substituir a Parati (que por sua vez pertencia à família Gol). O prefixo “space” era uma referência ao porta-malas, capaz de acomodar 430 litros, ou o suficiente para a bagagem de uma família em viagens.
Inicialmente, a Volkswagen decidiu classificá-la como “sportvan”, uma minivan com caráter esportivo. Mas na prática o modelo não era nem minivan, nem esportivo. Era uma perua clássica, que chegava para disputar mercado com a Palio Weekend, da Fiat.
Como o Fox, a SpaceFox era caracterizada pela posição elevada ao volante, o que favorecia a visibilidade. Como comparação, o modelo tinha 1,58 m de altura, contra 1,42 m da veterana Parati. A ampla área envidraçada também era uma aliada nesse sentido. Fox e SpaceFox eram montados sobre a plataforma PQ24, originária do Polo. Porém, enquanto o hatch era produzido na fábrica de São José dos Pinhais (PR), a Space vinha da Argentina. Lá, a propósito, ela se chamava Suran. No México, o modelo recebeu o nome Sportvan.
SpaceFox nunca teve câmbio automático
Como era de se esperar, a base mecânica era a mesma do Fox, mas sem a opção 1.0. A SpaceFox era equipada com o motor EA111, 1.6 de oito válvulas. Rendia até 103 cv de potência e tinha torque de 14,5 mkgf (etanol). Na época do lançamento, a única opção de câmbio era o manual de cinco marchas. Os engates eram bons e o desempenho não decepcionava. De acordo com a Volkswagen, a perua de 1.095 kg era capaz de ir de 0 a 100 km/h em 10,8 segundos, e de alcançar 175 km/h.
Ao longo dos anos, o motor passou por discretas evoluções. A versão rebatizada de EA113 teve a potência elevada para 104 cv (apenas 1 cv de ganho), e o torque foi para 15,6 mkgf.
O modelo nunca conheceu um câmbio automático de verdade. O máximo de conforto que a perua ofereceu ao motorista foi a transmissão automatizada I-Motion, de embreagem simples.
Em 2010, a SpaceFox recebeu uma leve reestilização, que incluiu faróis duplos e novas lanternas. Também acompanhando o Fox, a perua ganhou novo painel, mais encorpado. Saiu de cena o quadro de instrumentos minúsculo, e em seu lugar entrou um conjunto mais bem projetado, com mostradores convencionais.
Versão aventureira chegou em 2011
Para brigar com a bem-sucedida Palio Weekend Adventure, no final de 2011 a Volkswagen lançou a SpaceCross, versão aventureira da perua (abaixo). A exemplo do CrossFox, a SpaceCross tinha carroceria mais elevada e suspensão recalibrada, para compensar o aumento de altura. A dianteira mais agressiva, como a do CrossFox, enfatizava o perfil aventureiro. Nas laterais, o modelo ostentava protetores plásticos.
A linha 2015, lançada no final de 2014, chegou trazendo nova reestilização, com faróis e lanternas mais horizontais, além de redesenho nos para-choques e grade. Foi nessa época que o modelo ganhou o motor EA2111, 1.6 16V, que rendia até 120 cv com etanol. O torque chegou a 16,8 mkgf. A transmissão ganhou a sexta marcha. A mecânica mais avançada, porém, equipava somente as versões mais caras, caso da SpaceCross e Highline. As mais baratas, Trendline e Comfortline, mantiveram o 1.6 8V.
Nos últimos meses, o modelo teve a gama de versões reduzida. A Volkswagen estava produzindo o modelo somente na versão básica, Trendline, e voltada a frotistas.
Opção para quem precisava de espaço
O gerente de vendas da concessionária Volkswagen Amazon (localizada na Zona Leste da capital), Marcos Leite, diz que deve ter recebido a última unidade da SpaceFox em fevereiro deste ano. “O cliente nem perguntava mais sobre ela.”
De acordo com ele, quem precisa de porta-malas mais espaçoso acabou migrando para o sedã Virtus (que acomoda 521 l). Além disso, SUVs como o Tiguan e T-Cross também tiraram mercado da perua veterana.
Para quem acha que o cliente de uma SpaceFox nunca teria condições de migrar para o Tiguan, o gerente afirma que isso ocorreu. E não pelo fato de o Tiguan ser barato, mas sim porque a SpaceFox era muito cara. De acordo com ele, o normal seria uma perua custar cerca de 10% acima do hatch do qual ela deriva. Mas a SpaceFox chegava a custar 40% acima do Fox, o que afastava os compradores.
Leite diz que ele próprio foi um dos primeiros compradores da perua, em 2006. “Na época, eu precisava de um carro espaçoso porque meus filhos gêmeos, nascidos em 2002, estavam crescendo.” A falta de atualização e o enxugamento do segmento de peruas, no entanto, decretaram o fim do modelo.
Vendas ano a ano
De acordo com os números da Fenabrave, o pico de vendas da perua ocorreu há dez anos. Em 2009, o modelo teve 31.908 unidades emplacadas. A partir daí, os números mostram um sobe e desce constante. As vendas despencaram quase pela metade em 2010, subiram nos dois anos seguintes e voltaram a cair em 2013. Desde então, o declínio foi constante. Houve uma reação no ano passado, com a redução de preços e o direcionamento a frotistas.
2006 – 11.903
2007 – 27.611
2008 – 22.217
2009 – 31.908
2010 – 18.221
2011 – 20.502
2012 – 26.882*
2013 – 20.307*
2014 – 10.280*
2015 – 6.925*
2016 – 2.501*
2017 – 2.086*
2018 – 5.573
2019 – 1.736**
Fonte: Fenabrave
*Inclui SpaceCross
**Até setembro