Você está lendo...
Chevrolet 3100: caso de amor há 25 anos
Carro do leitor

Chevrolet 3100: caso de amor há 25 anos

Thiago LascoRestaurar carros antigos para revendê-los costuma render histórias de amor que já nascem com a morte anunciada - terminam... leia mais

03 de mar, 2013 · 6 minutos de leitura.

Publicidade

 Chevrolet 3100: caso de amor há 25 anos

Thiago Lasco

Restaurar carros antigos para revendê-los costuma render histórias de amor que já nascem com a morte anunciada - terminam no momento em que o veículo troca de mãos. Para o comerciante Wilson Elias da Silva, sempre foi assim até a picape Chevrolet 3100 ano 1951 das fotos à direita entrar em sua vida. O que deveria ser apenas negócio virou um casamento que dura 25 anos.

Tudo começou em 1988, quando ele e seu irmão, Willy, foram a uma feira de clássicos revender um Dodge Charger. Eles acabaram comprando duas 3100 - a desta página ficou com Willy, mas Wilson, já seduzido pela picape, não demorou para se desfazer da sua e comprar a do irmão.

Publicidade


Deixar seu novo amor tinindo não foi difícil, de acordo com o restaurador. “Ela teve um único dono e estava todinha original. Só precisei refazer a pintura externa, que estava castigada depois de ter sido encerada tantas vezes”, lembra Wilson.

O courvin que revestia bancos e portas deu lugar a um elegante couro azul. A caçamba de aço foi substituída por outra, de madeira, que recebeu aplicação de verniz marítimo, que aumenta a resistência ao tempo. “Ele conserva o material sem deixar aquele aspecto artificial do verniz comum”, explica o restaurador.


Em 1992, Wilson abriu uma loja de rodas e pneus e colocou a Chevrolet 3100 para trabalhar. Por cinco anos, ela transportou mercadorias para servir à clientela do comerciante. “Andava com ela pela Rodovia Raposo Tavares até Cotia e São Roque com 70, às vezes 80 pneus na caçamba, sem reclamara. Esse tipo de carga tem uns 800 quilos”, diz.

Tempos depois, o restaurador achou que era hora de dar um descanso à picape, reservando-a apenas para passeios aos finais de semana. Mas não a afastou totalmente do dia a dia dos negócios. “Ela acabou sendo incorporada à imagem da loja. Com as rodas que instalei, serve como um chamariz.”

O assédio é inevitável e desperta o ciúme de seu dono. “O pessoal não sabe olhar sem tocar. Coloquei uma placa bem-humorada com os dizeres ‘carro antigo e mulher de amigo, você olha mas não coloca a mão’.”


A picape esbanja saúde e, segundo Wilson, faz sucesso em eventos de antigos. O motor, um seis-cilindros de 3,1 litros, roda entre 6 e 7 km com um litro de gasolina. Para mantê-lo em forma, o restaurador diz que troca o óleo a cada seis meses e as velas, a cada doze. “Como nunca foi mexida, ela não tem nenhum barulhinho”, garante.

Ele afirma que um modelo similar, sem restauração, vale entre R$ 25 mil e R$ 30 mil. “Já recebi várias propostas, ofereceram o equivalente a US$ 50 mil por ela. Até meu irmão quis comprá-la de volta. Mas eu não vendo. Essa picape é especial, ela tem uma história comigo”, justifica.


Caçula. Com capacidade para meia tonelada de carga, a 3100 é a irmã menor da Advanced Design Series, que a Chevrolet produziu nos EUA de 1947 a 1955. A 3600 levava 0,75 tonelada e a 3800, uma tonelada.

Primeira linha de picapes lançada pela Chevrolet após a Segunda Guerra, a Advanced Design Series se destaca pelas cabines amplas, que levam três passageiros. Essa família liderou as vendas do segmento à época.


Deixe sua opinião