No começo de 1983, os SUVs ainda estavam longe de dominar a preferência do consumidor. Tanto que a grande aposta da Fiat, o Uno, era um hatch. Com formato de bota ortopédica, o carrinho, que oferecia valentia de sobra e bom espaço interno, conquistou o mundo. Mais precisamente, o Uno foi apresentado em 19 de janeiro de 1983, em Cabo Canaveral, nos Estados Unidos. A cidade ficou conhecida por ser a base na Terra para a conquista do espaço. Ou seja, o cenário era perfeito para o lançamento que buscava redefinir paradigmas.
E o objetivo da Fiat não demorou a virar realidade. Afinal, o Uno tornou-se o carro do ano já em 1984. No mesmo ano, chegou ao Brasil (leia a trajetória). Mas, antes disso, já havia sido flagrado pelo Jornal do Carro, que publicou “As primeiras fotos do Uno Brasileiro”, como estampava a capa de 25 de abril daquele ano. Por aqui, substituiu o 147, fez sucesso, e se aposentou em 2021 como um dos maiores sucessos da indústria em todos os tempos.
História
Após cinco anos de pesquisa e altíssimo investimento por parte da Fiat, o Uno nascia para fazer uma mudança radical no setor automotivo. O suporte vinha das diversas inovações, como uso extensivo de robôs no processo de produção, bem como a parceria entre o centro de estilo e a engenharia da marca. Isso, afinal, resultou em um notável salto de qualidade na comparação com os veículos até então existentes no mercado.
Roberto Giolito, responsável pela Stellantis Heritage (Alfa Romeo, Fiat, Lancia, Abarth) afirmou que “O Uno foi um projeto totalmente inovador. Começando pela carroceria que, ao contrário do antecessor 127 (no Brasil, 147), levava solda robotizada. Na montagem, as portas consumiam menos componentes”, exemplifica o executivo.
De acordo com a Fiat, o Uno elevou o patamar em termos de produção, por meio de uma fábrica integrada e voltada para maior flexibilidade. O ponto de partida dessa filosofia industrial, todavia, foi o Robogate, um sofisticado sistema de produção projetado pela Comau, empresa líder em automação do Grupo Fiat, para a montagem de carrocerias que se baseava em um sistema preciso de soldagem por ponto para cada peça de o veículo.
A marca, afinal, aponta que, por meio desse sistema, o Uno aproveitou dezenas de robôs para as fases de montagem, soldagem e revestimento. Isso, a princípio, melhorou significativamente a uniformidade e a qualidade da produção.
“O Fiat Uno não só fez parte de uma revolução na fabricação, como mudou toda a forma de conceber, desenvolver e produzir um carro. Das mesas de desenho CAD à fábrica, tudo passou a ser gerenciado por um único sistema”, afirma Giolito.
Fire
O motor que virou sobrenome para o Uno foi, a princípio, criado (em 1985) justamente para o carro. A sigla FIRE, contudo, vem do inglês Fully Integrated Robotized Engine – refere-se ao sistema Robogate, com o qual foi criado. Em comparação com o motor anterior utilizado em todos os veículos Fiat, o novo Fire era mais compacto e leve (69 kg). Tinha, por fim, mais simplicidade em sua filosofia de design (95 componentes a menos) e mais modernidade.
E, assim, o Fiat Uno fez tanto sucesso que se manteve na mesma geração por décadas. O compacto que acomodava até cinco pessoas, tinha posição elevada para dirigir e limpador de para-brisa central único, de fato, serviu como fonte de inspiração para a concorrência e abriu caminho para novos produtos. “No entanto, a Fiat lançou uma versão com turbo e injeção eletrônica, que abriria caminho para hatches compactos e esportivos”, pontua Giolito.
Vídeo
Para entender um pouco mais sobre o Fiat Uno, Giolito conta, em vídeo, detalhes deste ícone da marca italiana. Assista abaixo: