Muito antes da atual febre dos SUVs, o Mitsubishi Pajero já se destacava mundo afora. Lançado em maio de 1982 no Japão, o SUV 4×4 mais famoso da marca dos três diamantes é um dos utilitários mais longevos da atualidade. Ele acaba de completar 40 anos e continua como símbolo da Mitsubishi Motors. No Brasil, são mais de 30 anos no mercado.
Aqui, o Pajero desembarcou em 1991 por meio da HPE Automotores, que representa a marca japonesa no País desde então. Assim, com tanto sucesso no mundo off-road e fora dele, o Pajero – vendido em mais de 170 países – foi além dos limites e virou, de fato, uma linha completa.
De acordo com a marca, quando se fala em Pajero, não se fala em um veículo, mas em toda uma gama de SUVs Mitsubishi, como o Pajero Full (que deixou o mercado no ano passado com a série especial Legend Edition), o TR4 (sucesso no Brasil numa época em que os SUVs compactos engatinhavam), e também o atual Pajero Sport.
Este último, portanto, permanece em linha por aqui e é feito sobre o chassi da L200. Mundo afora é tido como a atual e 4ª geração. Trata-se, portanto, do “flagship” da marca – o modelo mais caro. Disponível em duas versões de acabamento, HPE e HPE-S, tem preços entre R$ 355.990 e R$ 389.990.
A história
Apresentado em outubro de 1981 no Salão do Automóvel de Tóquio (Japão), o Mitsubishi Pajero nasceu bem antes disso. De acordo com a marca, em 1934, o governo japonês encomendou um veículo parrudo que pudesse ser usado por militares. Era véspera da Segunda Guerra Mundial, e os países se preparavam com armas, pessoal e, claro, com veículos adequados.
Foi, então, que a Mitsubishi Motors apresentou o protótipo PX33. Entretanto, mesmo tratando-se do primeiro automóvel no Japão com tração integral e injeção direta de combustível, o pedido foi cancelado pelo governo japonês. Na época, o seu motor diesel de 6,7 litros gerava 69 cv de potência máxima.
Mas, mesmo com o cancelamento, a Mitsubishi continuou a desenvolver o protótipo, acabou “desenterrado” no início da década de 1970. Ele foi refeito e ressurgiu no Salão de Tóquio de 1973. A princípio, a aceitação por parte do público e da crítica foi imediata. Ainda assim, teve um segundo conceito em 1978. Este, por fim, serviu de base para o modelo de produção.
Gerações
A primeira geração do Pajero chegou ao mercado em 1982 e ficou até 1990. Tinha carroceria de duas portas e três opções de motores: 2.3 diesel de 84 cv, 2.3 turbodiesel de 95 cv e 2.0 a gasolina de 110 cv. As opções de câmbio se dividiam entre manual ou automático.
Depois, ganhou versão quatro portas e terceira fila de bancos. Na ideia de unir luxo e capacidade off-road, o SUV teve reforço nas suspensões – que podiam ter regulagem para uso no asfalto ou na terra. Assim começa a história do Pajero nas competições de rali, em 1985, na Camel Trophy. Isso, inclusive, rendeu a série especial “Pajero Camel Special”, em 1987.
A segunda geração chegou em 1991 e vendeu muito até 1999. Foram cerca de 1,25 milhão de unidades produzidas globalmente. O SUV ficou marcado pelas linhas mais arredondadas e o entre-eixos mais longo. Com opção de duas e quatro portas, usava os motores 3.0 V6 a gasolina de 208 cv ou 2.8 turbodiesel de 125 cv. Uma novidade desta geração foi a introdução de um novo sistema de tração. Chamado de Super Select 4WD, permitia a escolha do modo de condução (eram quatro) de acordo com o tipo de terreno.
Novo chassi e inspiração no Dakar
A terceira geração do Pajero ficou no mercado entre 1999 e 2006. Ela trouxe algumas inovações, como, por exemplo, nova estrutura de chassi monocoque, acabamentos mais sofisticados e duas novas opções de motores: V6 a gasolina e os turbodiesel de 2.5 litros e 3.2 litros.
A quarta e atual geração, no entanto, apresentada no Salão de Paris (França) de 2006, chegou mais segura, com air bag duplo de série e o renovado sistema de tração. Este, batizado como Super Select 2, trouxe tecnologia de controle ativo de estabilidade e tração. Na estreia, contava com os motores 3.2 diesel e 3.8 V6, a gasolina.
E se você lembra da versão Dakar – produzida sobre a picape L200 -, vale explicar que isso se deve às 12 vitórias do Mitsubishi Pajero no Rally Dakar, considerado o mais difícil do mundo.
Geração atual aposta no requinte
Entre os equipamentos, o SUV de 7 lugares traz ar-condicionado digital de duas zonas, banco revestidos com couro e central multimídia com tela de 8″. Já a mecânica aposta no motor 2.4 turbodiesel com 190 cv de potência e torque de 43,9 mkgf entregues às quatro rodas. Há caixa reduzida, bloqueio de diferenciais e câmbio automático de 8 marchas.
Um ponto controverso no modelo atual é o estilo da traseira. As linhas desformes e as lanternas exageradamente prolongadas não agradaram a todos. Tanto que a marca reestilizou o SUV num período de tempo curtíssimo, para mantê-lo vivo na disputa com o líder Toyota SW4 e outros modelos, como Chevrolet Trailblazer e Jeep Commander.
TR4 foi sucesso
E não daria para terminar essa reportagem sem citar o Mitsubishi TR4. A primeira vista, era o que o consumidor local queria. Unir aptidões off-road e, ao mesmo tempo, ter dimensões compactas. Outra vantagem, que rendeu excelentes números de vendas, era o preço menor e a boa dose de conforto e segurança. Sua carroceria quatro portas com bom espaço no porta-malas e linhas modernas o fizeram virar sucesso nas décadas de 2000. Foi fabricado por aqui até 2015, em Catalão (GO).
O jipinho 4×4 com arquitetura moldada sobre um chassi e que pega emprestado o nome Pajero, nasceu no Japão como Pajero iO. Desenhado pelo estúdio Pininfarina, o modelo media 3,98 metros de comprimento e 2,45 m de entre-eixos. No exterior ganhou diversos outros nomes. Por aqui, TR4, onde o grupo MMC decidiu produzi-lo junto com a picape L200 e o SUV Pajero Dakar. Feito realizado em 2002. Seu comprimento, nesse sentido, teve ampliação e passou para 4,03 m. A cara também mudou em relação ao modelo original.
O TR4 chegou com motor 2.0 a gasolina de 131 cavalos e 18 mkgf a 4.500 rpm. Tinha, inicialmente, câmbio era manual de cinco marchas e opção de tração 4×2 ou 4×4 com reduzida. Mecanicamente, ao longo do tempo, o jipinho – alvo de reclamação por parte do comprador em relação a consumo – mudou bastante. Em 2008, após facelift no ano anterior, veio a motorização flex, que rendeu 2 cv extras com etanol. Mais tarde, modificações como novos pistões renderam um pouco mais de potência (140 cv) e assim se manteve até 2015, enquanto ganhava novas mudanças de versões e até série especial. Saiu de cena, naturalmente, para dar lugar ao SUV urbano ASX.