Gerson Campos

Quanto custa manter um carro e por que isso pode ser uma fria

Acredite: seja 1.0 ou 6 cilindros, ter seu próprio automóvel custa tanto quanto um filho

Gerson Campos

10 de ago, 2017 · 5 minutos de leitura.

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Interesse em carros elétricos também aumenta no Brasil
Crédito: Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Sim, eu sei que meu sustento vem justamente da venda de carros e do consequente conteúdo que isso gera para o Acelerados, meu ganha-pão. Mas não posso mentir. Financeiramente, ter um carro é uma enorme roubada. Sentimentalmente, para quem gosta disso como eu gosto, manter um carro é uma deliciosa irresponsabilidade.

“Mas mesmo um Celtinha ou Palio 1.0 são roubadas?” Oh, yeah, my friend. Ainda mais se você roda menos de 10 mil quilômetros por ano. Ter um carrinho novo te leva, no mínimo, R$ 1.000ão por mês.

Duvida? Vamos às contas. Imagine que você comprou um Chevrolet Onix zero, atualmente o mais vendido do Brasil, por R$ 46.150.


Comece pelo fim: se você não tivesse comprado o carro, estes 40 e poucos mangos rederiam cerca de R$ 4.600 por ano (tomando por base um investimento que lhe dê 10% a.a.). Só aí você teria R$ 383,33 a mais por mês no bolso.

Na melhor das hipóteses, seu Ônix vai desvalorizar 10% ao fim de um ano. Outros R$ 4.600 e poucos reais a menos no seu patrimônio. Até aqui, estamos falando de um chute na canela de R$ 766 por mês.

Sendo otimista, você vai pagar mais ou menos R$ 2.300 de seguro (5% do valor do carro) e exatos R$ 1.846 de IPVA. Não perca a conta: você já ficou R$ 13.338 mais pobre em um ano.


Não vou nem contabilizar os custos da documentação, já que eles incidiriam apenas no primeiro ano do carro, mas pode arredondar facilmente para R$ 15.000. Não contabilizei também os juros de um eventual financiamento (e eles são altos).

Tudo bem se eu disser que você paga quase R$ 1.300 por mês para dizer “meu carro”? Ah, calma: isso para dizer “meu carro está ali parado; olha que lindo”.

Para dizer “vamos com meu carro até lá” você ainda abastece com a gasolina a quase R$ 4 o litro e pode tomar uma batida, uma ralada ou ter o pneu estourado. Falando em pneus, eles gastam. Depois de um ano rodando, talvez você precise trocar os quatro.


Na ponta de um lápis mais apurado, tudo isso custa o mesmo que ter um filho. Ou mais.

Chocado? Calma. E eu, que tenho um carro que custa mais do que dois Ônix e rodo com ele apenas duas vezes por semana? Financeiramente, sou um idiota. Eu sei.

Mas no meu caso é pura paixão pela máquina e por tudo o que ela me traz. Muito pouco de transporte. Absolutamente tudo de paixão.


É o meu futebol, a minha caipirinha, o meu surf. Só que bem mais caro. Já cansei de me culpar pelo meu gosto e não faço mais isso. Deveria ter nascido gostando da pelada do fim de semana e olhe lá? Deveria. Isso aconteceu? Não. Então me resta trabalhar para curtir esta paixão.

É claro que a comodidade de ter a chave ao seu alcance é outro mundo, mas um mundo que pode ser caro. Se ter um carro não é o seu hobby e você não roda horrores, pense bem e pense muito.

Você provavelmente está rasgando dinheiro. Há milhares de carros à disposição de um toque no seu smartphone. Se a sua conta de Táxi, Uber, Cabify ou afins não estouraria R$ 1.000 e você não faz a menor questão de ter seu próprio carro, pode vender sem pensar.


Eu faria isso. Pena que meu coração acelerado não deixa. E nem paga a conta.

 

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