A crise financeira que assola a América Latina fez o mercado brasileiro perder dois novos projetos de picapes que estariam em nossas ruas em breve, a Renault Alaskan e a Mercedes-Benz Classe X. Ambas seriam feitas na Argentina, na fábrica da Nissan, que recebeu um bom investimento para a produção de ambas e de sua Frontier (as três usam a mesma plataforma).
Como a Argentina vive uma das suas maiores recessões da história, com direito a congelamento de preços, as marcas francesa e alemã recuaram. As vendas para o Brasil poderiam segurar este investimento, mas os últimos boletins de projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de apenas 1,7% neste ano no País fizeram as montadoras não arriscar.
Como são de produtos de alto valor agregado, em especial a Mercedes Classe X, que poderia chegar aos R$ 300 mil em algumas versões, um baixo crescimento econômico faz os compradores desistirem de abrir a carteira para um montante tão alto.
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Tanto Renault quanto Mercedes continuam comunicando oficialmente que os modelos não foram descartados, mas sim apenas postergados para o ano que vem, não se sabe ainda em qual período. Ocorre que estas picapes já estão no mercado desde o ano passado em vários países. E perigam chegar por aqui no fim de 2020, com praticamente três anos de vida, já em fase de implementação para ganharem reestilizações ou novas gerações.
Portanto, é uma conta de investimento que não fecha com facilidade. A Renault Alaskan, inclusive, seria uma das atrações da marca no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro do ano passado, e sequer foi citada, colocada de canto no estande após os dias de imprensa.
Picapes estão entre os segmentos mais disputados do Brasil, perdendo apenas para o de hatchs compactos e SUVs. Por isso é de se estranhar que Renault e Mercedes estejam tão pessimistas assim, a ponto de atrasar tanto a chegada de seus produtos. Mas como as vendas de automóveis não estão tão boas assim em lugar nenhum do mundo (EUA e China são exceções), pode não ser mesmo hora de arriscar. Se acionista fosse de uma das duas, também não assinaria esse cheque em branco.