Ao contrário das rodas, os pneus são artigos que passam despercebidos nos veículos. Mas não deveria ser assim, afinal, mesmo sem causar qualquer ostentação, são eles que protegem diversos componentes de danos e quebras, e mantêm o carro em contato com o piso. E não basta que sejam novos, é preciso calibrar direito. Entretanto, tem quem deixe o componente de lado. Uns carecas e tortos, outros com bolhas e, boa parte, murchos.
De acordo com pesquisa da Continental, cerca de 34% dos motoristas rodam com pneus descalibrados. E, acredite, isso gera um tremendo impacto no bolso. Portanto, é mais barato parar em um posto de combustíveis e calibrar. É de graça!
Segundo a empresa, a métrica da pesquisa se baseou em 100 postos das cidades de São Paulo e Jundiaí (no interior paulista). Dos 3.500 veículos inspecionados e 14 mil pneus calibrados, 34% estavam com a pressão incorreta.
Então, está na hora de aprender. Afinal, tem impacto no bolso. Por exemplo, se a pressão dos pneus estiver apenas 3,0 psi (ou libras) abaixo do indicado, o consumo de combustível sobe 2%, indica o estudo da Continental. Da mesma forma, um veículo que rodou 30.000 km com calibragem fora do recomendado, em um ano chega a desperdiçar um tanque de 55 litros.
Por que falta de calibragem faz o carro consumir mais?
De acordo com Gabriel Corrêa, gerente de produto da divisão de pneus de passeio da Goodyear, se o pneu estiver com pressão abaixo da recomendada pelo fabricante do veículo, o consumo de combustível pode aumentar.
“Pneu com baixa pressão tem maior área de contato com o solo, fazendo com que o atrito a ser vencido pelo motor para movimentar o veículo seja maior. Isso, portanto, exige maior força do motor e, consequentemente, gasta mais combustível”, explica Corrêa.
Desgaste extra
Sabendo que quando mal calibrado, o pneu “come” a borracha mais rápido, ou de maneira disforme, o executivo aponta: “Na situação do pneu estar com a pressão de ar fora do especificado, a parte que entra em contato com o solo (footprint) pode variar, ocasionando o desgaste excessivo em alguns pontos”, detalha.
Basicamente, quando a pressão está baixa, os ombros – parte de fora da banda de rodagem – têm mais contato com o solo, provocando maior desgaste. De acordo com a Continental, cabe salientar que, dentro deste cenário, a distância de frenagem também é maior.
Já quando com pressão alta, ou acima do recomendado, o centro da banda de rodagem do pneu passa a ser a área com maior contato com o solo, causando desgaste maior no centro e menor nas partes externas da banda de rodagem.
Suspensão na berlinda
Muita gente ainda duvida que pneu mal calibrado prejudica a suspensão. Questionado sobre isso, Corrêa é enfático ao dizer que “Sim!”. Ele explica que, com a calibragem inadequada, o atrito dos pneus no solo se altera. “Quanto maior o atrito, maior o esforço dos componentes da suspensão”, salienta. Como exemplo, o executivo cita que “se os pneus estiverem murchos, vão aumentar a força de arrasto.”
Calibragem inadequada x problemas na direção
A calibragem inadequada pode causar perda de estabilidade em curvas e deixar a direção pesada. Isso acontece porque a área do pneu que entra em contato com o solo muda. “Um pneu com pressão abaixo da recomendada, terá maior área de contato do que a usual, fazendo com que a força necessária para virar a roda aumente”, exemplifica Corrêa.
Em relação à estabilidade, as variações são mais perceptíveis em pista molhada, pois a banda de rodagem é desenhada para escoar a água quando está com um contato uniforme com o chão. A partir do momento em que os ombros (calibragem abaixo) ou o centro da banda (calibragem acima) passam a ser a principal área de contato do pneu com o solo, o escoamento da água fica prejudicado. De acordo com a Goodyear, isso, por fim, pode ocasionar aquaplanagem – pneus perdem o contato com o solo devido a uma camada de água não escoada.
Vale lembrar que estes riscos aumentam conforme a diferença da calibragem adequada do pneu. “Por exemplo, um pneu com uma calibragem 30% abaixo da recomendada, tem mais chances de aquaplanar do que um com a calibragem 5% abaixo da recomendada”, explica.
Cuidados necessários e tempo certo para calibragem
E a pergunta que não quer calar é: Qual o tempo certo para calibrar? Especialistas apontam que a pressão deve ser verificada semanalmente ou, no máximo, a cada 15 dias. Quando fizer o procedimento, os pneus devem estar frios. E nunca esqueça de calibrar o estepe.
Para saber a pressão correta, no entanto, recorra ao manual do fabricante do veículo. No mais, a maioria dos veículos têm plaquetas afixadas na porta dianteira ou na portinhola do tanque de combustível.
Por fim, é preciso ficar atento ao alinhamento da direção e balanceamento das rodas a cada 6 meses ou 10 mil quilômetros rodados – o que ocorrer primeiro. Mantenha, portanto, a revisão dos componentes da suspensão sempre em dia. Caso algum deles esteja irregular, o dano aos pneus é certo, afinal, todos eles geram desgaste irregular na banda de rodagem e, consequentemente, diminuem a vida útil do componente.
Um pneu que durante a calibragem apresente, com frequência, pressão inferior aos demais pode estar furado, montado em uma roda amassada ou trincada ou com vazamentos na válvula. Esta última sempre cai no esquecimento durante realização de manutenções de pneus. Portanto, dê atenção especial.