Com a ascensão dos SUVs, a categoria de peruas perdeu prestígio como representante dos carros familiares. Ainda assim, alguns modelos deste segmento ainda existem, embora cada vez mais raros. No Brasil, quem quiser uma perua como carro familiar só pode correr para duas opções: Audi A4 Avant ou Volvo V60.
As duas são oferecidas nas versões únicas Prestige Plus e Momentum. Importadas da Alemanha e Suécia, as peruas custam R$ 219.990 e R$ 199.950. Nessa briga de carros familiares para motoristas “raiz”, quem se dá melhor é a perua da Volvo. Além de mais barata, tem seguro e revisões mais em conta, é mais potente e tem porta-malas maior.
Mas o grande trunfo da V60 é a lista de equipamentos mais completa. Para o dono de uma A4 Avant chegar no mesmo nível da Volvo, precisa desembolsar R$ 12.600, chegando aos R$ 232.590 e totalizando R$ 32.640 a mais. A favor da Audi um acerto de suspensão e resposta de direção mais direta, que agrada quem foca mais no prazer ao dirigir. O acabamento e o conforto também jogam a favor da perua alemã, além do design.
De série nos dois modelos há seis air bags, ar-condicionado automático de duas zonas no Volvo e três no Audi, câmera traseira, controles de tração e estabilidade, abertura das portas e partida do motor com chave presencial. Mais painel de instrumentos virtual, central multimídia com integração com Android Auto e Apple CarPlay e faróis Full-LED.
Outros itens são sensores de obstáculos na frente e atrás, assistente de partida em rampa, teto solar panorâmico, bancos dianteiros com ajustes elétricos e tampa do porta-malas com fechamento elétrico.
O Volvo oferece a mais o controle de velocidade adaptativo com frenagem autônoma de emergência, alerta de colisão frontal e leitor de saída de faixa de rolamento. Isso faz parte do pacote opcional do Audi.
Por ser um carro tido para as famílias, o principal atrativo de uma perua é o espaço para bagagens. E nisso ambas dão show. A diferença é pequena, mas há vantagem para a V60. São 529 litros contra 505 litros da A4 Avant. O acesso para colocar ou retirar carga é fácil e prático nas duas, ainda mais com comando elétrico da tampa.
Mecânica e dirigibilidade
Sob o capô ambas apostam em um motor 2.0 turbo a gasolina. Mas o do Volvo entrega 254 cv e 35,6 mkgf contra 190 cv e 32,6 mkgf do Audi. Se a potência apresenta uma discrepância boa de 64 cv, o torque tem apenas 3 mkgf de diferença.
No “papel”, o motor do Volvo é melhor e por isso a pontuação para ele é maior. Contudo, em termos de desempenho, os carros se equivalem já que, além do torque próximo, que é o que vale para retomadas e ultrapassagens urbanas, a A4 Avant é mais leve que a V60. São 1.460 kg contra 1.780 kg. Foi o jeito da Audi compensar a potência e torque menores.
O desempenho também é influenciado pelo câmbio. A Audi aposta em um automatizado de dupla embreagem de sete velocidades, que tem trocas rápidas. Enquanto que a Volvo vem com um automático convencional de oito marchas.
No uso normal, ambos são bons, mas quando se exige rapidez, o sistema de dupla embreagem da Audi leva vantagem, além de oferecer a possibilidade de trocas por aletas atrás do volante. No Volvo há mudança apenas na alavanca de câmbio.
Dinâmica
A diferença de peso também influencia a dirigibilidade dos modelos. O Audi tem respostas mais diretas e rápidas na mudança de direção. Isso também é um resultado da suspensão mais firme que a do Volvo, mais voltada ao conforto.
Especialmente nas curvas é possível ver como a A4 Avant se comporta de forma mais firme, mantendo a carroceria no lugar, enquanto que a V60 tende a balançar um pouco a carroceria. Dependendo do gosto do comprador, o Audi pode estar “esportivo” demais para um modelo familiar.
Tanto Audi quanto Volvo oferecem os modos de condução econômico, normal e esportivo. Eles mudam a resposta de motor, câmbio e direção, que vão do mais tranquilo ao mais “apimentado” com trocas mais rápidas.
Mais potência e mais peso também geram mais consumo de combustível. Segundo dados do Conpet, do Inmetro, que faz medição de consumo dos veículos vendidos no País, o Volvo V60 “bebe” mais que o Audi A4 Avant, tanto na cidade, quanto na estrada. O Volvo faz média de 9,3 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada, enquanto que o Audi consegue fazer 10,5 km/l e 13,5 km/l.
Acabamento e conforto do Audi dão vantagem
Por dentro, pequenos detalhes fazem diferença a favor do Audi. Os bancos dianteiros abraçam melhor nas laterais que os do Volvo, que deixam motorista e passageiro muito soltos.
Além disso, para quem tem pernas grandes, o banco da A4 Avant tem a vantagem de oferecer um extensor que dá mais apoio nas coxas, deixando longos trechos mais confortáveis. Ela também proporciona uma posição de guiar mais baixa. A Volvo, mesmo na regulagem mais baixa, continua mais elevada.
Mas em termos de espaço, a V60 oferece mais espaço para as pernas de quem vai atrás. A inclinação dos bancos e a altura do teto também ajudam nisso. Além disso, o entre-eixos da perua sueca é maior. São 2,87 metros contra 2,82 m da perua alemã.
O acabamento da V60 é bom, mas o Audi tem um toque extra nos detalhes que saltam aos olhos. Para quem senta atrás do volante, o material do centro do volante tem mais qualidade e já cria a primeira impressão positiva aí. Ainda que em outros pontos o carro sueco se equipare, como é o caso da moldura da central multimídia e no console central.
A ergonomia nas duas peruas é exemplar. Os comandos estão à mão e são fáceis de encontrar. O mesmo ocorre com a usabilidade das funções e tecnologias. Por mais que sejam completamente diferentes, é fácil de aprender a lidar com eles e logo fazer tudo sem precisar olhar para o console, especialmente. O Volvo concentra vários comandos na central multimídia vertical, enquanto que o Audi o faz por um seletor e alguns botões no console central.
As duas têm painel virtual, mas o da A4 é mais atrativo. Há diversas telas e mudanças de tamanho nos grafismos apresentados. O da V60 mantém o tamanho e muda as cores conforme o modo de condução. É mais “engessado”.
Opinião: Audi agrada quem é menos racional
Um item que faz parte da tabela de avaliação eu preferi guardar para este pedaço do texto: estilo. A Volvo evoluiu muito na atual linha de design de seus modelos e, sem dúvida, tem um desenho que chama e muito a atenção atualmente.
Porém, nessa disputa a Audi foi esperta. Ela sabe que muitas pessoas veem nas peruas um viés esportivo. E por isso apostou no pacote visual S-line, que inclui rodas, ponteiras e para-choques com design mais agressivo.
Isso tudo deixa a A4 Avant mais atrativa aos olhos do que a V60 que é oferecida no País apenas com o visual de acabamento Momentum. Se o pacote R-Design estivesse disponível na V60 a escolha seria mais difícil.
Eu sou um amante das peruas e mesmo que as duas, somadas, só tenham emplacado 95 unidades no total em 2020, elas continuam a ter um espaço reservado no meu coração por unir espaço, prazer ao dirigir e um belo visual.
Me entristece que a Audi seja mais cara oferecendo menos em potência e tecnologia, mas como eu sou movido pela emoção de uma direção refinada e não pela razão, eu iria de Audi sem opcionais.
Carros elétricos estimulam busca por fontes de energia renovável
Energia fornecida pelo sol e pelos ventos é uma solução viável para abastecer veículos modernos
19 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.
A eletromobilidade é uma realidade na indústria automotiva e o crescimento da frota de carros movidos a bateria traz à tona um tema importante: a necessidade de gerar energia elétrica em alta escala por meio de fonteslimpas e renováveis.
“A mobilidade elétrica é uma alternativa para melhorar a eficiência energética no transporte e para a integração com as energias renováveis”, afirma Fábio Delatore, professor de Engenharia Elétrica da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
O Brasil é privilegiado em termos de abundância de fontes renováveis, como, por exemplo, a energia solar e a eólica. “É uma boa notícia para a transição energética, quando se trata da expansão de infraestrutura de recarga para veículos elétricos”, diz o professor.
Impacto pequeno
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Brasil tem condições de mudar sua matriz energética – o conjunto de fontes de energia disponíveis – até 2029. Isso reduziria a dependência de hidrelétricas e aumentaria a participação das fontes eólicas e solar.
Mesmo assim, numa projeção de que os veículos elétricos poderão representar entre 4% e 10% da frota brasileira em 2030, estudos da CPFL Energia preveem que o acréscimo no consumo de energia ficaria entre 0,6% e 1,6%. Ou seja: os impactos seriam insignificantes. Não precisaríamos de novos investimentos para atender à demanda.
Entretanto, a chegada dos veículos elétricos torna plenamente viável a sinergia com outras fontes renováveis, disponíveis em abundância no País. “As energias solar e eólica são intermitentes e geram energia de forma uniforme ao longo do dia”, diz o professor. “A eletromobilidade abre uma perspectiva interessante nessa discussão.”
Incentivo à energia eólica
Um bom exemplo vem do Texas (Estados Unidos), onde a concessionária de energia criou uma rede de estações de recarga para veículos elétricos alimentada por usinas eólicas. O consumidor paga um valor mensal de US$ 4 para ter acesso ilimitado aos 800 pontos da rede.
Segundo Delatore, painéis fotovoltaicos podem, inclusive, ser instalados diretamente nos locais onde estão os pontos de recarga.
“A eletrificação da frota brasileira deveria ser incentivada, por causa das fontes limpas e renováveis existentes no País. Cerca de 60% da eletricidade nacional vem das hidrelétricas, ao passo que, na Região Nordeste, 89% da energia tem origem eólica.”
Híbridos no contexto
Contudo, a utilização de fontes renováveis não se restringe aos carros 100% elétricos. Os modelos híbridos também se enquadram nesse cenário.
Um estudo do periódico científico Energy for Sustainable Development fala das vantagens dos híbridos, ao afirmar que suas emissões de gases de efeito estufa são inferiores às do veículo puramente elétrico.
“Os veículos híbridos possuem baterias menores, com proporcional redução das emissões de poluentes. Essas baterias reduzem o impacto ambiental da mineração dos componentes necessários à sua fabricação. Os resultados demonstram que a associação de baterias de veículo que usam biocombustíveis tem efeito sinérgico mais positivo”, conclui o documento.