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Presidente da Volkswagen diz que 54% do preço do carro no Brasil é imposto e defende redução
Mercado

Presidente da Volkswagen diz que 54% do preço do carro no Brasil é imposto e defende redução

Pablo Di Si, presidente da Volkswagen do Brasil e América Latina, acredita ser necessário redução de imposto e definição de metas

Vagner Aquino

25 de jan, 2021 · 7 minutos de leitura.

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Volkswagen mantém produção em São Bernardo do Campo, no ABC paulista
Crédito:DANIEL SOBRAL/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/PAGOS

O fechamento das fábricas da Ford no Brasil ainda está gerando repercussão. Além de a interrupção de uma história centenária, o fato deixou o mercado brasileiro ainda mais apreensivo. Afinal, o que se pode fazer para que a economia em geral (e o setor automotivo) evitem ainda mais prejuízos ao País? Durante uma live, o presidente da Volkswagen do Brasil e América Latina, Pablo Di Si, apontou que reduzir o imposto na cadeia automotiva é o principal caminho da indústria.

De acordo com ele, não é preciso ter benefícios fiscais, mas reduzir a carga tributária (imposto). Di Si afirma que, hoje, no Brasil, 54% do valor de um automóvel é apenas imposto. Só essa redução seria capaz de gerar condições para que as montadoras permaneçam no Brasil e programem outros investimentos, como os carros elétricos.

Para ele, é necessário olhar para o futuro e definir metas, “não como empresas, mas como governo”, aponta. “Queremos um País industrializado? Não falo só do setor automobilístico. Qual o futuro da indústria no Brasil? Vejo coisas na contramão, por exemplo, o aumento de impostos no Estado de São Paulo”, comentou Di Si durante a live.

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Volkswagen/Divulgação

Aumento de imposto

O executivo se refere ao aumento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos veículos usados e novos, que foram, respectivamente, de 1,8% para 5,3% e de 12% para 13,3%. “Precisamos definir essa parte estratégica. Em vez de ficar chorando, fazendo mimimi, o que não gosto muito, vamos trabalhar juntos para solucionar nossos problemas”, defende.

Ele acredita que, na agenda do Governo, é necessário apoiar não somente a redução tributária, mas simplificá-la. “Há muitos impostos no Brasil. Simplificando isso, já ajuda as empresas a colocar mais foco nas pesquisas com consumidores, na redução de custos, na parte logística. Precisamos aliviar a burocracia e liberar as empresas para serem mais leves e eficientes”, argumenta ele, que quer carros mais baratos para o consumidor a fim de girar o mercado.


Rota 2050

Di Si aponta que mesmo com atraso do atual programa, o Rota 2030, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e o Governo já vêm conversando sobre o Rota 2050. Seria este, de acordo com ele, um plano mais abrangente e de longo prazo. O executivo conta que a conversa para a criação do projeto existe desde o ano passado.



“Não estou falando de benefícios, mas de regras claras que incentivem as empresas a investirem em tecnologia sustentável”, argumenta o executivo ao mencionar o aprimoramento do Rota 2030. Para quem não se lembra, o programa do Governo Federal entrou em vigor no fim de 2018. O objetivo é devolver créditos tributários de até R$ 1,5 bilhão a cada R$ 5 bilhões de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. O plano, porém, ainda não está efetivamente em funcionamento.

Futuro

“Vi um estudo há algumas semanas indicando um número muito grande de empresas que saíram do Brasil. Precisamos trabalhar juntos para resolver essa situação”, disse Pablo Di Si à coluna Direto da Fonte, do Estadão. Ele conta que, ao contrário de Ford e Mercedes-Benz, que fecharam as portas de suas fábricas recentemente, a VW pretende continuar fabricando automóveis no Brasil, mas que é preciso eliminar a burocracia.


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Volkswagen/Divulgação

“Queremos fazer mais, a exemplo do Nivus, veículo desenvolvido aqui (no Brasil) e que será produzido e vendido na Europa. Queremos desenvolver outros projetos, levando o conhecimento e a competência da engenheira latino-americana para o mundo”, argumentou, em alusão à capacidade da mão de obra brasileira.

Sobre carros elétricos, o presidente da Volkswagen do Brasil e América Latina, afirmou que a montadora vai investir US$ 70 bilhões (pouco mais de 382,6 bi, na conversão direta) em mais de 100 carros elétricos e híbridos nos próximos 15 anos. Alguns deles já à venda na Europa. No Brasil, no entanto, “temos plano robusto para nos próximos cinco anos. Este plano, aliás, seria trazer carros híbridos, no início, e elétricos, na sequência”. O executivo, aliás, pretende “pegar uma fatia” das vendas deixadas pela Ford, com a saída da família Ka e do EcoSport.


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Oficina Mobilidade

Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”