Em dezembro, a Honda apresentou a linha 2021 do HR-V no Brasil. Porém, há mais ou menos 15 dias, a marca divulgou a data de lançamento da nova geração do modelo: 18 de fevereiro. Dessa maneira, fica uma dúvida na cabeça do consumidor. Afinal, vale a pena comprar um SUV de quase R$ 150 mil na versão topo de linha Touring sendo que, já, já, ele vai mudar de geração?
Se depender da desvalorização, não! Quando um carro está prestes a ser reestilizado, ou ganhar nova geração, os clientes acabam fugindo da compra. A maioria quer a modernidade proposta pelo novo modelo.
O contraponto está justamente nessa lei da oferta e da procura, que rende negócios vantajosos para quem foca no custo-benefício. “Sempre que chega uma nova geração, o modelo antigo desvaloriza bastante. Mas isso impulsiona as lojas, que realizam promoções para zerar o estoque do modelo antigo”, esclarece Fernando Trujillo, consultor da IHS Markit.
Para ele, nem sempre é mau negócio comprar um veículo em fim de ciclo. “Pode até ser uma boa para quem não se importa em ter um modelo de última geração.”
Consumidor deveria ficar atento
Embora a Honda “não comente planos futuros”, como disse a montadora, em nota, é sabido que o novo HR-V desembarca por aqui em 2022. Porém, mesmo com essa informação circulando, muitos consumidores simplesmente não se atentam. “A porcentagem de clientes que têm conhecimento de que determinado veículo vá sair de linha é pequena”, explica Trujillo.
Com base na opinião de especialistas, que afirmam desvalorização de até 20% nesses casos, é preciso barganhar quando se compra um carro em fim de linha. Ou seja, no caso de um HR-V Touring, que custa R$ 148.800, o cliente – em data mais próxima à aposenadoia do modelo – deve negociar preços máximos de R$ 120 mil. É possível ainda sondar condições, como descontos, parcelamento maior, equipamentos extras e outros mimos que a revenda possa negociar.
Honda HR-V e a concorrência
O Honda HR-V vai mudar radicalmente para acompanhar a indústria. Já flagrado em testes no Japão, o novato terá visual mais moderno, com lanternas e faróis afilados e caída de teto acentuada na traseira. No mais, contará com motorização híbrida (a única na Europa) e as opções 1.5 aspirado e 1.0 turbo.
No entanto, o modelo atual continua sem grandes novidades desde sua chegada por aqui – salvo facelifts. Na faixa de preços (entre R$ 105.100 e R$ 148.800) concorre com boas opções da categoria (e mais baratas), como Hyundai Creta e Nissan Kicks, por exemplo.
O HR-V teve 32.511 unidades emplacadas no Brasil em todo o ano de 2020, conforme fechamento da Fenabrave, associação que reúne os concessionários do Brasil. Apesar de relevante, o número fica bem distante das 60.119 vendas alcançadas pelo Volkswagen T-Cross no mesmo período e até do Jeep Renegade, que ocupou o segundo posto dos SUVs mais vendidos do mercado nacional, com quase 57 mil unidades.
Mesmo distante do topo do pódio, devido em partes ao preço mais alto que o da concorrência, o HR-V tem predicados de sobra. A começar pela confiabilidade da marca e baixa desvalorização. Na versão avaliada (que você confere ao longo dessa página) tem motor 1.5 turbo (gasolina) quatro cilindros.
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Inscreva-sePotência
São 173 cv de potência e 22,4 mkgf de torque – já disponíveis aos 1.700 giros. O rodar é suave e, mesmo com câmbio CVT (simula sete marchas), não pena para acompanhar o desempenho do propulsor. Destaque, aliás, para o silêncio a bordo e o bom trabalho das suspensões. Não fica devendo nada em conforto. E tudo com economia. Durante a avaliação do Jornal do Carro, fez média de 11,5 km/l, na cidade.
Mas se tem um quesito que o HR-V é praticamente imbatível é o espaço. No entre-eixos de 2,61 metros, os cinco ocupantes viajam com folga. No porta-malas, cabem 393 litros de bagagem. E, se não tiver ninguém sentado no assento traseiro, dá para retrair os bancos e abrir um espaço de piso plano que se estende da tampa traseira ao encosto dos bancos dianteiros.
Nada se compara ao que deve vir por aí, na versão 2022, mas o HR-V se mantém bastante competitivo em relação a itens de série. Tem painel digital, ar-condicionado automático (touch screen) e até GPS independente. Aqui, ao contrário dos modelos atuais, não é necessário ocupar o celular para usufruir da navegação.
Moderno, mas não tanto
Mesmo com interior requintado, com materias como preto brilhante, couro e tecidos emborrachados, o HR-V ainda usa painel de instrumentos analógico. Não bastasse isso, a modernidade do revestimento em tom claro destoa completamente do arcaico botão que, localizado próximo ao velocímetro, tem a função de navegar pelo computador de bordo.
Por essas e outras, entende-se o motivo de o Honda não vender tanto quanto alguns rivais. Para se ter ideia, o Chevrolet Tracker tem sistema de wi-fi nativo e o Volkswagen T-Cross tem painel de instrumentos digital.
Mais itens
Mesmo deixando de lado alguns itens importantíssimos para a escolha do consumidor atual – algo que promete ser sanado na nova geração -, o HR-V está longe de ter lista modesta. Agora, na linha 2021, por exemplo, o SUV, que segue à venda em quatro versões (LX, EX, EXL e Touring), é ainda mais recheado.
Conectividade com Apple CarPlay e Android Auto, rebatimento elétrico dos retrovisores e função “Tilt Down” em marcha ré e faróis com regulagem elétrica do facho de luz estão entre os itens de série. A Honda não trabalha com opcionais.
Para justificar o preço salgado, o HR-V ainda oferece mimos como teto solar elétrico panorâmico, iluminação toda de LEDs e o Honda LaneWatch. Trata-se de um assistente que ajuda na minimização de pontos cegos no retrovisor direito. Uma câmera na parte inferior projeta as imagens na tela da central, de 7 polegadas.