O design do estreante Tiggo 3X, com faróis divididos em duas partes, traz um novo estilo para a gama da Caoa Chery. Talvez por isso, o desenho pareça ser o destaque. Mas o novo SUV compacto feito na fábrica de Jacareí, no interior paulista, vai além disso. E promove a estreia do inédito motor 1.0 turbo flexível, e da transmissão CVT que simula 9 marchas.
Assim, nem parece que o Tiggo 3X nasce sobre a mesma plataforma do Tiggo 2 — que, por sua vez, usa a base do antigo hatch Celer. Porém, a marca sino-brasileira promoveu a maior atualização já feita no compacto. Com duas versões de acabamento, Plus (R$ 94.990) e Pro (R$ 99.990), o 3X chega acima do Tiggo 2 e abaixo, portanto, do maior Tiggo 5X (R$ 121.990).
Novo estilo
Já à venda na China, e flagrado pelas ruas do Brasil, o visual do Tiggo 3X já não era mais segredo. O desenho lembra a dianteira do Hyundai Kona e de outros modelos, como a Fiat Toro. Já a grade tem formato hexagonal e vários pontos cromados, para seguir a linguagem visual da Chery no exterior. As mudanças deram ar mais elegante à dianteira. Mas, e atrás?
Apesar de manter o desenho geral do Tiggo 2 — inclusive as lanternas, que só foram escurecidas —, o Tiggo 3X tem novo para-choque, aerofólio mais parrudo e, na parte inferior, traz saídas falsas de escapamento. A ideia foi dar mais robustez de SUV ao modelo. Na tampa do porta-malas, vai a inscrição “Pro” no caso da versão topo de linha.
E por falar em porta-malas, são 420 litros de capacidade. Ainda em medidas, comprimento, largura e altura são de, respectivamente, 4,20 metros, 1,76 m e 1,57 m.
Espaço
Aproveitando a deixa, hora de falar do bom espaço interno do Caoa Chery Tiggo 3X. São 2,56 metros de entre-eixos. E, apesar de a parte traseira não oferecer nenhum mimo aos ocupantes, como tomada USB, descansa-braço ou saídas de ar, por exemplo, ocupantes com estatura mediana viajam com conforto, sem raspar pernas ou cabeça em portas, banco da frente e teto.
Assim, como os passageiros, o motorista também recebe bom tratamento a bordo do Tiggo 3X. Com comandos de fácil acesso e boa ergonomia, o modelo tem, de série, itens como computador de bordo com monitor de pressão dos pneus, tela central de 9″ com Android Auto e Apple CarPlay e volante multifuncional (igual do sedã médio Arrizo 6). Mas não espere borboletas para trocas sequenciais, nem regulagem de profundidade — só tem ajuste de altura para a coluna de direção.
Dessa forma, para encontrar a melhor posição para o motorista é necessário recorrer à uma roldana. Nada prática, em uma era com comando elétrico e até mesmo alavancas.
Adeus, direção hidráulica
Em relação ao conteúdo, em síntese, o Caoa Chery Tiggo 3X ganhou pontos positivos por deixar de lado a direção hidráulica. Agora, a assistência é elétrica. Isso gera mais conforto tanto no trânsito do dia a dia quanto nas estradas, e não rouba energia do motor, melhorando o consumo.
No mais, o acabamento do Tiggo 3X é todo novo, assim como o console central. Na segurança, destaque para freios com ABS, duplo airbag e Isofix para fixação de cadeirinhas infantis.
O painel de instrumentos digital com tela de 7 polegadas, a câmera traseira e a chave presencial, que possibilita o comando de climatização a distância, são disponíveis na versão Pro. Esteticamente, a configuração topo de linha vem exclusivamente com faróis reguláveis em altura e iluminados por LEDs (halógenos na Plus), desenho diferenciado das rodas de 16″ e da grade frontal, e, por fim, friso cromado sob as janelas laterais.
A linha de acessórios também é vasta. São 13, no total. Entre eles, calha de chuva, parafusos de roda (anti-furto), protetor para-barro e rede de porta-malas. Os preços, no entanto, não foram divulgados.
Ao volante do Tiggo 3X
Durante o lançamento do Tiggo 3X, a Caoa Chery reservou um trecho bastante misto para o test-drive da imprensa. Contudo, já ao sair do hotel, as primeiras impressões agradaram. Seja pelo silêncio a bordo (mérito do novo pacote acústico) ou pela altura elevada em relação ao solo (entre o chão e o assoalho são 15,7 cm). Sem contar os excelentes ângulos de ataque (20,4 graus) e de saída (31 graus), que permitem não raspar o carro em qualquer valeta ou buraco.
A suspensão tem bom trabalho, mas não chega a ser um primor. A Caoa Chery — que percorreu 150 mil quilômetros em testes de rodagem — optou pelo conjunto McPherson do tipo independente na dianteira e semi-independente com barra de torção atrás.
Como é o desempenho do 1.0 Turbo 3 cilindros?
É no motor que está o grande trunfo do Tiggo 3X. Debaixo do capô, o novato da Caoa Chery esconde o 1.0 VVT Turbo flexível com 3 cilindros, 12 válvulas e injeção eletrônica sequencial multiponto. São 102 cv a 5.500 rpm. Ao contrário do 1.5 — que ainda equipa o Tiggo 2 —, aqui, os coxins, que absorvem as vibrações do bloco, migraram para as laterais (antes, embaixo), o que beneficia, inclusive, o centro de gravidade.
Na prática, mesmo com torque de 17,1 mkgf já disponível a 2.000 rpm, as arrancadas não são tão vigorosas, mas o carro embala e se mostra disposto na estrada. São 172 km/h de velocidade máxima. Até os 100 km/h, o Tiggo 3X é 15% mais rápido que o Tiggo 2. São 14,2 segundos para o feito. Modo Sport e Eco estão presentes. Entretanto, para encarar o universo fora-de-estrada, o jeito é contar com a sorte e com os controles de estabilidade e de tração. Nada de modo off-road ou tração 4×4.
O pré-histórico câmbio automático de quatro marchas ficou para trás. No lugar, entra o CVT (continuamente variável) com simulação de nove marchas e desempenho bastante satisfatório. Essa tecnologia ajuda no consumo que, entretanto, não foi dos melhores durante nosso teste. De acordo com o computador de bordo, fez média de 8,5 km/l.