A Audi sempre foi reconhecida por sua veia esportiva, mas isso demorou a se refletir nos seus SUVs. Enquanto a BMW já faz versões “acupezadas” há quase 15 anos (desde 2007, com o X6), a marca das quatro argolas demorou a romper o design para algo mais ousado. Somente em 2019, a montadora de luxo do grupo Volkswagen lançou o Q3 Sportback. Agora, no entanto, a Audi não só embarcou nessa onda, como aproveita para lançar o SUV Q5 reestilizado com sua inédita variante estilo cupê, o Q5 Sportback.
A marca lança, portanto, e de uma só vez, o novo Q5 e o Q5 Sportback aos preços de R$ 309.990 e R$ 369.990, respectivamente. A Audi informa que já vendeu 823 unidades da dupla na pré-venda.
Em um longo test-drive entre as cidades de São Paulo (SP) e Poços de Caldas (MG), foi possível avaliar toda a tecnologia oferecida pelo SUV da Audi, que tem motor 2.0 TFSI de 249 cv de potência máxima e 37,7 mkgf de torque. O propulsor, aliás — que trabalha em conjunto com o câmbio S tronic de dupla embreagem e sete marchas — recebe o auxílio de um sistema elétrico, mas é apenas caracterizado como híbrido leve. É, no entanto, capaz de atuar apenas em modo elétrico entre 55 km/h e 160 km/h.
Já que o Q5 mudou pouco em relação ao modelo anterior — com novidades apenas na dianteira —, resolvemos sair da sede da Audi, na Zona Sul da capital paulista, a bordo do novato Sportback, que foi lançado recentemente na Europa e já está em solo nacional.
Q5 vs Q5 Sportback
Nele — que difere do Q5 em pouquíssimos aspectos — o que mais chama atenção é sua estética traseira. Segue a mesma tendência do BMW X4 e do Mercedes-Benz GLC, que têm queda do teto a partir da coluna central, dando ar de cupê. Nesse sentido, o SUV mesmo com ar mais esportivo, não compromete (ou comprometendo pouco) sua capacidade. O porta-malas, por exemplo, é 10 litros menor que a versão convencional. E, apesar de 7 milímetros mais longo que o irmão, as demais medidas permanecem iguais (vide ficha técnica, abaixo).
Faróis e lanternas são iguais em ambos, mas cabe destacar a tecnologia full LED Matrix da versão topo — avaliada pelo Jornal do Carro durante o lançamento. Nele, há capacidade para distribuir automaticamente os fachos de luz, e também assistente de farol alto. Com isso, evita-se ofuscar os motoristas que vêm em sentido contrário ou que estejam logo a frente.
Tecnologia de sobra
Dito o que o modelo oferece em design e motorização, hora de explorar a (vasta) tecnologia do Q5 Sportback. É curioso lembrar que lá na década de 1980 o desenho animado “Os Jetsons” retratava o modo de vida da sociedade no futuro. Mas esse futuro já é realidade, afinal, assim como na animação, hoje em dia, robôs fazem tarefas domésticas, o café é feito por meio de máquinas e as pessoas realizam vídeo chamadas. Os carros ainda não voam, mas seus níveis de tecnologia faz com que o motorista dirija cada vez menos.
No Q5 Sportback, o controle de cruzeiro adaptativo com aviso de saída de faixa. Basicamente, alerta o motorista sobre a distância do carro à frente. Para manter a segurança, caso o veículo chegue muito perto do que vai adiante, o sistema entra em ação e diminui a velocidade do SUV, mantendo distância de segurança. O carro saiu da frente? O Audi vai atrás e, automaticamente retoma a velocidade predeterminada pelo motorista. Claro que, nas primeiras vezes, por instinto, deixamos o pé em alerta. Mas, com o tempo, essa insegurança passa.
Estabilidade é o forte do Q5 Sportback
O Q5 Sportback é equipado com a tradicional tração Quattro, que gruda o carro no chão. E se você achou pouco, cabe lembrar que o Audi Drive Select também está presente. Nele, é possível escolher desde o modo mais econômico ao mais esportivo. A mudança de comportamento do carro é geral, desde o trabalho das suspensões até as trocas de marcha.
A tela central de 10,1 polegadas reúne as mais variadas funções. Tem sistema de navegação e conectividade bluetooth para até dois smartphones. O melhor de tudo é que, finalmente, a Audi abandonou o arcaico seletor no console central para comandar as funções e, com isso, abriu espaço para a tecnologia touch screen. No mais, tem ar-condicionado de três zonas e carregador de smartphone por indução.
Ainda em comodidade, cabe falar dos bancos dianteiros com ajuste elétrico, memória, aquecimento e massagem. Já quem vai atrás, tem ar-condicionado exclusivo (essa seria a terceira zona) e duas entradas USB.
E o espaço atrás do Q5 Sportback?
Mas, certamente, você deve estar se perguntando: “Os ocupantes traseiros perdem espaço para a cabeça por causa da caída do teto?”. Na prátrica, a resposta é “não”. De acordo com a Audi, o comparativo dimensional entre Q5 e Q5 Sportback indica que o espaço entre o banco e o teto é de, respectivamente, 998 milímetros e 982 mm. Ou seja, na prática, os três passageiros de trás tem excelente espaço tanto para cabeça quanto para ombros.
Dando continuidade ao tema tecnologia embarcada, destaque para o Audi Side Assist. Por meio dele, uma luz próxima aos retrovisores externos informa se há algum veículo no ponto cego. Tem ainda o Exit Warning que, também por meio de luz, recomenda que os ocupantes não abram as portas do carro, uma vez que há perigo de colisão com algum objeto ou pessoa — por exemplo, quando um motociclista se aproxima da região das portas.
Outro recurso interessante, este para quem dirige, é o head up display. O sistema projeta as informações do painel de instrumentos no para-brisa do veículo, facilitando ao motorista enxergar as principais informações de condução sem precisar desviar os olhos da estrada. Mas, este equipamento não vem de série. Para ter acesso à essa comodidade, o interessado tem que desembolsar mais R$ 7.500.
Lista de opcionais não para por aí
Imagine que você. por exemplo, tenha 395.990 para levar a versão topo de linha do Q5 Sportback (S line Black) para a garagem de casa. Saiba que isso não é suficiente para que você tenha todos os equipamentos disponíveis no modelo. A Audi disponibiliza seis opcionais para essa versão que, juntos, (pasme!) somam R$ 52.100. Isso mesmo, só com o valor dos opcionais da versão topo de linha (que poderia ser completa) é possível comprar um carro popular. Ou seja, completaço, o SUV beira os R$ 450 mil.
O mais caro da lista, por R$ 12 mil, é o pacote exterior com partes da carroceria em carbono mais roda de 20″. Do outro lado, o preço mais amigável (R$ 2.200) é pago pela pintura da carroceria. Porém, apesar de tanta tecnologia, tem coisa de fora, sim. Um exemplo é a exclusão de manta acústica na tampa do motor. Mas, ok, mesmo com a falta desse mimo, o carro continua silencioso.