Uma década atrás, o auge da linha Mercedes-Benz em termos de uso familiar era o grandalhão ML, robusto por fora, forte e com espaço o bastante para sete pessoas por dentro. Agora, o herdeiro dessa linhagem é o GLB 200, atual modelo mais barato da marca alemã no Brasil. Mas isso não significa que o SUV seja barato. Nenhum carro 0-km é no momento.
Porém, será que o SUV de 7 lugares faz jus à tradição? Importado da unidade da Mercedes-Benz em Aguascalientes (México) desde 2020, o GLB chega com motor 1.3 turbo e duas opções de acabamento. Assim, o GLB 200 Advance custa R$ 278.900, enquanto a configuração Progressive tem preço sugerido de R$ 302.900 – segundo a mais recente atualização de valores.
Rivalidade familiar
Quem precisa ou quer um carro para 7 pessoas no Brasil, deve, então, ter bastante dinheiro no banco. Isso porque, até a faixa de R$ 200 mil, o único SUV disponível é o Caoa Chery Tiggo 8. Acima desse patamar, há opções como SUVs feitos sobre a estrutura de picapes. Por exemplo, o Chevrolet Trailblazer e o Toyota SW4.
O Mercedes GLB se encaixa, portanto, na categoria dos SUVs premium com carroceria em monobloco. É um nicho que já foi liderado pelo Land Rover Discovery Sport. Mas a sensação do momento é o Jeep Commander, que estreou no último mês. O novo SUV de 7 lugares é feito em Pernambuco e custa o mesmo que o da marca da estrela, porém nas versões diesel.
Tal como esperado, nesta faixa de valores, é comum ver ótimo padrão de acabamento interno, muitos itens de conforto e segurança, bem como funções semiautônomas de auxílio ao motorista. Ainda assim, tração integral ou motorização diesel nem sempre estão disponíveis. No caso do GLB, o SUV vem com motor 1.3 turbo a gasolina e tração dianteira.
Acesso elevado
Apesar de servir como porta de entrada para a marca no país, atualmente, o Mercedes-Benz GLB não é um modelo “pelado”. Longe disso, aliás. Em termos construtivos, o GLB é feito sobre a menor plataforma da Mercedes-Benz, sendo “primo-irmão” de Classe A, A Sedan, A Sedan L (China), Classe B, CLA, CLA Shooting Brake e GLA.
Aliás, segundo a fabricante alemã, o GLB é derivado diretamente do monovolume Classe B, mas com porte bastante ampliado. E tem quase todos os equipamentos de conforto disponíveis na prateleira da marca. São sete lugares (na composição 2-3-2) e cerca de 1.630 kg de peso a seco, distribuídos em 4,63 m de comprimento, com 2,83 m de entre-eixos.
É bastante espaço: com estes predicados, o GLB nasce 10 centímetros maior que o Classe B. Mas vamos comparar corretamente: ele também é 9 cm maior no entre-eixos que o SW4, e 4 cm mais amplo que o Commander. Com o perfil “quadradão” herdado do GL e outros SUVs da Mercedes, o GLB tem capô longo e teto e coluna traseira retos, para garantir amplitude.
Assim, a altura livre para cabeça é de até 1,03 m na primeira fileira, chegando a 96 cm na terceira e última fila (onde os bancos são montados sobre o eixo, no assoalho do porta-malas).
Com isso, cinco pessoas viajam com conforto de classe executiva e farto espaço para joelhos, ombros e cotovelos. Nos dois últimos bancos, contudo, não há muita mágica: o espaço é suficiente para pessoas de até 1,68 m, e é claustrofóbico para longas viagens.
Dessa forma, o ideal é transportar apenas crianças ali. Aliás, todos os seis assentos para passageiros podem receber cadeirinhas infantis graças à onipresença de ganchos Isofix.
Porta-malas modular
Na configuração para cinco adultos, pode-se aproveitar para ampliar o espaço no bagageiro, rebatendo totalmente cada um desses assentos. Assim, o volume do porta-malas passa de irrelevantes 130 litros para um total de, respectivamente, 500 litros (dois bancos rebatidos), 700 (dois rebatidos e fileira central ajustada mais à frente), 1.055 (duas fileiras rebatidas) ou 1.680 litros (duas fileiras, mais o banco do carona guardados).
De série, mesmo na versão inicial, o GLB entrega saídas USB para todas as fileiras, central de controle e entretenimento com MBUX (assistente de configuração com comando de voz, que atende pelo chamado “Ei, Mercedes”), duas telas de 10 polegadas (uma para o quadro de instrumentos, outra central para ajustes e multimídia), ambientes Android Auto e Apple Carplay, sete airbags, ar-condicionado de duas zonas e, por fim, carregador sem fio (por indução) para smartphones.
Há ainda luzes de LED adaptativas, assistente de frenagem e assistente de estacionamento (Parktronic). Além disso, o ambiente é elegante, com interior de couro que convive com plásticos suaves e elementos de alumínio moldados em cilindro usinado, para impressão de robustez. Na versão de topo, Progressive, troca-se as rodas de liga-leve de 18 pelas de 19 polegadas, com ganho de teto solar panorâmico e recursos semiautônomos.
Entre eles, h´á controle de cruzeiro adaptativo (Distronic), controle ativo de permanência em faixa, assistente de ponto cego, assistente de desembarque (que ilumina a porta para avisar o passageiro de que é perigoso abri-la, caso um veículo se aproxime) e porta-malas com abertura e fechamento elétricos.
Como anda o GLB
Aqui uma curiosidade: o GLB usa o motor 1.3 turbo desenvolvido pela Mercedes-Benz em conjunto com a Renault. É um motor da mesma família do que é usado na renovação do Renault Captur, só que menos potente no papel, por beber apenas gasolina. Por outro lado, tem tecnologia de desligamento de cilindros para poupar combustível.
No GLB, o motor 1.3 turbo rende 163 cavalos de potência máxima e 25,5 mkgf de torque. Lembra quando o Jornal do Carro disse que esta linha de motor sobra no Captur (que tem 7 cv a mais e 2 mkgf extras no torque)? Pois no GLB o motor fica na medida, com distribuição exata de 10 kg por cavalo. Assim, ele trabalha quase sempre na faixa dos 1.500 giros, tranquilo, garantindo boa economia de combustível.
No dia a dia, as saídas até são ligeiras, mas não é um motor feito pra pisar muito: se você demandar demais do pedal, o câmbio de dupla embreagem (7G-DCT) vai acabar jogando marchas muito pra baixo e o motor vai esgoelar. Apesar disso, a Mercedes até promete um 0-100 km/h em pouco mais de 9 segundos, ótimo tempo para o seu porte.
Mas é bom não entrar com muita força nas curvas, pois a traseira mais longa vai sambar, sobretudo por conta também da tração, que é apenas dianteira. Mas o SUV de 7 lugares da Mercedes-Benz tem controle de tração e de estabilidade, e eles atuam bastante para corrigir estes desvios.
Já a suspensão do GLB promete agradar o público brasileiro. O modelo tem vão livre do solo de 13,5 cm e suspensão independente bem acertada ao piso ruim das ruas daqui. É suficiente para passar por valetas e pisos irregulares com facilidade. Mas nada propenso a qualquer passeio off-road mais pesado. O GLB é um SUV para trilhas leves e asfalto.