A receita para diversão parece perfeita: que tal pegar um roadster curto, do tamanho de um carro médio, retirar alguns itens de conforto para melhorar a relação entre peso e potência e, por fim, ampliar a aerodinâmica? Falamos aqui do Porsche Cayman 718 GT4.
O Cayman (irmão com teto rígido do Boxster) foi rebatizado em 2019, e passou a se chamar 718 Cayman nesta quarta geração. Como ele tem mais alma esportiva, com pé nas pistas, a ideia foi homenagear justamente o modelo de competição dos anos 1960 nesse rebatismo.
Na prática, o 718 é um Porsche pequeno, de 2 lugares, com 4,45 metros e 2,48 metros de entre-eixos – quase um Volkswagen Golf nessas medidas. Porém, é mais leve, com pouco mais de 1.500 kg, bem como mais rústico e um pouco mais acessível que o 911, carro-chefe da Porsche.
Receita de Stuttgart
A configuração GT4 bebe um pouco mais na tradição das pistas, tendo a aerodinâmica toda melhorada, com 40% mais de downforce do que o modelo anterior: tomadas de ar Naca e side-blades à frente dos paralamas traseiros trazem o nome do carro gravado, e ampliam a refrigeração do motor, difusor traseiro enorme separa a dupla de saídas de escape, finalizando com enorme asa fixa com suporte de alumínio, que é ajustável.
A suspensão tem acerto esportivo e é 30 mm mais baixa que no modelo convencional: câmber, cáster e barras metálicas podem receber ajustes. Por fim, o diferencial traseiro tem bloqueio mecânico. Além disso, temos chassis de aço-carbono, bancos Sport Plus com ajuste manual e puxadores de porta de tecido para aliviar peso.
Notou que diversas dessas mudanças vêm do 911 GT3? Então, o pedigree está garantido. Mais competitivo que isso, só o Cayman GT4 RS, que traz também o motor de 500 cv do 911 GT3, ou o GT4 RS Clubsport, com carroceria de competição – ambos apresentados globalmente na semana em que o Jornal do Carro experimentava o 718 GT4, tanto que ainda devem levar um tempo até chegar a nosso mercado.
A mecânica
O motor boxer de 6-cilindros e 4 litros tem preparação para despejar 420 cv nas rodas de 18 polegadas, junto com o câmbio automatizado PDK de dupla embreagem e 7 marchas. Assim, o Cayman 718 GT4 faz o 0-100 km/h em menos de 4 segundos, com 0-200 em 13,5 s.
Como parar é tão importante quanto acelerar, os freios têm 380 mm e usam pinças de alumínio para dar conta do recado. Só que nada com um Porsche é simples, por isso, no Cayman 718 GT4, o limite se define pela conta bancária do seu feliz proprietário.
Então, é hora de pegar a calculadora!
O que vem de fábrica
De série, por R$ 705 mil, o 718 GT4 traz os bancos Sport plus com ajustes manuais, ar-condicionado de duas zonas, faixas de couro Alcantara nos bancos e painéis, volante aquecível, 6 airbags e sistema de som com tela de 7 polegadas e integração com Apple Carplay.
De resto, tudo é customizável. Uma das três cores especiais, fora as sólidas e metálicas, é o verde Pitão da unidade testada, custando sozinha R$ 21.890. Ah, a chave pode ser pintada para combinar com a carroceria, custando outros R$ 2.456. Já os faróis são de LED dinâmico e valem R$ 7.731, o dobro das rodas com acabamento acetinado, que custam R$ 3.646.
No carro que dirigimos não tinha, mas é possível pintar os bicos de limpeza dos faróis por R$ 1.348, as maçanetas em preto brilhante a R$ 748, colocar logos e adesivos na carroceria por R$ 2.500, e usar tampa de combustível de alumínio por R$ 871. Retrovisores elétricos e rebatíveis passam dos R$ 1.900 e sensor e câmera de ré saem por R$ 4.360. Esse é o preço de ter um pouco de conforto na hora de manobrar o GT4.
Cabine personalizável
Por dentro, as coisas também podem ser do jeito que seu bolso permitir. Soleira de carbono iluminada custa R$ 6.339, mas pode passar dos R$ 7 mil, se colocar algum emblema personalizado. Os apliques de carbono no interior custam outros R$ 4.439.
Os bancos esportivos podem ser elétricos (Sport Plus) por R$ 16 mil a R$ 18 mil, a depender de quantos ajustes automatizar. Esse tipo de banco ainda comporta o “luxo” de levar um gancho Isofix para instalar assento infantil no lugar do carona, com R$ 2 mil extras.
O carro testado, porém, foi além e trouxe o tipo concha, que abraça bem demais, tem moldura de fibra de carbono e, mesmo assim, contam com ajuste longitudinal elétrico: R$ 35.600. Ainda posso gastar até R$ 4.700 em tapetes que combinem. Ou colocar couro em tudo, da coluna do volante ao porta-documentos e tampas das caixas de fusível, por até R$ 32 mil.
Mas, quem quiser trocar tudo pela combinação de couro e tecido Racetex, mais adequado às pistas, aí o jeito é depositar mais R$ 35 mil. A parte da frente do comando de ar-condicionado também pode ser coberta com couro ou pintada na cor que o piloto desejar, por até R$ 3.500. E os pedais de alumínio saem por R$ 2.933.
Ah, não podemos esquecer do som, que pode ter o sistema Bose Surround, que compensa ruídos externo e do motor, traz 10 falantes e até 505 W de potência. Assim, o valor até parece pechincha: R$ 7.845.
Seguro para as pistas
O 718 Cayman tem esse “quê” das pistas de competição e, assim, a receita pode pender ainda mais para este lado. O principal item, nesse caso, é o pacote Clubsport, que adiciona uma espécie de gaiola, cinto de seis pontos e extintor leve a R$ 26.153. Para ter o cinto de seis pontos para passageiro, é preciso desembolsar outros R$ 2.575.
Se os cintos forem coloridos, o valor sobe mais R$ 1.822. E, para ter o volante com marcação superior no aro, mais R$ 1.585. A unidade testada tem ainda o pacote Sport Chrono com contador de voltas, de R$ 3.170. Mas, se o fundo do mostrador fosse vermelho ou branco, custaria R$ 2.298. E para fazer os instrumentos combinarem, outros R$ 3.249.
Além disso, na pista, é necessário parar mais rápido. Aí, só com freios de composto de cerâmica: os discos crescem para 410 mm na frente, com 390 mm atrás. As pinças, neste caso, são amarelas. Tudo por R$ 52.700. Contudo, se quiser pinças mais discretas, basta pagar mais R$ 5.468 pela cobertura em preto brilhante.
Com isso, o 718 Cayman completaço pode alcançar R$ 963.957, mais ou menos. Vale lembrar que o tanque do esportivo tem 64 litros e o motor boxer só aceita gasolina de 98 octanas, tá bom? Então, para andar os cerca de 300 km de autonomia que ele permite, de forma tranquila em rodovias, prepare R$ 550 para encher o tanque em São Paulo.