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Ford despenca e fica fora do ‘top 10’ um ano após fechar fábricas no Brasil
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Ford despenca e fica fora do ‘top 10’ um ano após fechar fábricas no Brasil

Com 38 mil emplacamentos e sem carros acessíveis, como a linha Ka e o SUV Ecosport, Ford vira marca pequena e espera pela picape Maverick

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

11 de jan, 2022 · 9 minutos de leitura.

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Ford
Picape Maverick promete surpreender o consumidor brasileiro, garante Ford
Crédito:Ford/Divulgação

O balanço das vendas de carros em 2021, divulgado há poucos dias pela Fenabrave, a federação das concessionárias, revelou os modelos mais emplacados do ano passado, bem como o ranking das marcas. E a Ford, que até poucos anos formava o grupo das “quatro grandes”, ao lado de General Motors, Fiat e Volkswagen, foi apenas a 11ª colocada.

A marca do oval azul somou cerca de 38 mil modelos emplacados nos últimos 12 meses. Ou seja, volume equivalente a quatro meses de vendas da picape Fiat Strada, atual líder do mercado brasileiro. Para comparação, a Ford entregou 139.255 veículos no País em 2020, volume que, na época, deixou a montadora na 5ª colocação entre as fabricantes.

Ford Ranger Black
Ford/Divulgação

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Com o fechamento das fábricas brasileiras há exatamente um ano, localizadas em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), no caso da Troller, a Ford abriu mão de seus modelos de maior sucesso e volume no mercado nacional: a linha Ka e o SUV Ecosport.

Sem seus medalhões, a marca do oval azul passou a ter a Ranger, importada da Argentina, como seu principal produto de vendas. No total, a picape média emplacou 20.499 unidades entre janeiro e dezembro de 2021. Dessa forma, teve participação de 9,3% do segmento.


Maverick a caminho

Os bons números da Ranger jogam para cima as expectativas em relação ao sucesso da Maverick. A nova picape intermediária desembarca em breve do México para desafiar a Fiat Toro no Brasil. A picape já roda em testes por aqui, entretanto, o preço ainda segue em definição – via importação independente, sai a quase R$ 400 mil.

Sobre a possibilidade de a marca trazer outros modelos mais acessíveis, não há previsão. É por esse motivo que a Ford também precisou reduzir a sua rede de concessionários. A marca, que chegou a ter por volta de 400 representantes nos tempos áureos, diminuiu a rede para 110 revendas. E trabalha, portanto, para reestruturar o modelo de negócio.

A conta é simples: há um ano, vendia-se o EcoSport a partir de R$ 80 mil. A linha Ka começava em R$ 50 mil nas versões hatch e sedã. Agora, a Ranger é o modelo mais acessível, na faixa de R$ 200 mil. E o esportivo Mustang Mach 1 (veja o vídeo) não sai por menos de R$ 545 mil. Ou seja, a Ford trabalha nos bastidores para essa readequação da marca.


Ford Maverick Lariat
Ford/Divulgação

Números caíram desde o primeiro trimestre

Quando encerrou as operações industriais no Brasil, a estimativa de gastos da Ford era de US$ 4,1 bilhões (mais de R$ 23 bilhões, na conversão direta) com custas trabalhistas e outras demandas. Assim, os primeiros efeitos vieram logo após o primeiro trimestre de 2021, quando a marca vendeu só 18 mil veículos na América do Sul – queda de 70% em relação a 2020.

Ford Mustang Mach 1
Ford/Divulgação

Mesmo com menos da metade dos concessionárias no País – caiu de 280 para 110 revendas em um ano, a estimativa da Ford é de recuperação. “Em 2021, lançamos uma série de produtos importantes, como a Ranger Black, o Bronco Sport e o Mustang Mach 1 (vendeu todo o 1º lote em 24 horas). Estes produtos estão tendo uma receptividade muito positiva e, para 2022, já iniciamos o lançamento da Maverick, uma picape inovadora que vai surpreender os consumidores”, disse a fabricante, em nota.

SUVs não emplacaram

Em maio do ano passado, chegou ao Brasil o Ford Bronco Sport (leia a avaliação). O SUV veio do México sem pagar imposto de importação, com foco no 4×4 e planos de concorrer com modelos de luxo, como Audi Q3, BMW X1 e Land Rover Discovery Sport. Por isso, veio só na versão topo de linha Wildtrak, repleta de tecnologias e com o motor 2.0 turbo Ecoboost a gasolina capaz de desenvolver 240 cv e um torque de 38 mkgf.

Ford Bronco
Ford/Divulgação

O Bronco Sport, então, revelou-se um SUV interessante. Mas o modelo até hoje não decolou nas vendas. Ao contrário do Jeep Renegade, que foi cotado como seu principal concorrente, o SUV da Ford está longe de estar entre os mais vendidos. Na verdade, o modelo emplacou 1.050 unidades, segundo a marca, e sequer aparece na lista da Fenabrave.

Também muito distante das quase 71 mil vendas do Compass ao longo de 2021 está o SUV Territory. O modelo importado da China somou 2.231 unidades no ano passado, e, então, foi apenas o 34º SUV.

Territory
Ford/Divulgação

Nova Ranger a caminho

No fim de 2021, a Ford mostrou a cara da nova Ranger. O modelo 2023 da picape foi apresentado e, nesse sentido, seguirá o DNA das irmãs Maverick e F-150, que não é comercializada ao Brasil.

Ford
Ford/Divulgação

Com produção marcada para meados do ano na Tailândia e na África do Sul, a nova Ranger chegará aqui só em 2023, importada da Argentina. Além da estética, o interior passou por modernização e agora tem painel de instrumentos digital e central multimídia de 12″ disposta na vertical. Isso nas versões mais caras, que também trazem a nova geração do FordPass, o App que permite dar comandos remotos pelo smartphone.


Com a mesma plataforma atual, mas com melhorias, a Ranger 2023 terá chassi atualizado e os mesmos motores 2.0 diesel (turbo e biturbo) e 2.3 Ecoboost (a gasolina). A novidade será o motor 3.0 V6 turbodiesel, já presente na F-150. O câmbio automático será de 6 ou 10 marchas, e o sistema de tração eletrônico trabalha sob demanda. Se vai incomodar Toyota Hilux e Chevrolet S10, só o tempo dirá.

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”