A Nissan confirmou nesta semana, durante a Innovation Week, que vai lançar o sistema e-Power na América do Sul em 2023. Ele acaba de chegar ao México e promete revolucionar o mercado de veículos eletrificados. Como maior mercado da região, o Brasil evidentemente terá a tecnologia em breve. Embora os executivos da marca japonesa não comentem a respeito, o primeiro modelo a ganhar o sistema híbrido será o SUV compacto Kicks.
Já à venda no México, o Kicks e-Power deve desembarcar aqui no ano que vem com o conjunto híbrido já convertido a flex, para beber etanol. Nada mais natural que o modelo seja nacionalizado, afinal, o SUV é atualmente o único carro em produção na fábrica da Nissan em Resende (RJ).
Híbrido com motor de tração elétrico
A Nissan vê um longo caminho até o fim da produção de veículos com motores a combustão no mundo. Por isso, da mesma forma que a conterrânea Toyota, a marca japonesa aposta que a eletrificação terá início pelos carros híbridos, principalmente em países menos desenvolvidos, como o Brasil. Além de falta de infraestrutura para os carros elétricos a baterias, requer mudanças de hábitos e, principalmente, de uma redução de custos dos produtos.
É tanto que o hatch elétrico Nissan Leaf, que está de volta ao País, custa quase R$ 300.000. Algo fora de cogitação para boa parte da população local. Ainda nessa vertente, a Nissan nem cogita, por ora, a importação do SUV elétrico Ariya, já à venda no exterior.
Com base nisso, a marca vai atuar no Brasil “impulsionando o caminho para a eletrificação”, diz Ricardo Flammini, vice-presidente de marketing, vendas e pós-venda para a Nissan América do Sul. O executivo fez um discurso no evento Innovation Week. Para a marca, a chegada do e-Power e a disponibilidade de elétricos puros na gama, caso do Leaf, caminham lado a lado na estratégia de eletrificação, mas buscam públicos bem diferentes.
Como funciona o e-Power?
Assim como outras fabricantes de veículos, a Nissan vai iniciar a transição de matriz energética no Brasil pela “hibridização”. Por isso, a japonesa anuncia a tecnologia e-Power. Nela, basicamente, o veículo é impulsionado por um motor 100% elétrico alimentado por uma pequena bateria. Essa, por sua vez, tem como fonte de energia um motor a combustão interna – que não traciona o carro. Para garantir menos emissões, poderá abastecer com etanol.
Dessa forma, será um híbrido flex de “zero emissão”. “O gás carbônico que sai pelo escapamento (após o sistema retirar o hidrogênio do etanol e, com ele, gerar eletricidade) é compensado pela cana-de-açúcar”, explica Ricardo Abe, gerente sênior de engenharia de desenvolvimento de produto da Nissan do Brasil e de mercado da Nissan América do Sul. De acordo com testes da montadora, a autonomia com 30 litros de etanol passa dos 600 km (média de 20 km/l).
Mais detalhes
O sistema e-Power é composto por um motor tricilíndrico de 1,2 litro a gasolina de 79 cv, que aqui será flex e poderá ficar mais potente com o uso do etanol. Mas esse combustível serve apenas para gerar energia e alimentar a bateria de 2,06 kWh. É ela que alimenta o motor elétrico instalado no eixo dianteiro e responsável por mover o carro. Ou seja, é um elétrico sem recarga externa, que dispensa o carregamento em tomadas e eletropostos.
Com a recente atualização, o conjunto híbrido da Nissan passou a gerar 134 cv de potência. Assim, promete melhorar o desempenho do Kicks 1.6 flex aspirado de 114 cv à venda no Brasil. Já em relação ao torque, surpresa positiva. São 28,5 mkgf contra 15,5 mkgf. Ou seja, o Kicks e-Power terá o desempenho que o motor a combustão nunca entregou.
Por fim, tal como no Leaf, o Kicks e-Power terá a tecnologia e-Pedal, que permite dirigir apenas com o pedal do acelerador. Neste caso, ele atua como acelerador e freio, e inicia a desaceleração conforme o motorista libera o pedal. Além de simplificar a condução, o sistema ajuda a recuperar energia e, consequentemente, reduz o consumo de etanol. Fica a expectativa quanto ao preço do SUV, que pode ter preço de Toyota Corolla Cross híbrido.