No início dos anos 1990, às vésperas da reabertura dos portos aos carros importados, um modelo de alto luxo nacional ainda era objeto de desejo dos mais abastados. As cerca de 200 unidades do Landau produzidas em 1983 eram disputadas por executivos, que não admitiam comparações com o VW Santana e os Chevrolet Monza Classic e Opala Diplomata. As opções de topo de suas linhas eram, então, rivais do carro da Ford.
Entre os destaques, o Landau tinha motor 302 4.9 V8, a gasolina e a álcool, com cerca de 150 cv de potência e 52 mkgf de torque. O câmbio automático de três marchas trazia alavanca na coluna de direção. Isso liberava espaço na dianteira, onde havia apenas um grande banco inteiriço.
Seja como for, espaço não era problema. O Ford tinha 5,41 metros de comprimento e mais de 3 m de distância entre os eixos. A supremacia do Landau só seria superada quando automóveis fabricados na Alemanha, como os BMW e os Mercedes-Benz, começaram a chegar ao mercado brasileiro.
Plano Collor travou o mercado de carros
O Plano Collor, decretado pelo presidente Fernando Collor de Mello em março de 1990, buscava erradicar a inflação retirando dinheiro de circulação. Com isso, pessoas e empresas podiam sacar, no máximo, Cr$ 50 mil da conta, o que paralisou a economia.
Os poucos negócios de compra e venda de automóveis envolviam trocas, já que o dinheiro ficara retido pelo governo. Na época não existia internet, assim como o termo “fake news” não havia sido cunhado. Mesmo assim, surgiram boatos de pessoas que estavam vendendo carros seminovos bem abaixo da tabela. E que aceitavam Cr$ 50 mil como pagamento, uma vez, que, teoricamente ninguém tinha mais do que essa quantia disponível para gastar.
A reportagem constatou se tratar de lenda urbana. Tudo o que encontrou por uma quantia próxima disso foi um Fiat 147 com 13 anos de uso, estofamento e lataria maltratados, por Cr$ 56 mil.