Após meses de negociações, o Grupo Renault anunciou um acordo com a Nissan para renovar a Aliança Renault-Nissan, parceria que teve início em 1999. Conforme o comunicado, a francesa concordou em igualar sua participação nos papéis da japonesa. Para isso, vai reduzir de 43% para 15% a quantidade de ações e aplicar os 28,4% restantes em um fundo francês. Já a marca asiática, por sua vez, terá os mesmos 15% de participação acionária na Renault.
O acordo, que precisa de aprovação do conselho das empresas, também prevê a compra pela Nissan de participação na Ampère, a divisão de veículos elétricos e softwares da Renault. Dessa forma, a Aliança Renault-Nissan terá maior equilíbrio (uma antiga reclamação dos japoneses, principalmente depois do escândalo de corrupção envolvendo o antigo CEO do grupo, Carlos Ghosn). Em “pé de igualdade”, Nissan e Renault vão, portanto, ampliar a sinergia.
Brasil em foco
O comunicado aponta três pilares para esta nova fase da Aliança Renault-Nissan e coloca a América do Sul como foco para as empresas. Assim, o Brasil, que tem fábricas das duas montadoras, continuará a ser o principal polo de produção local. Um dos modelos que é “projeto-chave” para a Renault é o inédito SUV compacto (foto) que terá produção em São José dos Pinhais, no Paraná. Conforme contamos no Jornal do Carro, será o substituto do Stepway.
Fim do impasse
Conforme contamos aqui no JC no fim de dezembro, a Aliança Renault-Nissan estava turbulenta. As conversas sobre a reestruturação começaram logo no início de 2022. As montadoras são parceiras há mais de 20 anos e, desde 2016, a Nissan passou a controlar a Mitsubishi, que virou parte do grupo. Mas o acordo estava “desigual” aos olhos dos japoneses, embora a Renault tenha salvado a Nissan da falência no fim dos anos 1990.
Com as novas diretrizes, os membros da Aliança Renault-Nissan preveem fazer um anúncio imediatamente após a aprovação pelos conselhos de administração. O que deve acontecer nas próximas semanas. Depois disso, as montadoras enfim devem unir forças nos projetos globais e regionais. Isso significa compartilhar plataformas, motores e até fábricas entre as marcas, tal como já ocorre com Citroën, Fiat, Jeep e Peugeot na Stellantis.
Aliança também incluí a Mitsubishi
A Aliança Renault-Nissan ganhou a participação da Mitsubishi Motors em 2016, quando a Nissan comprou 34% das ações da conterrânea, que passava por apuros. Assim, fez como a Renault, que salvou a Nissan da falência, em 1999. Entretanto, desde o fim de 2018, a Aliança está sob risco. Naquele ano, o então CEO do grupo, Carlos Ghosn, foi preso no Japão. Os japoneses estão insatisfeitos sobretudo com o fato de a Renault ter o maior poder.
A Renault tem atualmente 43% das ações da Nissan. Ou seja, na prática, a Mitsubishi apenas “assiste” enquanto as duas grandes disputam o controle da Aliança. Paralelamente, a Renault planeja ampliar seu acordo com a Geely, que é dona da Volvo. Mas a Nissan não quer compartilhar tecnologias e patentes com a montadora chinesa.
Há exatamente um ano, a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi anunciou um plano estratégico para aproximar as três marcas. Após longo período com projetos separados, as fabricantes vão acelerar o desenvolvimento conjunto de plataformas, sobretudo de veículos elétricos. Como resultado, a meta é lançar 35 novos modelos eletrificados até 2030, bem como cinco plataformas até 2027. Para isso, será feito um investimento de US$ 23 bilhões.