Há 30 anos a realidade era completamente diferente. A moeda do Brasil era outra, o País – comandado pelo então presidente Itamar Franco – vivia o período da hiperinflação. À época, redes sociais era um tema desconhecido e até o gosto por carros era diferente. Quem imaginaria, atualmente, colocar um sedã de duas portas na garagem de casa? Pois essa foi a cartada da Volkswagen para o mercado brasileiro no início de 1993 quando lançou o Logus.
Antes de falar do carro em si, é necessário contextualizar a história. Quase cinco anos antes do lançamento do Logus, mais precisamente em 1º de julho de 1987, foi criada a Autolatina. Tratava-se de uma união administrativa e fabril entre Volkswagen (51%) e Ford (49%) a fim de compartilhar tecnologias e, assim, reduzir custos. Afinal, o mercado sul-americano atravessava grave crise, e as montadoras precisavam se manter de pé.
Os primeiros frutos da joint venture surgiram ao longo da década de 1990. Quem aí não se lembra dos quase gêmeos Ford Verona (foto acima) e Volkswagen Apollo? E, assim, por meio desta parceria, nasceu o Logus, que tinha base na plataforma da quarta geração do Ford Escort.
Linhas disruptivas
O sedã produzido na fábrica da marca em São Bernardo do Campo (SP) foi, portanto, um dos primeiros Volkswagen a adotar linhas arredondadas. Afinal, essa era a tendência de design da época. As formas aerodinâmicas e traseira espichada do Logus, como tudo o que é novidade, dividiu opiniões.
Em medidas, o Logus tinha 4,28 metros de comprimento e espaço entre-eixos de 2,52 m. O porta-malas era um dos principais predicados, pois acomodava 416 litros – ou 688 l com os encostos traseiros rebatidos.
A princípio, o Logus chegou bem recheado. No modelo topo de linha, por exemplo, vinha com itens como alarme acionado na fechadura, vidros elétricos one touch com antiesmagamento, toca-fitas digital com equalizador e ar-condicionado digital. No total, oferecia quatro versões de acabamento. São elas: CL 1.6, CL 1.8, GL 1.8 e GLS 1.8.
Mecânica
Conforme deu para notar pelas nomenclaturas das configurações de acabamento, o Logus tinha – sempre acompanhado de câmbio manual de 5 marchas – as opções de motores 1.6, de origem Ford, e 1.8 AP. Este último desenvolvia 86 cv e 14,5 mkgf de torque. Seu carburador eletrônico dispensava afogador para manter a marcha lenta sempre estável.
Como linha 1994, chegou a versão GLS 2.0, de até 113 cv. A lista de equipamentos ganhava CD Player como opcional. No mesmo ano estreava ainda a série especial Wolfsburg Edition (homenagem à sede da Volkswagen, na Alemanha), diferenciada pelo apelo mais esportivo e cores exclusivas.
Com mais de 125 mil unidades fabricadas, o sedã (que deu origem ao hatch de quatro portas, Pointer) teve a produção encerrara em dezembro de 1996. Ou seja, ainda durou quase um ano após o fim da Autolatina, em janeiro do mesmo ano.