O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) finalmente anunciou os detalhes do pacote do carro popular. De início, falou-se em descontos em tributos, com redução de 1,5% até 10,96% no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e no PIS/Cofins. Mas, após negociação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o decreto foi alterado. Assim, o governo concederá um desconto em nota fiscal que irá de R$ 2.000 até o valor de R$ 8.000.
Nessa matemática, o desconto máximo nos carros 0-km ficará próximo dos 11% anunciados no fim de maio pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Além disso, em alguns casos, pode ser até mais generoso. É o caso, por exemplo, de Fiat Mobi e Renault Kwid, modelos mais baratos do Brasil no momento. Com os R$ 8.000 de redução, ambos devem baixar a tabela atual de R$ 68.990 para R$ 60.990.
Entretanto, nos cálculos iniciais projetados pelo Jornal do Carro, os dois hatches baixariam o preço para cerca de R$ 61.546. Seja como for, os modelos devem chegar aos R$ 60 mil anunciados pelo governo. A redução será maior nos hatches de entrada, que concentram parte dos veículos mais vendidos. Assim, modelos como Chevrolet Onix, Citroën C3, Fiat Argo, Hyundai HB20, Peugeot 208 e Volkswagen Polo Track serão os mais beneficiados.
Preços com redução máxima de R$ 8 mil
- Renault Kwid Zen – de R$ 68.990 para R$ 60.990
- Fiat Mobi Like – de R$ 68.990 para R$ 60.990
- Citroën C3 Live 1.0 – de R$ 72.990 para R$ 64.990
- Fiat Argo Drive 1.0 – de R$ 79.790 para R$ 71.790
- Renault Stepway Zen 1.0 – de R$ 79.990 para R$ 71.990
- Volkswagen Polo Track – de R$ 81.370 para R$ 73.370
- Hyundai HB20 Sense – de R$ 82.290 para R$ 74.290
- Volkswagen Polo MPI – de R$ 83.390 para R$ 75.390
- Fiat Cronos 1.0 – de R$ 84.239 para R$ 76.239
- Chevrolet Onix 1.0 – de R$ 84.390 para R$ 76.390
Carro popular dará desconto na nota fiscal
Com a mudança proposta por Fernando Haddad, o valor do bônus do carro popular será aplicado na Nota Fiscal ao consumidor e posteriormente compensado pelas montadoras no recolhimento de tributos. O modelo não mexe, portanto, na tributação, conforme antecipou o Estadão na reportagem da jornalista Cleide Silva. Com isso, o desconto não será sobre o imposto, mas sobre o valor do automóvel no recibo.
Entretanto, o abatimento ainda precisará de compensação, cuja forma ainda continua indefinida pelo governo – fala-se em usar parte da arrecadação com a lei das apostas esportivas.
Da mesma forma, falta o governo Lula detalhar como serão calculadas as reduções de preço. Por exemplo, o sedã mais barato do Brasil é o Fiat Cronos, mas o modelo é feito na Argentina. Ou seja, se o governo exigir maior conteúdo de peças nacionais, isso pode atrapalhar veículos importados do Mercosul e do México, países com os quais o Brasil tem acordo de livre comércio. Outro ponto é a eficiência energética, se e como impactará.